Quinta-feira, 13 de maio de 2021 - 12h23
O servidor público Osvaldo
Castro de Oliveira, 65 anos, faleceu quarta-feira (12) e seu corpo foi
sepultado hoje no Cemitério de Seringueiras, sua terra natal, a 536 quilômetros
de Porto Velho.
Ficou 12 dias internado,
período em que fora entubado e não resistiu ao novo coronavírus. Ele chegou a
ser vacinado com a primeira dose, contou Rosalina Santos Dias, estudiosa de
populações tradicionais e amiga dele.
De 2020 para cá, Castro
ajudava a Secretaria estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) na
administração da política de crédito de carbono para mais de 40 famílias de
seringueiros contempladas pelo projeto pioneiro mantido em convênio com a
organização Permiam Global.
Zeloso pelo bem-estar e
êxito de populações tradicionais, Castro pautou-se pelo diálogo, bom senso, e
sempre foi enérgico em defesa da classe seringueira.
Rosalina Dias mostrou
nesta quinta-feira uma foto com a seguinte observação: “Olha quando éramos
jovens, na década de 1990, quando no movimento social abraçamos a causa
ambiental; tempo de muita luta para a criação das reservas extrativistas e pela
melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem nessas áreas preservadas,
este foi o seu grande legado”.
Em 2008, quando a Polícia
Federal apurava a “legalização” de cerca de cem mil hectares dentro de áreas
ambientais na região do Guaporé, inclusive as fronteiriças à Bolívia, Castro
denunciava declarações de posse e títulos de domínio fraudulentos.
Na ocasião, o golpe maior
fora perpetrado contra a Resex do Rio Ouro Preto, no interior do município de
Guajará-Mirim, que teria perdido 31,4 mil ha (15% de sua área) para
especuladores de terras. “Tudo ficou descaracterizado”, queixava-se Castro.
O que se viu na região foi
a expansão do gado nelore em fazendas que ocuparam áreas antes tituladas para
seringueiros que, segundo Castro, não tiveram resistência para explorá-las, e alguns venderam as terras para
viverem depois na pobreza, denunciava Castro na ocasião, quando era presidente
da Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR).
No final do ano passado,
em conversa com o repórter, ele relatava a recuperação de antigos seringais,
explicava a política internacional de preços do látex, e manifestava seu
contentamento pelo interesse nessa retomada.
O látex da reserva do Rio
Cautário, no município de Costa Marques, por exemplo, tem chance de ser
transformado na chamada manta branca, produto importado por indústrias da
França, do Irã e, no Brasil, adquirido em Rondônia por indústrias de calçados
de Novo Hamburgo (RS).
Em nota, a Coordenadoria
de Unidades de Conservação (CUC) da Secretaria Estadual do Desenvolvimento
Ambiental (Sedam), enviou condolências à família e aos amigos.
"Ele lutava pelo meio
ambiente pelos direitos dos povos tradicionais há mais de 30 anos. Deixa um
legado de lutas, vitórias, carinho e amizades; deixará saudades a nós
todos".
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