Rio Madeira: Chesf e Furnas reagem a adiamento de leilão

Prazo é limite para cumprimento dos cronogramas previstos para Santo Antônio. Chesf pode repensar utilização de turbinas bulbos
Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia, Expansão
O adiamento do leilão da hidrelétrica de Santo Antônio (RO, 3.164 MW) para 29 de novembro deve ser o último para o cumprimento do cronograma de entrada das duas primeiras turbinas no terceiro trimestre de 2012. Essa é a avaliação de Dilton da Conti, presidente da Chesf, que vai disputar o empreendimento com a Camargo Correa. "Os adiamentos deixam a situação um pouco crítica para implementação dos canteiros para obra", avaliou. As obras da usinas têm que ser iniciadas no período seco da região amazônica entre março e setembro.
"Temos que passar por todos os percalços. Fazer uma obra dessa não é simples. Fazer um leilão desse é complexo também. É natural que aconteça (adiamentos). Perseguir o cronograma não quer dizer cumpri-lo", observou Fábio Resende, diretor de operação do sistema e comercialização de energia elétrica de Furnas. Para ambos os executivos ainda é crível cumprir o cronograma de obras. "Esta não é uma usina convencional, antes de concluir podemos iniciar a geração", lembrou o diretor de Furnas.
Conti disse ainda que, caso vencedores, Chesf e Camargo Correa pensam em rever pontos dos estudos apresentados por Furnas e Odebrecht. Segundo o executivo, a utilização de turbinas bulbos não é ponto pacífico na construção da usina. "O projeto de Furnas e Odebrecht pode ser aprimorado, o que pode trazer uma eficiência maior", afirmou o executivo, que não quis detalhar os ganhos por estratégia de competição. Mas ele adiantou que a Camargo deve trazer mais um ou dois sócios privados para o consórcio.
Para Conti, os contratos de exclusividade do consórcio Furnas/Odebrecht com os fornecedores de equipamentos deve cair no Conselho Administrativo de Defesa Econômica. "Esse contrato não tem consistência e deve cair no Cade, está limitando aos outros concorrentes de encontrar fornecedores no próprio país para fazer a disputa", avaliou. De acordo com ele, Furnas não poderia ter assumido compromissos em nome do grupo Eletrobrás.
"Aditivos foram assinados para corrigir. Há alternativas", disse se referindo a possibilidade de buscar fornecedores no exterior. As outras subsidiárias da Eletrobrás que vão disputar o leilão são Eletronorte com Alusa e Eletrosul com Suez Energy. Conti e Resende participaram nesta quarta-feira, 17 de outubro, do encerramento do XIX Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica no Rio de Janeiro.
Aneel - A diretoria colegiada da Agência Nacional de Energia Elétrica realizou hoje uma reunião com a área técnica para avaliar a possibilidade de incluir o edital do leilão de Santo Antônio na pauta da reunião pública ordinária da próxima terça-feira, 23, segundo o diretor Edvaldo Santana, que proferiou palestra no XIX SNPTE.
"Não está descartada uma reunião extraordinária se for o caso", afirmou. A relatora da matéria é a diretora Joísa Campanher. A assessoria da Aneel afirmou que a decisão será conhecida na manhã da próxima sexta-feira, 19.