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Hidrelétricas do Madeira

Santo Antônio acelera obras para iniciar concretagem em julho



Para maio de 2011 está programado o desvio do rio Madeira. Em oito meses já foram completados 5,7% das obras físicas

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia, Em Foco
 

Uma das mais importantes obras de geração do país está em ritmo acelerado de obras. A hidrelétrica de Santo Antônio (RO-3.150 MW) tem um cronograma justo para alcançar a data de início de geração em dezembro de 2011. Para atingir esse objetivo, o site da usina já conta com 3,3 mil funcionários em três turnos, ou seja, 24 horas de trabalho. Com isso, já foram completados 5,7% das obras físicas em apenas oito meses de trabalho.

Segundo Nelson Caproni Júnior, gerente-geral de obras da Santo Antônio Energia, o pico de mão-de-obra se dará em janeiro de 2011, quando de 11 mil a 12 mil pessoas estarão trabalhando no local. Mas, antes, um importante marco da obra está programado para julho deste ano. O início do lançamento do concreto na margem direita do rio Madeira. "Essa etapa é vital para conseguir a antecipação da geração para dezembro de 2011", salienta o gerente em entrevista à Agência CanalEnergia.

Atualmente, o consórcio construtor está com as escavações nas duas margens do rio em 'ritmo acelerado', segundo ele. "Estamos com o foco na área da margem direita para o lançamento do concreto", ressalta Caproni Jr. Ele explica que a empresa trabalha com duas datas para a concretagem: julho, conhecida como 'data cedo'; e setembro, 'data tarde'. "Queremos fazer na data cedo".

Para realizar a etapa, a Votorantim está construindo uma fábrica de cimentos em Porto Velho para atender o empreendimento. De acordo com o gerente, a expectativa é que a fábrica comece a operar no segundo semestre deste ano. Serão produzidas 800 mil toneladas na unidade. No total, a usina vai absorver ao todo 3 milhões de metros cúbicos de concreto.

Os números de Santo Antônio são todos gigantescos. As escavações vão remover 17 milhões de m³ de rocha e 31 milhões de m³ de solo comum. "Esses volumes são um dos nossos grandes desafios", diz Caproni Jr. O canteiro de obras, por sua vez, ocupa uma área de 1,5 mil hectares. Para cuidar de tudo isso, a carga de trabalho do gerente da obra fica entre 12 e 14 horas por dia.

E na cabeça de Caproni e de sua equipe está apenas uma coisa: o cumprimento do cronograma. Após a operacionalização das duas primeiras turbinas em dezembro de 2011, as outras 42 máquinas vão entrar em seqüência até novembro de 2015. Somente no primeiro semestre de 2012, vão ser acionadas 11 turbinas de Santo Antônio.

Caproni Jr. adianta que os equipamentos eletromecânicos virão das fábricas dos fornecedores - Alstom, Andritz Vatech, Voith, Areva e Siemens -, concentradas no Sudeste. "A tendência atual é que os equipamentos venham por estradas", conta. Já as partes hidromecânicas, como as comportadas, serão fabricadas em Porto Velho por Alstom e Bardella. Para isso, as empresas estão construindo a planta, na qual serão beneficiadas 37,2 mil toneladas de aço, com data de inauguração prevista para o segundo semestre.

Para construir a barragem e a casa de forças, será necessário o desvio do rio prevista para maio de 2011. "Vamos tirar o rio do leito natural e desviá-lo para o vertedouro. O rio vai passar pelos 15 vãos que compõem o vertedouro principal", explica Caproni Jr. Para esta etapa, a sazonalidade hidrológica do rio Madeira, que tem 200 dias de chuvas por ano e é influenciada também pelo degelo da Cordilheira dos Andes, é uma preocupação para os engenheiros.

Neste mês de abril, a vazão do rio Madeira chegou a 38 mil metros cúbicos por segundo. Apesar de alta, a cheia ficou abaixo de duas marcas históricas, de 1984 e 2007, que alcançaram 48 mil m³/s. "O vertedouro principal está preparado para uma vazão de 84 mil m³/s. Uma cheia que chamamos de deca milenar, por ocorrer a cada 10 mil anos", frisa Caproni, acrescentando que não há registro de tal monta.

Antes do desvio, segundo Caproni Jr., serão feitas obras na área do reservatório nos períodos secos deste ano e de 2010. Os operários vão realocar a malha rodoviária e retirar as famílias do local, que serão transferidas para casas construídas pelo consórcio. Como a usina fica apenas a 10 quilômetros do centro de Porto Velho, a interação com a sociedade local é estratégica para o bom andamento do trabalho. Por isso, a Santo Antônio Energia vai investir R$ 104 milhões em projetos sociais, focados em educação e saúde.

Dois principais projetos são a ampliação do Hospital de Base da capital rondonenses, que receberá R$ 10 milhões; e a construção de outra unidade em Cacoal, por R$ 30 milhões. "O hospital de Cacoal já tem ordem de serviço emitida", conta Caproni, acrescentando que as obras na capital serão iniciadas em julho. "Não se pode errar no atendimento à população atingida".

O gerente mostra consciência que está a frente de uma das obras mais visadas tanto por autoridades como por organizações civis, principalmente, as ambientais. "O potencial hidrelétrico do país está na Amazônia. Temos que fazer tudo com qualidade e sustentabilidade ambiental", observa Caproni, que considera a obra o coroamento de sua carreira de 32 anos em obras de hidrelétrica, sendo que quatro projetos o tiveram como gerente.

 

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