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Hidrelétricas do Madeira

Transmissão do Madeira é alvo da Intesa


    
    Maurício Capela
(jornal Valor Econômico)

O leilão das linhas de transmissão do complexo do Madeira está na mira da Integração Transmissora de Energia (Intesa), consórcio que está prestes a colocar em funcionamento outra extensa linha de transmissão que traz energia da hidrelétrica de Tucuruí até os estados de Goiás e Tocantins. Capaz de gerar 7,96 mil megawatts (MW), Tucuruí, que está localizada no Estado do Pará e pertence à estatal Eletronorte, teve suas linhas de transmissão divididas em três lotes. Um dos lotes licitados no fim de 2005 ficou com a Intesa. 

Segundo Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), companhia do Ministério de Minas e Energia, a intenção do governo federal é leiloar os 2,5 mil quilômetros de linhas de transmissão do Madeira no segundo semestre deste ano. Mas a modelagem ainda não foi definida. 

Já a venda das duas hidrelétricas do complexo do rio Madeira deverá estar concluída em maio deste ano, quando o governo federal negocia a segunda usina, Jirau. A primeira, Santo Antônio, foi leiloada em dezembro do ano passado, quando o consórcio liderado por Odebrecht e Furnas ofereceu um preço 35% menor que o valor-teto estabelecido pelo governo. 

As linhas do Madeira, inclusive, já despertaram também o interesse das construtoras espanholas, Abengoa, Isolux e Cobra, além da brasileira Alusa. A colombiana ISA, que controla a Cia. de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), e italiana Terna também já foram apontadas como fortes candidatas no processo de licitação. 

Com 51% do seu capital total na mão de um grupo de fundos, o FIP, além das estatais Chesf (12%) e Eletronorte (37%), a Intesa afirma que seus sócios andam conversando sobre as linhas de transmissão do Madeira, mas decisão alguma foi tomada pelo acionistas. O FIP é composto pelo fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef), da Petrobras (Petros), pelo braço de participações do BNDES (BNDESpar), entre outros, sendo que o gestor é o UBS Pactual. "Existem estudos sendo feitos em relação ao Madeira", reitera Guilherme Lacerda, presidente da Funcef, ao Valor. 

Mas enquanto os acionistas aguardam a definição da modelagem para tomar posição, a Intesa se prepara para energizar a linha em maio deste ano que trará o insumo da hidrelétrica de Tucuruí. Segundo Marcelo Pedreira de Oliveira, diretor-presidente da Intesa, a linha construída nos últimos dois anos tem 695 quilômetros de extensão e cinco subestações. 

O executivo explica que o empreendimento consumiu cerca de R$ 500 milhões, sendo que R$ 150 milhões saíram dos cofres dos acionistas. "O restante foi conseguido junto ao BNDES, que forneceu uma linha de financiamento de 12 anos, corrigida pelo índice TJLP", afirma Oliveira. 

A receita anual permitida (RAP), que é o faturamento que o consórcio conseguirá com o transporte de megawatts por essa linha, é de R$ 65 milhões por ano. Mas o executivo acredita que como a RAP é corrigida pelo índice de inflação IPCA, a linha renderá perto de R$ 70 milhões a partir de seu funcionamento. 

Uma das primeiras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a linha da Intesa é só mais uma das tacadas que a Funcef tem na área de infra-estrutura. "Mas este empreendimento é o único que temos em linhas de transmissão", conta o presidente do fundo. 

Atualmente, a Funcef está envolvida em 21 FIPs, que na verdade são fundos de participações em diversos projetos. Nestas 21 iniciativas, o investimento total aproxima-se dos R$ 5 bilhões, sendo que a parcela da Funcef é de R$ 1,7 bilhão. 

O fato é que os leilões de linhas de transmissão no Brasil têm mostrado um forte deságio e grande competição. Em 2006, lotes de linhas de transmissão tiveram deságio de até 51%, com forte presença das espanholas, como Elecnor e Cobra. 

 

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