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Hidrelétricas do Madeira

Bolívia ameaça recorrer contra usinas do Madeira


Governo Evo diz que vai apelar a organismos internacionais para frear obras
A Bolívia anunciou ontem que vai recorrer a todos os organismos internacionais para tentar frear o projeto brasileiro de construção de duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira, no Estado de Rondônia, se fracassar o diálogo mantido atualmente com Brasília. “Vamos esperar esgotarem-se todas as possibilidades de diálogo”, disse o vice-ministro boliviano da Biodiversidade, dos Recursos Florestais e do Meio Ambiente, Juan Pablo Ramos.
Ele ressaltou, no entanto, que a Bolívia está disposta a apelar a “todas as instâncias internacionais” se o Brasil não permitir a realização, “em um marco de confraternização”, de estudos conjuntos sobre os possíveis impactos ambientais que as represas terão em território boliviano.
O governo do presidente Evo Morales expressou reiteradas vezes sua preocupação com as conseqüências “ambientais, econômicas e sociais” que a construção das hidrelétricas pode gerar.
O projeto, considerado estratégico pelo Brasil, prevê que as usinas Santo Antônio e Jirau sejam erguidas perto da área de fronteira com a Bolívia. A meta é gerar 6.450 megawatts de energia com as duas hidrelétricas, o equivalente a cerca de 8% da demanda nacional.
O vice-ministro boliviano informou que as represas serão o tema central de uma reunião em Brasília, na semana que vem, entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e um representante do governo Evo. Além disso, Ramos disse que técnicos de ambos os países se reunirão em breve na Bolívia para analisar o projeto, como aconteceu no dia 2, em São Paulo.
Amorim afirmou recentemente que, apesar das críticas da Bolívia, a construção das represas ocorrerá sem consultas prévias. Tanto que o Ministério de Minas e Energia pretende fazer o leilão da Santo Antônio no dia 30 de outubro. A segunda usina deve ser leiloada em 2008. A idéia é que as usinas comecem a funcionar em 2012.
Para Ramos, o projeto brasileiro deveria ser paralisado até que a Bolívia elaborasse seus próprios estudos sobre o impacto das usinas.
Riscos
Segundo o assessor do Vice-Ministério da Biodiversidade, Juan Carlos Alurralde, até mesmo os relatórios dos técnicos brasileiros mencionam alguns riscos para o território boliviano, como a sedimentação excessiva que pode derivar em inundações. O governo boliviano também considera que com as represas haverá menos peixe no departamento de Pando, na fronteira, e que o potencial hidrelétrico do país será gravemente afetado.
Fonte: Fonte: O Estado de S.Paulo

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