Terça-feira, 23 de outubro de 2007 - 21h23
Verônica Soares
Da Rádio Nacional da Amazônia
Pesquisadores de duas universidades da Amazônia alertam para a destruição dos geoglifos desenhos geométricos no solo com até 4,5 metros de profundidade e uma área de até 200 metros, feitos por civilizações que viveram há 800 a 2,5 mil anos na região onde hoje fica o estado do Acre.
Os desenhos só podem ser vistos totalmente do alto e são encontrados também na região andina do Chile, do Peru e da Bolívia. No Brasil, há registros em mais dois estados: Amazonas e Rondônia. O primeiro deles foi descoberto no Acre, em 1977, e segundo o professor Alceu Ranzi, da Universidade Federal no estado, os desenhos ficam geralmente em propriedades particulares ou à margem de rodovias, como a BR-364 e a BR 317.
"Os geoglifos estão sendo destruídos por desconhecimento, por não haver informação de que no local onde se vai fazer uma obra de infra-estrutura existe esse sítio arqueológico", disse o professor, para quem a falta de estudos anteriores à realização das obras "coloca em risco um patrimônio brasileiro protegido por lei".
Para preservar os geoglifos, o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), em parceria com a Universidade Federal do Pará e a Universidade Federal do Acre, está fazendo um mapeamento dessas figuras. Segundo o chefe da sub-regional do Iphan no Acre, Fernando Figalli, "quando tivermos esses estudos prontos, de identificação e de mapeamento, poderemos ter certeza de onde ficam os sítios e, assim, informar não apenas a sociedade mas principalmente as instituições governamentais".
Ao final do estudo, acrescentou, deverá ser proposto o tombamento de algumas dessas estruturas, inclusive com solicitação posterior à Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para exame e possível declaração como patrimônio da humanidade.
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