Terça-feira, 20 de janeiro de 2009 - 07h17
Brasília - Os quatro milhões de metros cúbicos diários que o Brasil irá importar a mais da Bolívia trará um gasto para os consumidores brasileiros de energia de quase R$ 26 milhões por semana. O calculo foi feito pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace). A explicação para essa importação excedente foi dada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela gestão do parque energético do País, que disse que o Brasil precisará manter as usinas térmicas de Canoas (RS), Araucária (SC) e Fernando Gasparian (SP), juntas as três usinas são responsáveis pela geração de 700 megawatts (MW) de energia.
Segundo a carta assinada pelo diretor nacional do ONS, Hermes Chipp, e enviada para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o religamento das usinas se deu para garantir a segurança da operação elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN). A manutenção dessas usinas ligadas trará um custo ao País que é repassado às tarifas de energia por meio da conta de Encargos de Serviços do Sistema (ESS). No ano passado, todas as térmicas ficaram ligadas, o que trouxe um custo aos brasileiros de R$ 2,2 bilhões.
Para o presidente da Abrace, Ricardo Lima, o Brasil novamente ajuda a países vizinhos com o dinheiro dos consumidores brasileiros. "Esse caso nos causa estranheza e já aconteceu anteriormente com a Argentina. Novamente se faz favores para governos amigos a custa dos consumidores e da economia brasileira", afirmou Lima.
O sócio diretor da Gás Energy, Marco Tavares, acredita que o religamento dessas usinas não trará grandes prejuízos ao Brasil. "Esse gasto poderia ser feito agora ou em abril ou maio. Na verdade, ao invés de despachar em abril ou maio, o despacho antecipado. Duas térmicas no universo do mercado brasileiro não chegam a 1% e em relação ao consumo elas chegam a 2%, o que não é nada", disse.
O presidente do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Adriano Pires, também acha que a decisão foi tomada no âmbito político e não técnico. "Esse episódio mostrou mais uma vez uma política em relação à Bolívia decidida em Brasília e não na Petrobras. Na realidade, o correto era esse assunto ser tratado através de um critério técnico entre Petrobras e o governo boliviano", considerou.
Já Marco Tavares, defendeu a posição do Brasil ao exportar mais gás da Bolívia. Segundo ele, se isso não acontecesse o país vizinho poderia entrar em crise. "A decisão [do Brasil] foi acertada", disse.
Em 7 de janeiro, a Petrobras havia anunciado que iria parar de importar os 30 milhões de metros cúbicos diários da Bolívia e passaria para 19 milhões. Na sexta-feira (9), o ministro Lobão anunciou, após reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que iria paralisar todas as usinas térmicas do Brasil, com exceção das usinas de Angra1 e 2 (que geram 1.200 MW) e as termelétricas Norte Fluminense 1 e 2 (400 MW).
Na mesma sexta-feira, após reunião com ministros bolivianos, Lobão recuou e disse que por razões técnicas verificadas pelo ONS na tarde de sexta-feira, o Brasil precisaria religar mais três térmicas e com isso passaria a importar de 19 milhões para 24 milhões de metros cúbicos diários do país vizinho. Lobão disse ainda que em abril o Brasil voltará ter o consumo normal de gás.
Para Tavares, o grande problema do governo e da Petrobras foi não ter comunicado com antecedência à Bolívia que iria cortar a importação de 11 milhões de metros cúbicos de gás natural. "A primeira ação foi atrapalhada em baixar de 30 milhões de metros cúbicos para 19 milhões na virada de ano e sem haver nenhum tipo de negociação, até para o país exportador poder se preparar", afirmou.
"Decisão política"
Pires, por sua vez, não acredita que o governo tenha feito a conta errada quanto ao desligamento das usinas térmicas e sustenta a tese de ingerência política na questão. "Além de ficar caracterizada como uma decisão política, foi tudo mal feito. Primeiro o governo anuncia que vai reduzir a importação de gás para 19 milhões de metros cúbicos diários e horas depois dizer que vai aumentar para 24 milhões de metros cúbicos diários. Ou o governo fez a conta errada ou prevaleceu a decisão política?", questionou.
Lima, da Abrace, explicou que no contrato que a Petrobras tem com a Bolívia existe uma clausula que diz que se o Brasil não importar 70% do gás boliviano, a estatal brasileira precisará pagar por isso. Segundo ele, esses 70% são correspondentes aos 24 milhões de metros cúbicos que o Brasil irá importar. "Existe um outro aspecto que é a clausula de ou pegue ou pague. Normalmente essa clausula tem um limite de 70%. Coincidentemente os 70% da os 24 milhões", disse.
Para Lima, a justificativa para o religamento dessas usinas foi forjada pelo governo. "O ONS alegou o despacho por razão elétrica, mas uma dessas linhas já estava bastante tempo fora do ar. Nossa opinião é de que foi construída uma justificativa técnica para dar suporte ao acordo com os ministros bolivianos", criticou Lima.
Procurado pela Gazeta Mercantil para comentar as informações, o ONS afirmou que o presidente da entidade, Hermes Chipp, está em viagem e portanto o órgão não iria se pronunciar.
Fonte: Gazeta Mercantil/Ana Carolina Oliveira
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