Segunda-feira, 29 de dezembro de 2008 - 13h44
Com expansão menor da economia, a usina do Rio Xingu pode ficar menos atraente para os investidores
Leonardo Goy - Jornal O Estado de São Paulo
Se para levar a cabo os leilões das hidrelétricas do Rio Madeira (RO), Santo Antônio e Jirau, o grande desafio do governo foi contornar as dificuldades ambientais criadas pelo Ibama e as divergências entre as empresas interessadas, para leiloar o grande projeto da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), o maior obstáculo deverá ser a crise financeira internacional.
No setor privado já está sendo levado em conta que a crise, além de reduzir a oferta de crédito, pode vir a afetar Belo Monte pelo lado da queda da demanda por energia. Com o menor crescimento da economia, o consumo de energia cresce num ritmo menor.
"Dependendo do que acontecer com o cenário da demanda, talvez o projeto de Belo Monte possa não ser mais tão urgente", analisou o diretor de Desenvolvimento de Negócios da GDF Suez do Brasil, Gil Maranhão Neto. A Suez lidera o consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), vencedor da disputa por Jirau.
Quando estiver construída e operando a pleno vapor, a Usina de Belo Monte terá capacidade de produção de cerca de 11 mil megawatts (MW) de eletricidade. É praticamente o dobro da capacidade, somada, das duas usinas do Rio Madeira, de 6.450 MW.
Vale destacar que, quando as Usinas de Santo Antônio e Jirau foram leiloadas, em dezembro do ano passado e maio deste ano, respectivamente, o País ainda estava longe do fantasma da crise e vivia um período de farto crescimento da economia e do consumo de energia.
As estimativas iniciais sobre Belo Monte mostram que a construção da usina exigirá investimento de cerca de US$ 7 bilhões.
De qualquer forma, o governo mantém os planos de levar o projeto de Belo Monte a leilão no ano que vem. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a expectativa é de que a usina consiga a licença ambiental prévia do Ibama até outubro de 2009. Assim, o leilão de concessão da hidrelétrica poderia ocorrer até o fim de dezembro.
"Os órgãos ambientais estão acompanhando toda a tramitação. Além disso, a sinalização dada pelo governo de que Belo Monte será a única usina do Rio Xingu deverá facilitar a emissão da licença ambiental", disse Tolmasquim.
Pelas regras do sistema elétrico brasileiro, empreendimentos hidrelétricos só podem ser licitados depois de receberem a chamada licença prévia, que atesta a viabilidade ambiental da obra.
LEILÃO DISPUTADO
Tolmasquim disse que, a princípio, o governo não deve preparar nenhum instrumento diferenciado para amenizar os efeitos da crise internacional sobre o leilão de Belo Monte.
"O leilão deverá ser igual aos de Santo Antônio e Jirau, com procedimentos iguais. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por exemplo, assim como fez no Madeira, deverá financiar o projeto de Belo Monte", disse o presidente da EPE.
Para ele, mesmo com a crise, o leilão da hidrelétrica do Rio Xingu deverá ser mais disputado do que o das usinas de Rondônia. "Acho que Belo Monte é atraente. A energia é abundante e vai ser barata, o que pode atrair quem queira vendê-la no mercado livre ou mesmo os autoprodutores", analisou Tolmasquim.
Maranhão Neto, da Suez, disse que a empresa ainda não tem uma decisão formal sobre sua participação no leilão de Belo Monte, mas afirmou que o projeto "está no radar" do grupo multinacional. "Estamos longe da decisão, ainda, mas, assim como todos os outros projetos hidráulicos, o de Belo Monte desperta nosso interesse", disse.
Um fonte próxima à Odebrecht (integrante do consórcio que arrematou a concessão de Santo Antônio) disse ao Estado que a empresa deverá entrar na disputa por Belo Monte, mas ainda está estudando eventuais parcerias.
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