Quarta-feira, 13 de janeiro de 2010 - 10h32
O piloto Julio Bonache e o navegador Lourival Roldan chegaram esta semana ao País. Bastante abalados, contaram como foi o dia fatídico e comentaram a desclassificação
13 de janeiro de 2010 - Faltam apenas três dias para o fim do 32º Rally Dakar Argentina Chile. A competição começou no dia 1 de janeiro, em Buenos Aires, Argentina; local para onde retorna neste próximo sábado, após finalizar os 9.030 quilômetros que percorreu territórios argentinos e chilenos.
E como sempre, o Dakar não dá tréguas! Realizado pela segunda vez consecutiva na América do Sul, a prova se fez ainda mais difícil do que na Europa e África. Para se ter uma ideia, dos 151 motos, 25 quadriciclos, 134 carros e 52 caminhões que largaram em Buenos Aires, continuam 93 motos, 14 quadriciclos, 60 carros e 31 caminhões, registrando uma redução de aproximadamente 50%.
Só na 3ª etapa, entre as cidades de La Rioja e Fiambala, AR, 35 competidores deram adeus ao rali; e nesta estatística, cinco duplas eram brasileiras. O piloto Julio Bonache e o navegador Lourival Roldan, da Rondônia Racing, estavam neste grupo.
O regulamento da competição prevê passagem obrigatória por três pontos do percurso, e o não cumprimento, implica na desclassificação. Porém, a tração dianteira da Mitsubishi L200 EvoProm quebrou no trecho de dunas altas e areia bastante fofa, impedindo a dupla de seguir a diante. "Logo no primeiro trecho, passamos por uma região que lembrava filmes espaciais, com crateras, pedras, canyon entre pedras, e muita, mas muita areia do tipo fesh fesh. Na primeira vez que atolamos, quando descemos do carro, ficamos enterrados na areia até o joelho", descreveu Bonache. "Foi algo totalmente diferente de tudo o que vivi nos três anos de experiência que tenho em ralis. Neste dia, entendi o que era o Rally Dakar e a razão dele ser o mais difícil do mundo. A especial tinha 182 quilômetros e conseguimos fazer 70 quilômetros. Foram 11 horas para chegar ao parque de apoio", salientou.
O piloto conta que o roteiro entrou em um canal de rio seco, com diversas subidas e descidas e areia interminável. O local era estreito e sem espaço para embalar o veículo nas subidas e curvas de solo arenoso. "Para resumir, 60 carros não chegaram no tempo máximo, e 35 foram desclassificados por não passarem pelo posto de controle. Inclusive nós, que sem tração dianteira foi impossível continuar pelo trajeto da especial", resumiu Bonache.
Já Roldan falou que o regulamento do Dakar é aberto e a decisão fica por conta dos comissários, conforme a especial. Não está explicitamente dito que é proibido cortar o caminho nestes casos e quanto pode-se cortar. "O regulamento do Dakar especifica que cada way point perdido tem a penalização de 1 hora e, em caso do itinerário oficial não ser respeitado, a penalidade pode ir até a exclusão. No ano passado, casos como esse ocorreram, entretanto, a organização não eliminou diversos competidores. No dia de descanso várias equipes retornarem à corrida. Neste ano, os comissários foram categóricos que não abririam exceções e não aceitariam o retorno de ninguém nos dias seguintes. Aleguei que a determinação era extremamente severa e que prejudicava principalmente as pequenas equipes e amadores, transformando o Dakar em uma prova exclusiva de grandes equipes e times de fábrica. Vários off roaders que estavam sendo impedidos de continuar, dependiam disto para conseguirem patrocínio e poderem retornar aos próximos Dakar", detalhou o navegador. "Acredito que esta edição terá a menor quantidade de competidores à chegada dos últimos anos. Os terrenos na região são bem mais difíceis que na África. De todos os Dakar que participei, não me lembro de ter saído tantos componentes em uma única etapa", completou Roldan, que correu no evento pela sétima vez.
Na opinião da dupla, os integrantes da Rondônia Racing estavam bem preparados. Houve poucas falhas, mas ainda sim, Roldan julga que o Dakar é uma guerra e para um combate deve-se ir com todas as armas carregadas.
Outra particularidade que chamou atenção de Roldan foi a falta de união entre os participantes brasileiros. "Poderíamos ter feito um único time para chegarmos juntos. Os brasileiros viraram concorrentes entre si e não companheiros da mesma aventura. Era cada um por si. Dentro da nossa equipe, o clima estava muito bom, e essa saída foi um tremendo balde de água fria", analisou.
Neste mesmo dia, despediram-se do Rally Dakar Argentina Chile: Klever Kolberg / Giovani Godoy, Reinaldo Varela /Erlei Ayala, Swen Fischer / João Stal, e Sergio Williams / Rodrigo Köning.
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