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Hidrelétricas do Madeira

MADEIRA: Parceiros da Odebrecht já montam estrutura financeira para 1a usina do Madeira


SÃO PAULO - Parceiros do consórcio formado por Odebrecht e Furnas para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio no rio Madeira, o Santander e o Banif Investment Banking já começaram a estruturar a estratégia de financiamento do projeto. Os bancos acabam de criar um Fundo de Investimento em Participações (FIP) que deve entrar como sócio do empreendimento com uma participação de 20%. A estrutura só vale para a primeira usina, mas poderá ser replicada para a hidrelétrica de Jirau, na mesma região.
De acordo com a projeção dos bancos, a Sociedade de Propósito Específico (SPE) que será criada para tocar o investimento terá capital de aproximadamente R$ 2 bilhões, dos quais R$ 430 milhões seriam aplicados pelo FIP, chamado de Amazônia Energia, que já possui registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os demais aportes viriam de Odebrecht, Furnas, BNDESPar (que deve se associar ao consórcio vencedor da licitação) e de outros investidores privados que queiram participar. Mas o investimento não será financiado apenas com recursos próprios dos investidores (equity). Avaliado em cerca de R$ 11 bilhões ou R$ 12 bilhões, o custo total de implementação da primeira usina do rio Madeira também precisará de financiamento por instrumentos de dívida. E o Santander e o Banif não descartam emprestar recursos para a obra, seja diretamente, via repasse de crédito do BNDES, ou coordenando emissões de bônus.
Segundo o vice-presidente executivo do Santander, Gabriel Alonso, tem muita gente querendo participar do investimento. Ele avalia que um grande projeto de infra-estrutura como este irá trazer para o Brasil um novo tipo de investidor, diferente daquele que busca retorno apenas no curto prazo.
Para Paulo Pinho, presidente do Banif Investment Banking, este é o primeiro grande projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado pelo governo no início do ano. E no momento em que está chegando o investment grade, devemos atrair investidores institucionais, disse. Da forma como foi estruturado, a rentabilidade e o risco do fundo serão os mesmos da usina, sem qualquer garantia de retorno por parte dos bancos. O FIP será fechado e ao longo do projeto a remuneração recebida dependerá dos eventuais dividendos que a SPE irá pagar aos investidores. Como porta de saída para os aplicadores, os bancos consideram que o melhor caminho seria o mercado de capitais, com a realização de um IPO (oferta pública inicial de ações) da SPE.
Os bancos vão distribuir as cotas do fundo no mercado, mas não descartam aplicar recursos próprios no FIP. A participação do FIP estruturado pelo Santander e Banif no projeto está vinculada à vitória da licitação pelo consórcio liderado pela Odebrecht. O ambiente será competitivo, mas acreditamos firmemente na chance de vencer, diz Pinho.
A licitação da usina de Santo Antônio está marcada para o dia 30 de outubro. A hidrelétrica terá capacidade de gerar 3,15 GW de energia, com potencial de aumentar a capacidade instalada do país em 3,5%. Ganha a concorrência o investidor que oferecer a menor tarifa para o consumidor final.
Além de Odebrecht/Furnas, outros grupos também devem participar do leilão, sendo que entre os líderes dos consórcios concorrentes devem estar a Camargo Corrêa, a Suez Energy e a Alusa, esta última em parceria com a argentina Impsa Hydro, a Schahin e a chinesa CTIC. Um quinto grupo também poderá ser formado por distribuidoras de energia, entre as quais deve estar a Light.
(Fernando Torres | Valor Online, com Valor Econômico)

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