Santo Antônio: Funcef negocia com Andrade Gutierrez entrada no empreendimento

Fundo ficará com participação menor do que os 10% pretendidos inicialmente. Para Jirau, vai pedir indicação de fatia de cerca de 10% do equity

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia  

O Fundo dos Economiários Federais está em intensas negociações para entrar nas duas usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira (RO-6.650 MW). Para fincar os pés na hidrelétrica de Santo Antônio (3.150,4 MW), o Funcef está em adiantada conversação com a Andrade Gutierrez Participações, que detém 12,4% do consórcio Madeira Energia, que vai construir a usina. Segundo Demósthenes Marques, diretor de investimentos do fundo, a intenção é ficar com uma parte da participação da Andrade Gutierrez.

Devido ao acordo de confidencialidade, o executivo não revelou o tamanho da participação, mas adiantou que será significativamente menor que os 10% pretendidos originalmente. Marques explicou que durante as negociações com os consórcios, que disputaram a usina, ficou claro que a participação tanto de Funcef como da Petros seria menor que os 20% desejados.

"Nossa intenção [Funcef/Petros] era, desde o começo, ter de 10% a 20% de participação. Mas vimos pela composição dos consórcios que não seria possível os 20%", lembrou o executivo.

O consórcio Madeira Energia é formado pela Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura (17,6%); Construtora Norberto Odebrecht (1%); Andrade Gutierrez Participações (12,4%); Cemig GT (10%); Furnas (39%) e pelo Fundo de Investimentos em Participações Amazônia Energia - dos bancos Santander e Banif (20%).

Jirau - Para Jirau (3.300 MW), a estratégia é conseguir uma indicação dos consórcios concorrentes, garantindo uma participação em torno dos 10% do equity do empreendimento. "Queremos evitar o que ocorreu em Santo Antônio", ressalta Marques, referindo-se também ao Petros. Ele afirmou que as negociações dos dois fundos são simétricas, ou seja, as conversas estão ocorrendo concomitantemente com os consórcios.

"Queremos ter participações nos mesmos moldes e exigência de governança parecidas", contou o diretor. A governança corporativa é um dos pontos mais importantes para os dois fundos de pensão porque eles são signatários de acordos internacionais sobre a questão como os Princípios Para Investimentos Responsáveis, da Organização das Nações Unidas. Esses acordos têm clausulas de responsabilidade social, ambiental e de governança corporativa que devem ser respeitadas.

Setor elétrico - Além das usinas do Madeira, o Funcef está investindo no setor elétrico através de Fundos de Investimentos em Participação, como o Brasil Energia, Infra-Brasil e AG Angra. "Alguns FIPs já têm investimentos no setor elétrico e outros têm a possiblidade de investir", conta. Marques diz ainda que o Funcef está prospectando investimentos diretos no setor. "Devido ao porte desses empreendimentos, eles estão fora do prospecto dos FIPs", completa.

Os FIPs receberam aporte de R$ 1 bilhão do Funcef para investimentos em infra-estrutura. O Fundo pretende ampliar os investimentos no segmento para R$ 2 bilhões e tem como meta ter de 20% a 25% dos recursos aplicados no setor elétrico. "Estamos atentos à movimentação no segmento de transmissão referente à venda de participação dos acionistas nos empreendimentos", conta Marques, além do interesse no segmento de geração.