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Hidrelétricas do Madeira

BNDES aprova R$ 6 bi para construção da usina de energia Santo Antônio


 
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou nesta semana um financiamento superior a R$ 6 bilhões para a construção da usina de geração de energia Santo Antônio.  A informação da liberação dos recursos foi repassada por diretores do banco ao consórcio Madeira Energia, que desde setembro constrói a usina hidrelétrica que fica no Rio Madeira, Estado de Rondônia, próximo à capital Porto Velho.  Fontes da empresa informaram que a notícia foi comemorada pelos principais executivos do empreendimento que aguardavam ansiosamente a aprovação do empréstimo.

Desde outubro o financiamento de Santo Antônio está sendo amplamente esperado e em mais de uma vez representantes do governo federal falaram publicamente, em seminários, que não havia possibilidades desse empréstimo não sair.  E mesmo antes de a diretoria do banco aprovar a operação.  Isso porque a usina de Santo Antônio, assim com a de Jirau, ambas no mesmo rio, são fundamentais para o governo fechar as contas do fornecimento de energia barata a partir do ano de 2012, para quando estão previstos para entrar em operação os dois empreendimentos.

Além desses fatores, o próprio risco desse financiamento é considerado baixo em função das garantias da energia já vendida, que assegura uma receita fixa anual aos empreendimentos, e pelo risco de crédito dos próprios sócios.  No caso do Madeira Energia, os sócios são Odebrecht, Andrade Gutierrez, Furnas, Cemig e um fundo de investimentos em participações do Banif e Santander.

A importância das usinas do Rio Madeira, que juntas terão uma potência instalada de 6,45 mil MW, foi atestada pelo próprio BNDES no mês de novembro quando o banco garantiu a oferta de linhas de curto prazo, que servem como empréstimo-ponte, para que fosse confirmado o sucesso do leilão das linhas de transmissão que vão transportar a energia a ser gerada em Porto Velho até Araraquara (SP).  O chefe de comunicação do banco, Paulo Braga, informou ontem ao Valor, entretanto, que apesar de o empréstimo ter sido discutido durante a reunião da última terça-feira, há algumas pendências e que ele não foi aprovado.  De qualquer forma, Braga disse que o tema voltará a ser discutido em reunião de diretoria na próxima semana.

Os mais de R$ 6 bilhões que vão ser liberados ao longo da construção da usina de Santo Antônio representam apenas 50% dos investimentos a serem feitos.  Os outros cerca de R$ 6 bilhões serão desembolsados pelos próprios sócios e também pela receita do empreendimento.  Até agora, o Madeira Energia está sendo financiado com recursos das sócias Odebrecht e Andrade Gutierrez.

O plano é que em janeiro de 2012 as primeiras turbinas entrem em funcionamento.  Como o comprometimento da entrega da energia com o governo é apenas em dezembro, tudo o que for gerado antes disso pode ser vendido no mercado livre.  A expectativa da empresa é conseguir fechar contratos com preços mais atrativos do que os firmados no leilão.

Dos 2,2 mil MW médios (que é a energia assegurada e permitida de ser comercializada) de Santo Antônio, 70% foi vendido ao mercado cativo por R$ 78,78 o MW/h.  Os outros 30% podem ser negociados livremente.  O insumo mais barato para o mercado cativo só foi possível justamente em função do modelo adotado no leilão da usina de Santo Antônio, que permitiu a venda de 30% ao mercado livre.  Nos leilões de energia nova do governo, as hidrelétricas vendem 100% de sua energia ao mercado cativo.  O último empreendimento leiloado foi a usina de Baixo Iguaçu que entregará sua energia a partir de 2013 por R$ 98 o MW/h, o que mostra que a energia de Santo Antônio ficou abaixo do preço.

A energia a ser gerada por Jirau, que pertence ao consórcio capitaneado pelo GDF Suez, será ainda mais barata pois foi vendida por R$ 71,40 em meio à polêmica de alteração do local do projeto.

Também a usina de Jirau, que foi leiloada em maio e terá potência instalada de 3,3 mil MW, pleiteia o financiamento do BNDES.  Mas por enquanto é a de Santo Antônio que marcará a história dos empréstimos concedidos pelo banco.  O montante é um dos maiores já liberados pelo BNDES e o maior do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em que está enquadrado a hidrelétrica.

Neste momento de demissões por conta da crise, o governo tem dito que é o PAC que vai garantir os empregos.  No caso do Madeira Energia, desde setembro o consórcio contratou dois mil trabalhadores.  Ao longo de 2009 novas contratações serão feitas até que se chegue ao total de quatro mil em 2010.  No auge da obra o número vai chegar a 12 mil.  A mão-de-obra usada em Santo Antônio tem sido basicamente recrutada entre a população local.  A obra está em fase inicial, mas as ensecadeiras já estão sendo formadas ao longo do rio.

O consórcio Madeira Energia foi procurado para falar sobre o assunto e por meio de sua assessoria de imprensa informou que não teria nada a declarar.

Fonte: Josette Goular - Valor Econômico

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