Terça-feira, 13 de maio de 2008 - 18h29
Alana Gandra
Agência Brasil
Rio de Janeiro - O resultado do leilão da usina hidrelétrica de Jirau, em que o preço da energia apresentado pelso vencedores foi de R$ 71,40 o magawatt-hora, o que representou deságio de 21,6%, mostrou que existe uma tendência de tarifa de energia elétrica mais barata em relação aos leilões que vinham ocorrendo anteriormente.
A análise foi feita hoje (19) pelo coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro.
"Isso é muito importante. Do ponto de vista de competitividade, de cenário econômico de longo prazo, esse dado reafirma que os fundamentos da economia brasileira, de crescimento de longo prazo, estão cada vez mais sólidos. Pelo menos do ponto de vista do setor elétrico", avaliou.
Segundo Castro, as novas usinas que serão construídas na região amazônica terão como parâmetro tarifário os dois leilões recentes, de Jirau e Santo Antônio. Este último foi realizado em dezembro e resultou em deságio de 35% em relação ao preço mínimo ofertado. "Para a economia brasileira, isso é uma vantagem comparativa fantástica em relação aos outros países", disse.
Nivalde de Castro citou o caso da China, onde há uma tendência de tarifa mais cara devido ao uso do carvão. O mesmo ocorre na Índia, por conta da energia nuclear. "No Brasil, a tarifa é calculada em cima da energia hidrelétrica, que é mais baixa. Então, isso reafirma a importância que a economia brasileira vai ter no cenário internacional, porque o país vai ter energia abundante a tarifas baixas", afirmou.
Os deságios registrados nos leilões das usinas de Santo Antônio e Jirau, ambas localizadas no rio Madeira (RO), refletirão em redução de preços nas contas de luz mensais, beneficiando o consumidor. O coordenador do grupo de estudos da UFRJ, observou que essa é uma tendência de longo prazo, uma vez que a energia das duas usinas só vai estar disponível a partir de 2012 ou 2013. "Mas é uma energia que vai estar jogando para baixo a tendência de alta que a gente vinha verificando nos leilões de térmicas e algumas hidrelétricas realizados entre 2005 e 2007", observou.
Castro enfatizou que os dois leilões mudam por completo a tendência tarifária do país. E acrescentou que "isso é bom para a economia brasileira, para o consumidor residencial e para o consumidor industrial, que pode contar com uma energia mais barata para sua produção".
Nivalde de Castro concordou com a afirmação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que, mais cedo, disse que o resultado do leilão de Jirau afastava o risco de racionamento de energia no Brasil. "O ministro tem razão ao afirmar isso, já que a partir de 2012, 2013, essas grandes hidrelétricas começam a iniciar a produção. Mas, até lá, a gente está com um ajuste muito próximo, o que exige uma certa atenção, porque se o PIB [soma das riquezas produzidas no país] cresce muito, a pressão sobre a demanda de energia elétrica pode ser muito alta", alertou.
Segundo Castro, a economia brasileira está crescendo muito, a um patamar em torno de 5% ao ano, o que a torna blindada em relação à crise americana. Ele destacou que a obtenção do grau de investimento, título que faz com que um país seja mais atrativo para atração de investimentos, vai fazer a economia brasileira crescer ainda mais. "E a energia elétrica não responde, no curto prazo, ao aumento de demanda", disse. Na avaliação do economista, o país ainda permanecerá dependente do ciclo pluviométrico, ou seja, do nível de chuvas.
O economista da UFRJ ressaltou a importância das medidas de monitoramento tomadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para economizar o máximo de água dos reservatórios, visando a diminuir a dependência do nível de chuvas. Entre as medidas, Castro destacou a decisão de deixar as usinas térmicas funcionando além do previsto normalmente e a venda de energia para a Argentina de base termelétrica e não hidrelétrica, para não depreciar os reservatórios.
"Isso porque a demanda está crescendo a uma taxa relativamente alta. A curto prazo, para você atender à demanda de energia elétrica derivada do maior crescimento do PIB, você precisa ter muita chuva para ter muita água nos reservatórios e, assim, gerar energia", observou.
O PIB cresce cerca de 5% ao ano e a demanda de energia mais 10%, revelou Castro.
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