Não foi a primeira vez que o Recife recebeu jogos de uma Copa do Mundo. Quando o Mundial foi realizado no Brasil pela última vez, em 1950, Estados Unidos e Chile se encontraram na Ilha do Retiro, estádio que foi reformado na época. Sessenta e quatro anos depois, entretanto, os efeitos de uma segunda experiência como cidade-sede que recebeu cinco partidas do torneio são bem mais representativos. Passados os desafios, os pernambucanos são só sorrisos por terem conseguido fazer uma festa digna de elogios internacionais.
“O projeto andou bem, o resultado foi positivo. Aprendemos com os erros e acertos da Copa das Confederações e certamente fizemos uma Copa do Mundo dentro das expectativas dos locais e dos estrangeiros”, avaliou o secretário extraordinário da Copa do Mundo em Pernambuco, Ricardo Leitão, feliz com a visibilidade internacional da cidade.
E se muita gente não conhecia a capital pernambucana, com o Mundial ela se tornou até “amuleto” para alguns. “O Recife nos deu sorte. Nos sentimos em casa, como se estivéssemos em nosso país. Gostamos do estádio, da cidade, da gente”, afirmou Jorge Luis Pinto, técnico da Costa Rica, seleção que teve a felicidade de vencer a Itália e a Grécia no gramado da Arena Pernambuco, garantindo a histórica classificação para as quartas de final.
Na capital pernambucana, todas as obras da Matriz de Responsabilidade do governo federal para o Mundial foram concluídas ou ficaram operacionais para a época do torneio: a Arena Pernambuco, o viaduto da BR-408, o Ramal da Copa, a Estação Cosme e Damião, o Terminal Marítimo de Passageiros do Porto do Recife, o Terminal Integrado Cosme e Damião, o Corredor Leste-Oeste, o Corredor Norte-Sul, o Ramal da Cidade da Copa e a Via Mangue. “Ainda foram executadas obras que não faziam parte dessa matriz, mas que de alguma forma contribuíram para a circulação de turistas na cidade, como a aquisição de 16 novos trens para o metro e a construção da passarela do aeroporto”, explicou Leitão.
Mobilidade
Com registro de aumento progressivo do uso do transporte público, a operação foi bem avaliada por usuários e pelo governo estadual, que destacou a eficiência do recém-lançado sistema de Bus Rapid Transit (BRT). “Esse plano foi testado em situações diversas jogo a jogo: à noite, jogo em feriado, jogo em temporal”, lembrou o secretário Ricardo Leitão.
“O BRT foi acima do que tínhamos como expectativa. O metrô também merece elogios. O público que vai ao estádio aqui no Recife normalmente não usa o transporte público, mas durante a Copa a população aderiu ao nosso planejamento”, avaliou a secretária executiva das Cidades, Ana Suassuna. Ela explica ainda que ainda durante o torneio, o Governo vem ampliando o alcance do sistema, que opera no Corredor Leste-Oeste e no Corredor Norte-Sul, obras da matriz de responsabilidade da Copa.
Segundo a secretária, alguns pontos contribuíram para o sucesso do plano de mobilidade. Um deles foi o fato de a FIFA ter ampliado o número de veículos credenciados, diminuindo a pressão sobre o transporte público. Outra iniciativa importante foi o aumento nos pontos de embarque e desembarque de dois na Copa das Confederações para cinco na Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. Por fim, a redistribuição do público em três diferentes modais – BRT, metrô e estacionamentos periféricos – facilitou um embarque e desembarque mais tranquilo. O sucesso foi tanto que na última partida 19% dos torcedores optaram por BRT, causando filas que foram resolvidas com aumento no número utilizados na operação.
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Hospedagem
Segundo dados do Ministério do Turismo, Pernambuco está entre os estados com maior taxa de ocupação na rede hoteleira no mês da Copa do Mundo, com mais de 85% dos leitos ocupados. Foram registrados 400 mil visitantes no estado no mês de junho de jogos, sendo 39% desse número composto por estrangeiros, sobretudo dos Estados Unidos, do México e do Japão.
O número de leitos na capital pernambucana aumentou em 1,5 mil de 2013 para este ano. Além disso, 4,5 mil torcedores mexicanos ficaram hospedados em navio atracado no Porto do Recife, com o suporte do Terminal Marítimo de Passageiros, obra da matriz de responsabilidade do Governo Federal para o Mundial.
Apesar de ter recebido dez seleções, a Região Metropolitana do Recife recebeu pessoas de todo o mundo. “O Centro de Atendimento ao Turista de Olinda registrou mais de 40 nacionalidades”, pontuou o presidente da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), André Correia. Com uma permanência média de quatro dias no Recife, os turistas gastaram em torno de R$ 310 por dia, R$ 20 a mais do que o que era gasto na Copa das Confederações.
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Legado na segurança
A integração foi o grande destaque da operação de segurança montada para a Copa do Mundo em Pernambuco. De acordo com secretário de Defesa Social, Rodrigo Bastos, as ações realizadas no âmbito do policiamento foram um sucesso e, junto com o legado material representado pela aquisição de equipamentos modernos, foi uma grande conquista para os pernambucanos. A movimentação na cidade e em torno da Arena foi monitorada pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) inaugurado em junho de 2013 e que será entregue ao Governo do Estado com o fim do Mundial.
Em média, foram acionados 2,6 mil profissionais de segurança por jogo. Durante os cinco dias em que ocorrem partidas na Arena Pernambuco, foram registradas 59 ocorrências dentro do estádio, sendo 33 delas casos de extravios. Do total de ocorrência, 33 envolveram estrangeiros, que foram autores em 5 casos. No mesmo período, foram lavrados sete Termo Circunstaciado de Ocorrência (TCOs) e realizado um auto de prisão em flagrante por estelionato – quando funcionário de uma empresa de prestação de serviço vendeu credenciais a terceiros, na partida entre Costa Rica e Grécia. Apenas um Boletim de Ocorrência Criminal foi registrado.
“Consideramos que o número de ocorrências e incidentes foi baixo. Comemoramos também o fato de não ter havido casos de lesão corporal ou dano ao patrimônio, comuns em eventos esportivos”, pontuou Rodrigo Bastos. Ainda segundo o secretário, além do investimentos com qualificação dos profissionais, ficam para Pernambuco equipamentos de ponta como robô antibombas, imageador aéreo para helicópteros, duas plataformas de observação elevada e caminhão antitumulto.
Iniciados ainda em 2007, quando foi anunciado o Brasil como país que iria sedias a Copa do Mundo, os investimentos em segurança puderam ser sentidos pelos turistas. Em seu sétimo Mundial, o americano Melvin Siedman comentou que se sentiu bem no Recife. “Várias pessoas me alertaram para ter cuidado nas ruas, mas eu já saí do hotel algumas vezes e não me senti intimidado em nenhum momento”, afirmou ele, hospedado no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da cidade.A opinião foi compartilhada pelo costarriquenho Alejandro Li. “Não tenho queixas, há segurança e ordem”, avaliou.
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