Terna Participações investe em reforços e nova linha e mira LT do Madeira

 
Empresa levará em conta retorno para acionistas para fazer oferta pela linha. Investimentos no primeiro semestre foram de R$ 19,3 milhões

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia, Negócios 
 

Depois de uma série de aquisições no último ano, a Terna Participações começa a se beneficiar dos negócios com crescimento orgânico de 20%. Ao mesmo tempo, em que digere os ativos comprados, a empresa investe em novos projetos e em reforços. Além disso, a companhia já está de olho no próximo grande negócio do segmento: a linha de transmissão do Rio Madeira (RO, 6.450 MW), que ligará Porto Velho (RO) a Araraquara (SP).

"Em toda aquisição se espera um período de transição para captação de benefícios. Não foi o que aconteceu com a Terna. As aquisições foram positivas e já tem reflexos", disse Paulo Seidel, diretor de Relações com Investidores da Terna, nesta quinta-feira, 31 de julho, em entrevista coletiva. A Terna, em conjunto com os sócios Eletronorte e Bi-Metal, iniciou as obras das linhas de transmissão da Brasnorte no Mato Grosso.

O empreendimento, com previsão de operação em setembro de 2009, terá investimentos de R$ 210 milhões, dos quais R$ 54 milhões já foram realizados. "Os sócios do empreendimento estão sempre buscando oportunidades de minimizar os custos", afirmou. O epecista da obra é a nova companhia Terna Serviços, que fará as subestações do projeto. De acordo com Seidel, a empresa já recebeu R$ 5 milhões pelo contrato, o que corresponde a 10% do total firmado.

"Por enquanto, é o único contrato em carteira", salientou o executivo, em teleconferência com analistas e investidores. Os principais reforços da empresa são nas subestações Bom Jesus da Lapa II, Serra da Mesa e Serra da Mesa II, que receberão investimentos de R$ 43,5 milhões. As obras, que durarão 12 meses, vão resultar em uma Receita Anual Permitida de R$ 7,5 milhões para a TSN, subsidiária da Terna.

Madeira - Os investimentos da Terna no semestre foram de R$ 19,3 milhões, dos quais R$ 11 milhões no segundo trimestre. Por outro lado, as aquisições, não incluídas nos aportes para investimentos, fizeram a dívida líquida da companhia chegar a R$ 1,390 bilhão, sendo R$ 560 milhões referentes a notas promissórias emitidas para alavancar recursos para a compra da ETEO. De acordo com Seidel, a empresa analisa opções de refinanciamento para esta dívida, buscando os melhores prazos e custos.

A Terna, apesar de envolvida com os atuais negócios, não esquece o crescimento futuro. O maior acontecimento do setor de transmissão nesse segundo semestre será o leilão das linhas do Rio Madeira, que vão ligar Porto Velho (RO) a Araraquara (SP). O governo já divulgou a minuta do edital, que divide o empreendimento em sete lotes, com a opção tecnológica a escolha dos investidores: corrente contínua ou híbrida.

"Estamos fazendo uma análise detalhada e criteriosa da parte técnica do projeto. E continuaremos fazendo até a entrega do envelope, se for o caso, para que traga o retorno adequado ao perfil de riscos da companhia", avaliou Siedel, acrescentando que analisa também as opções de financiamento. "Estamos estudando as duas tecnologias, fazendo um trabalho mais aprofundado", completou Alessandro Fiocco, diretor-geral da Terna.

Para Fiocco, a corrente contínua, a princípio, parece ser a mais eficiente em longas distâncias. De acordo com Seidel, o governo foi "inteligente" ao colocar as duas opções porque atrai os investidores não interessados em corrente contínua, o que aumenta a competição e beneficia o consumidor.