Segunda-feira, 26 de novembro de 2007 - 15h59
Parceria entre países seria solução para problemas enfrentados na região
Lu Aiko Otta
O recente surto de crescimento mundial, que englobou também os países da América do Sul, colocou toda a área sob a ameaça de um 'apagão'. A crise financeira dos anos 80 e 90, as disputas de fronteira e a instabilidade de regras impediram o avanço dos projetos de integração energética. O risco de uma crise, porém, lançou uma nova luz sobre os países sul-americanos.
Foi o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, quem apontou o paradoxo: a América do Sul é a região que possui a maior reserva energética do planeta, se forem contabilizados os potenciais de todas as formas de energia: hidrelétrica, de petróleo e gás, nuclear, solar, eólica e de biocombustíveis. No entanto, todos os países da região enfrentam escassez de energia, em maior e menor grau.
A solução, segundo avaliou Garcia, é impulsionar projetos de integração nessa área. Não por acaso, projetos do setor de energia são tema de conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com praticamente todos os chefes de Estado da América do Sul. 'O motor da integração da América do Sul é a energia', disse ao Estado o embaixador Antônio José Ferreira Simões, chefe do Departamento de Energia do Itamaraty.
CASO GARABI
Um projeto da que se arrasta há cerca de 30 anos, o da hidrelétrica binacional de Garabi, ganhou novo impulso na semana passada, depois da visita da presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O tema foi incluído na lista de temas que serão periodicamente discutidos pelos dois países.
A idéia de construir uma hidrelétrica no rio Uruguai, na fronteira argentina com o Rio Grande do Sul, é discutida desde que o Brasil escolheu o Paraguai para construir sua primeira usina binacional, a de Itaipu. Garabi nunca saiu do papel porque exigiria investimentos muito elevados, que nenhum dos dois sócios teria condições de bancar. Agora, a idéia é fazer uma obra menor. Técnicos avaliam que a idéia vai avançar pelo simples fato que os dois países precisam de energia.
Outro projeto que Lula está disposto a levar adiante é a construção de uma nova linha de transmissão, de 300 quilômetros, ligando a usina de Itaipu a Assunção. Segundo ele próprio explicou, após reunir-se com o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, a nova linha criará condições para a industrialização do país vizinho. O encontro dos presidentes ocorreu no início do mês, em Santiago, durante a 17ª Cúpula Ibero-Americana.
Segundo informações de Itaipu, atualmente há quatro linhas levando a energia ao Paraguai, num total de 1.500 MVA (megavolt-ampères). Nos horários de pico de consumo, o sistema de transmissão opera no limite de sua capacidade. A nova linha levará uma carga muito maior, ampliando o abastecimento em 2.500 MVA. Ou seja, vai mais do que dobrar a quantidade de energia transmitida para o Paraguai.
O investimento é estimado por Itaipu em R$ 300 milhões. A empresa informa que não estão acertados detalhes financeiros do projeto. Porém, o desenho já está em discussão em Brasília. A idéia é que Itaipu fique responsável pela execução da obra, tomando recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Paraguai vai depois ressarcir o Brasil com o dinheiro da energia excedente vendida ao País.
BOLÍVIA
Outra decisão já tomada é a volta dos investimentos da Petrobrás na Bolívia. Lula irá a La Paz no próximo dia 12 e esse será um dos temas em pauta. Porém, o presidente tem planos mais ambiciosos: quer levar um grupo de empresários e convencê-los a investir no país que, há menos de dois anos, colocou tropas do exército nos portões das refinarias da Petrobrás.
Por causa das mudanças nas leis sobre o gás boliviano, ficou em suspenso o projeto de instalar um pólo gás-químico na fronteira entre os dois países. Lula voltou a falar no projeto no início do mês, quando se reuniu com o presidente da Bolívia, Evo Morales, em Santiago.
Nas conversas com os bolivianos, existe ainda um projeto de uma usina hidrelétrica binacional, a ser construída na fronteira, no rio Madeira.
O projeto, porém, não foi mencionado por Lula na entrevista concedida em Santiago. Há, nos bastidores, a suspeita de que os ataques de Evo Morales às usinas de Jirau e Santo Antônio, na porção brasileira do mesmo rio, sejam uma tentativa de arrancar um compromisso mais concreto em torno da binacional.
No dia seguinte à visita a La Paz, o presidente deverá seguir para a Venezuela - onde, no início deste mês, a Petrobrás decidiu abandonar o projeto de exploração conjunta de gás no campo de Mariscal. De acordo com técnicos da área, a intenção da estatal brasileira era extrair o gás para exportar. Porém, os venezuelanos insistiam que a produção deveria ser destinada ao mercado interno, onde é vendido a preços subsidiados.
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