Segunda-feira, 10 de dezembro de 2007 - 16h57
A Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, terá capacidade de gerar 3.150 MW e deverá acrescentar 3% à potência instalada de energia no país quando estiver pronta em 2016.
Embora essa seja a potência máxima, a expectativa é que ela opere com uma potência média de 2.218 MW, o que reduz para cerca de 2% o acréscimo real de oferta de energia.
O projeto de R$ 9,5 bilhões foi arrematado pelo consórcio Madeira Energia SA, liderado pela estatal Furnas e a construtora Norberto Odebrecht, em leilão realizado na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica em Brasília), nesta segunda-feira em Brasília.
O consórcio venceu o leilão ao oferecer a menor tarifa pelo megawatt/hora: R$ 78,87 frente a um teto de R$ 122.
Crescimento
Apesar das grandes dimensões da obra, Santo Antônio, isoladamente, não dará conta de todo o aumento de energia previsto até 2016, ano em que deverá estar pronta e operando com todas as suas 44 turbinas.
Se o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro ficar mais próximo de 5%, como quer o governo, a oferta de energia precisaria crescer pelo menos isso já que no Brasil o consumo de energia cresce mais rápido do que a própria economia.
"Em todo o país em desenvolvimeto, isso acontece", afirma o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim.
"Geralmente para cada ponto percentual, você cresce mais de 1% o consumo de energia. No Brasil está caindo a diferença, está próximo de um e a tendência é cair para baixo de um. Conforme vai se desenvolvendo e chegando a níveis maiores de desenvolvimento, você tende a reduzir essa elasticidade, essa proproção entre consumo de energia e PIB", disse Tolmasquim.
Amazônia
Para o presidente da Epe, a licitação da usinas de Santo Antônio deverá abrir o caminho para novos projetos hidrelétricos, especialmente na Amazônia, onde está 60% do potencial hídrido brasileiro.
"Eu espero que essa usina do Madeira tenha aberto as portas para que outras usinas sejam aprovadas de forma rápida", disse Tolmasquim, em entrevista à BBC Brasil antes do leilão.
"É claro que nada garante porque cada usina é uma usina. É preciso analisar o seu impacto social, ambiental, não dá para generalizar, mas pelo menos espero que a gente vá quebrando aqueles receios que existem com relação às fontes hidrelétricas."
De acordo com as previsões da EPE, a participação das fontes hidrelétricas na capacidade instalada do país deverá cair de 81,2% em 2007 para 75,3% em 2016.
A hidrelétrica de Jirau, também no rio Madeira e com 3.300 MW de potência, será a próxima a ser leiloada, provavelmente no meio de 2008.
Protesto
O leilão da usina de Santo Antônio foi conturbado por causa de um protesto do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), mas uma vez iniciado, com mais de duas horas de atraso, durou apenas sete minutos.
Segundo a assessoria de imprensa da Aneel, cerca de 200 manifestantes fizeram um protesto pacífico na frente do prédio da Aneel.
Entre 70 e 80 pessoas chegaram a invadir a portaria da agência, mas foram retirados pela polícia. Ainda de acordo com a assessoria, sete pessoas foram presas.
Os representantes dos consórcios foram escoltados por agentes da Polícia Federal até as suas salas, de onde fizeram os seus lances, por meio de uma rede de computadores montada exclusivamente para o leilão.
O teto definido pelo Ministério de Minas e Energia era de R$ 122 MW/h e o leilão funcionou num sistema de lance reverso, ou seja, ganhou quem ofereceu o menor preço.
Esse valor corresponde aos 70% da energia que terão de ser necessariamente vendidos em ambiente regulado. O restante poderá ser comercializado no chamado mercado livre, onde as tarifas praticadas chegam a R$ 140 ou R$ 150.
Além do Madeira Energia, havia dois outros consórcios na disputa - um liderado pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, e pela construtora Camargo Corrêa, e o terceiro, pela multinacional Suez com a Eletrosul.
A parceria de Furnas com Odebrecht foi sempre considerada favorita já que o consórcio conduziu os estudos de viabilidade técnica e impacto ambiental, num processo iniciado há seis anos.
Desde então, associaram-se ao consórcio a construtora Andrade Gutierrez Participações, a Cemig Geração e Transmissão S/A e Fundo de Investimentos e Participações Amazônia Energia (FIP - formado pelos bancos Banif e Santander).
Fonte: BBCBrasil
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