Emmanoel Gomes.
Professor e Historiador.
”A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.” (Goethe)
|
MAPA DE GUAJARÁ MIRIM |
Guajará Mirim é uma cidade que ainda precisa ser desvendada, revelada e discutida em seus múltiplos aspectos históricos e culturais.
Assentar os dormentes na etapa final da construção da Madeira Mamoré, localizada em uma das mais inóspitas e isoladas regiões do mundo foi o objetivo de milhares de homens que ficaram tragicamente para trás e não puderam ver e nem banhar nas águas da “Cachoeira Pequena”.
Guajará era a grande conquista almejada por aqueles que, trezentos e sessenta e seis quilômetros anteriores, iniciaram a grande aventura e batalha contra o infinito e obscuro espaço amazônico.
|
VISTA PANORÂMICA DE GUAJARÁ MIRIM EM 2006. |
Guajará, como meta a ser alcançada, foi uma espécie de prêmio dos homens de ontem aos homens de hoje. Não é exagero cobrar de todos que ali queiram se aventurar, que respeitem a terra, as pessoas, as tradições, a floresta e as águas de Guajará Mirim, pois, tudo que existe ali, foi resultado de uma profunda e dolorosa jornada, “homens de aço assentaram trilhos de ferro”. O hoje é resultado de um trabalho que exigiu dos homens e mulheres um esforço titânico. Guajará foi o grande e verdadeiro símbolo da conquista amazônica no extremo oeste Brasileiro, a última fronteira a ser conquistada, a “Pérola do Mamoré”.
Guajará Mirim é um símbolo da vitória do homem sobre o absurdo clima equatorial e medonho abismo amazônico do final do século XIX.
Representa a conquista de novos espaços para a civilização, moldada em novos valores tecnológicos e culturais do final do século XIX.
Que as almas dos que se foram, em função da dramática empreitada, possam descansar em paz, pois foram personagens de uma história épica, inigualável, capaz de causar um sentimento de espanto, grandiosidade e orgulho para seus filhos e descendentes, bem como a todos que conhecerem sua trajetória.
|
Locomotiva 17. Pátio do Museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em Guajará Mirim
|
Antes da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, Guajará se chamava Porto Espiridião e já se constituía como importante entreposto comercial, onde os seringalistas e seringueiros, brasileiros, bolivianos, gregos e troianos se instalaram para dar seguimento aos frutíferos negócios da borracha.
A localidade que faz fronteira com a Bolívia ganhou impulso com a construção da Estrada de Ferro, tem sua verdadeira origem em 1912, ano da conclusão da “Anaconda de Ferro”, quando homens e máquinas foram premiados com a revelação de uma paisagem encantada, a Serra do Pacaás e o encontro das águas.
O feito comparado ao Canal do Panamá, viveu seu momento de glória quando da sua conclusão em abril de 1912. Os homens de todos os lugares se tornaram homens daqui, ganharam “sustância” fortalecidos pelas caldeiradas, caldos, castanhas e refrescos tropicais, realizaram sabe-se Deus como, uma das obras mais difíceis de toda nossa história .
Guajará Mirim foi elevado à condição de município no dia 12 de julho de 1928 e em 13 de setembro de 1943 se tornou município do Território Federal do Guaporé ao lado de Santo Antônio das Cachoeiras, Porto Velho e Lábrea, tendo como primeiro prefeito, na época chamado de Superintendente, o médico Dr. Boucinha de Meneses.
Guajará, que recebeu o título carinhoso de “Pérola do Mamoré”, também possui características que merecem ser destacadas.
É provavelmente o município mais verde do Brasil e do mundo, pois noventa e cinco por cento de suas florestas estão de pé, é rodeada por parques de preservação ambiental, reservas de conservação extrativistas e ainda reservas indígenas. Em época de aquecimento global, onde profundas criticas sobre o desmatamento da Amazônia se massificam na mídia regional, nacional e internacional, Guajará torna-se um exemplo para todos.
Guajará Mirim desmonta a tese de que os brasileiros não conseguem preservar a floresta amazônica. Podemos sim, cuidar da rica floresta tropical. Guajará está bem ali, para provar nossa tese.
Um outro aspecto é seu potencial turístico, quando devidamente trabalhado se tornará referência na Amazônia, pois une várias questões como: patrimônio histórico, rios maravilhosos, a serra do Pacaás, culinária regional, a visita e contato com a rica cultura boliviana, música, dança e a pesca, além do turismo de aventura.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)