O que está por trás do Complexo Madeira
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem a público repudiar a decisão do Ibama de, mesmo em greve, emitir a licença prévia para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Trata-se de um empreendimento que não é de interesse do povo brasileiro e muito menos da população atingida pelos lagos. É um projeto pensado para satisfazer interesses de grandes bancos e grandes empresas, chamadas multinacionais, que querem principalmente a nossa energia, o nosso rio e a nossa Amazônia. Abaixo, cinco pontos que mostram a quem serve o Complexo Madeira:
1. Com a desculpa de que deve faltar energia para o Brasil de desenvolver nos próximos anos, o governo colocou as obras do Madeira como prioritárias e pressionou para que a licença fosse concedida pelo Ibama. No entanto, nós sabemos que estas obras são para resolver o problema de energia das grandes empresas estrangeiras e não para o desenvolvimento do povo e do país.
2. Como a tarifa de energia do Brasil é uma das mais caras do mundo - justamente porque a geração de energia está nas mãos de empresas multinacionais que só visam o lucro - os donos do complexo madeira ganharão muito dinheiro com a venda da energia. Segundo cálculos do MAB, assim que começar a gerar energia, as empresas ganharão cerca de R$ 500 mil por hora.
3. Quem vai pagar a construção destas barragens e as demais obras
planejadas no chamado Complexo do Madeira (que ao todo vão custar R$ 43 bilhões) é o povo brasileiro, através do BNDES, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo e através das altas tarifas de energia que chegam na conta de luz todo mês. Porto Velho possui uma população de 380.971 pessoas residentes (estimativa de 2006). Se o total do investimento nas obras (R$ 43 bilhões) fosse destinado à população, daria R$ 113.000,00(Cento e treze mil) para cada habitante de Porto Velho.
4. O projeto Madeira prevê também a construção de Eclusas e Hidrovias. O verdadeiro interesse nessas obras é permitir a navegação de grandes barcos, principalmente os barcos cargueiros. Assim, poderão tirar os recursos naturais da Amazônia, levar soja, e demais mercadorias para outros países. O nosso Rio Madeira terá suas águas privatizadas, ou seja, vendidas para as multinacionais explorarem nossas águas para benefício próprio, para geração de lucro e não para o bem-estar do povo.
5. Além de inundar uma grande área da Amazônia e matar a biodiversidade do local, as obras do Complexo irão afetar 5 mil famílias que moram na beira do rio ou tiram seu sustento da área que será atingida pela obra. O Complexo vai gerar poucos empregos e muita exclusão social.
Como esse projeto não interessa o povo brasileiro e nem a população atingida, a única forma de impedi-lo é através da organização e da luta do povo. A população das bacias do São Francisco, recentemente, deram um exemplo de resistência contra essas obras que só servem para o lucro de poucos.
Água e energia não são mercadorias!
Nosso rio, nossa terra não se vende,
Nosso rio, nossa terra se defende!
Fonte: MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens
Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)