Segunda-feira, 28 de abril de 2008 - 11h13
"Nós baixamos o preço da energia"
Presidente de Furnas ressalta que o país precisa investir no setor para sustentar crescimento
Arquiteto, o presidente de Furnas, Luiz Paulo Conde, gosta de repetir que o lucro da empresa subiu 86% pela "boa administração". Atribui ao leilão da Usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, vencido pelo consórcio de Furnas, o papel de reduzir o preço da energia no Brasil, ou, pelo menos, de impedir aumentos maiores.
O ex-vice-governador se mostra contrário ao uso do Gás Natural Veicular (GNV). Acha que está fadado ao fracasso, já que o gás deve ser usado para geração de energia. Conde ainda destaca projeto de construção de pequenas centrais hidrelétricas pelo país. "Temos que acabar com a megalomania", decreta.
Há menos de nove meses à frente da estatal, Conde ainda recorre aos técnicos da empresa para responder a perguntas específicas ou números. Chama o diretor de Construção da empresa, Agenor Trindade, para ajudar com dados mais detalhados. Durante a conversa com o JB que durou mais de uma hora, Conde cita pelo menos três vezes exemplos da Espanha, elogia a distribuição de renda no governo Lula e avisa que vai importar gás da Argélia. "A Petrobras não vai gostar", provoca.
Qual é o objetivo de Furnas hoje? Tornar-se a maior do país?
- Furnas já é responsável por 22,5% da energia que o Brasil gasta. Nós conseguimos baixar o preço da energia no país. Quando demos o preço de R$ 78,87 para a Usina de Santo Antônio, eu fui muito criticado. Perguntavam por que eu baixei o preço. Mas foi uma vitória. Depois, o Lula foi lá e comemorou, porque baixou o preço da energia. No Brasil, a maioria das usinas dá 17% de lucro. Na Espanha, dá mais ou menos 5%. Quanto menor o preço, maior vai ser a demanda por energia para fábricas, indústrias. Outra coisa importante foi o contrato que fizemos com o Peru para produção de energia. O Peru tem locais com muita energia, mas não pode jogar para as cidades peruanas, porque precisa atravessar os Andes. É, portanto, uma energia que serve muito mais ao Brasil do que a eles. Fizemos uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) e estamos trabalhando nessa energia que nos é conveniente. No momento, Furnas constrói sete usinas nas divisas do Rio de Janeiro com Minas Gerais, Minas com Goiás, Santa Catarina com Rio Grande do Sul, além do Santo Antonio em Rondônia.
O senhor acha que a energia no país é cara?
- Acho que melhorou, mas o preço pode diminuir, tem espaço para isso. Esse leilão de Santo Antonio, se não o baixou, pelo menos fez com que não subisse tanto. Como o país vai crescer com a energia cara?
Qual o investimento total?
- Ao todo, são R$ 15 bilhões, R$ 4,7 bilhões de Furnas. Estamos ainda reformando diversas usinas e em negociação com a Petrobras. Temos um terreno com o melhor calado em São Gonçalo, município em que a Petrobras está construindo o Complexo Petroquímico do Estado. Queremos fazer um porto não só para a Petrobras, mas para todas as indústrias da região. Ao mesmo tempo, em Guaxindiba está o gasoduto da Petrobras. Quero construir uma usina térmica a gás lá, que é muito conveniente. Nós usaríamos o gás, que é muito econômico, bom para a usina e melhoraria as condições do Estado inteiro. Estamos fazendo licitação para Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) para escolher parceiros. Furnas entraria com 49%. A Pequena Central tem muitas vantagens. Pegar a transmissão do Madeira para cá é muito caro. Manda da Usina de Itaipu para todos os lugares. Quando puder resolver a geração no local, há uma economia muito grande e a energia já entra no sistema. Sofremos um pouco de mania de grandeza.
Mas essa proposta é o oposto disso, não?
- Sim. As PCH são o contrário disso. Nos governos militares, o país ficou pensando grande, com grandes obras como Tucuruí. São importantes, mas não necessariamente precisam ser desse tamanho. A visão vai ter que mudar no Brasil. O ideal é estar perto do centro consumidor. Com um crescimento de 5% ao ano, a energia é imprescindível. Se não tivermos energia, esse crescimento vai por água abaixo. Quando o país cresce, a demanda no consumo de eletrodomésticos aumenta, terá que fabricar mais e criar mais fábricas. O Brasil está aumentando o consumo. Lula fez uma coisa muito boa, que é crescimento com distribuição de renda.
Qual será o aumento de capacidade geradora de energia?
- Cerca de 4.800 MW.
O senhor acha que o Brasil terá condição de sustentar esse crescimento do ponto de vista da geração de energia elétrica?
- O governo está fazendo um esforço grande para isso. Esse acordo com o Peru é importante. A Bolívia também exerce um papel fundamental no fornecimento de gás.
Fonte: FURNAS / Jornal do Brasil
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