Quinta-feira, 17 de abril de 2008 - 06h43
A Camargo Corrêa e a estatal Chesf, controlada pela Eletrobrás, fecharam questão e vão participar juntos do leilão da segunda hidrelétrica do complexo do Madeira, Jirau, marcado para 12 de maio próximo. Segundo fontes próximas às empresas, os dois parceiros agora tem mantido conversas com o maior grupo distribuidor de energia do país, a CPFL Energia, que também tem entre seus acionistas a própria Camargo Corrêa.
A dobradinha Chesf-Camargo Corrêa já era esperada pelo mercado, porque os dois grupos também estiveram juntos na disputa da primeira hidrelétrica do complexo, Santo Antônio, que teve seu leilão realizado em dezembro do ano passado. Além dos dois grupos e da CPFL, naquela oportunidade, o consórcio ainda contava com a espanhola Endesa, que até o momento não definiu seu caminho.
Outro consórcio que também já está pronto é o formado pela multinacional franco-belga Suez e a estatal Eletrosul, também controlada pela Eletrobrás. Segundo a companhia estatal, o acordo já foi fechado, apesar de a Suez evitar tecer comentários sobre a associação. Juntas, Suez e Eletrosul disputaram Santo Antônio, sendo que o grupo privado detinha 51% do consórcio. A estatal, no entanto, afirma que não foi definida a participação para o pregão de Jirau.
Além desses dois consórcios, o leilão de Jirau ainda terá um terceira parceria, composta pela construtora Odebrecht, a estatal Furnas (Eletrobrás) e a estatal mineira Cemig. Este grupo, inclusive, foi o vencedor do leilão da hidrelétrica de Santo Antônio ao propor um preço de R$ 78,87 por megawatt/hora (MWh), 35% menor que o valor-teto definido para o pregão.
Apesar do silêncio, o mercado tem comentado que a outra estatal da Eletrobrás, a Eletronorte, não deverá participar do leilão de Jirau. Em Santo Antônio, a companhia até que tentou formar um consórcio, mas nos instantes finais a parceria foi desfeita e a Eletronorte acabou fora da disputa pela hidrelétrica.
De acordo com as regras estabelecidas pelo governo federal para a licitação, vencerá Jirau quem apresentar o menor preço para o MWh, que teve valor-teto estabelecido em R$ 91.
O silêncio é tamanho que as companhias envolvidas na formatação dos consórcios têm evitado dar declarações, inclusive sobre o preço-teto estabelecido. Mas o mercado tem apontado que este valor está próximo do mínimo necessário para erguer uma hidrelétrica desse porte, o que deverá impedir um deságio tão forte como o observado no leilão de Santo Antônio.
Com capacidade de 3,3 mil megawatts (MW), Jirau vai gerar efetivamente 1,975 mil MW. E o cronograma da licitação prevê que as primeiras turbinas comecem a gerar energia até dezembro de 2013, sendo que o prazo para implantação final do projeto é de sete anos e meio. O valor da obra é estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em R$ 8,7 bilhões, sendo que o consórcio vencedor terá concessão valida por 30 anos. A EPE é a empresa do Ministério de Minas e Energia.
Segundo o cronograma do governo federal, as empresas interessadas deverão se inscrever entre os dias 28 e 29 de abril. E no dia 30 de abril será realizado o aporte de garantias de participação e entrega das senhas de acesso ao sistema do leilão.
Fonte: Maurício Capela - Jornal Valor Ecônomico
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