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Hidrelétricas do Madeira

RIO MADEIRA: Ibase e especialistas em sustentabilidade apontam riscos



O representante do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Carlos Tautz, criticou a iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de financiar a construção das hidrelétricas do Rio Madeira, na sexta-feira (30), durante o FSM.  Ele disse que é absurda a iniciativa do banco de contribuir com 80% dos recursos que serão aplicados para a realização das obras, criticadas por ambientalistas por causar impactos ambientais e sociais à região de sua realização e proximidades.

"O Itaú já se retirou do financiamento desse empreendimento no ano passado por conta dos riscos que ele representa, assim como também ameaça fazer o Bradesco.  Isso deixa claro que as obras não têm qualquer viabilidade ecológica ou social e a licença ambiental concedida para que fossem iniciadas foi uma decisão política", declarou.

Ele ainda destacou que toda a energia produzida pelo complexo do Madeira será financiada com recursos públicos e será aproveitada pelas empresas privadas, concessionárias da execução do projeto. 

"Há, ainda articulação para que fundos de pensão, como o da Caixa e o Petro, da Petrobrás, venham a financiar parte das obras impactantes do Rio Madeira no futuro, sem qualquer observância de critérios socioambientais", afirmou.

Victorio Mattarozzi, do site Finanças Sustentáveis, lembrou que hoje, se uma instituição financeira não observa os efeitos sociais e ambientais da atividade econômica para a qual empresta recursos pode correr riscos futuros de não receber o dinheiro aplicado de volta, devido aos prejuízos financeiros que obras irresponsáveis social e ambientalmente podem acarretar aos seus realizadores.

Outro ponto levantado por ele foi o fato de que muitos dos empreendimentos com impactos socioambientais podem fazer com que, no futuro, outras atividades de que dependem as instituições financeiras, como o agronegócio, já não possam ser realizadas por conta do efeito das mudanças climáticas sobre a produção.

Roland Widmer, gerente do programa Eco-Finanças da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, acrescentou que muitos desses empreendimentos correm o risco de sequer chegarem a ser concluídos, por conta de ações judiciais às quais a sociedade dá início na busca de evitar prejuízos à conservação do meio ambiento e desrespeito aos direitos humanos. 
 
"É importante que na atual crise financeira se discuta também a crise ambiental, pois a recessão econômica é passageira, mas os danos da construção de uma hidrelétrica são irreversíveis", disse ele, referindo-se também ao complexo hidrelétrico do Rio Madeira.

Ele também destacou que atualmente são feitas parcerias entre Organizações não Governamentais (ONGs) de todo o mundo para a elaboração de critérios socioambientais que sirvam de modelo para condições à liberação do crédito por parte de bancos e instituições financeiras.  É cada vez mais crescente o número de financiadores do Brasil e do exterior que contam com critérios socioambientais de concessão de empréstimos.

Também esteve presente no debate o representante da diretoria do Banco Central (BC) e do Conselho Monetário Nacional (CMN), Sérgio Albuquerque de Abreu, que destacou as novas ações de incentivo à sustentabilidade do BC, dentre as quais está a parceria com universidades para a criação de métodos de transformação de cédulas de dinheiro fora de uso fragmentadas em outros produtos, por meio da reciclagem.  Antes o dinheiro fora de circulação era queimado e contribuía com a poluição do ar.

Fonte: Amazonia.org.br

 

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