Quinta-feira, 31 de janeiro de 2008 - 14h31
Plantas típicas da Amazônia fornecem matéria-prima para empresário produzir extratos que aromatizam bebidas e alimentos
Cascas, folhas, flores e frutos de plantas típicas da Amazônia estão sendo transformados em extratos concentrados com os quais o paulista Luiz dos Santos Poklen aromatiza cachaças, vinhos e alimentos como carne e frango, além de dar novos sabores ao tradicional café.
Em 1980 ele foi para Rondônia interessado na exploração de madeiras que vendia em toras. De lá passou para o Acre onde trabalhou em Tarauacá, Porto Acre e Acrelândia, mas, com o aumento no rigor das leis ambientais, migrou para a compra de gado, com o que tem trabalhado nos últimos sete anos.
“Desde os tempos que a gente trabalhava na mata, sempre admirei os cheiros e sabores das nossas madeiras, ervas e frutas com as quais o povo fabrica garrafadas medicinais, doces e licores. Mas, foi durante uma viagem à minha cidade natal, Vilarema, em São Paulo, que encontrei um amigo produzindo cachaça envelhecida com madeiras. Daí pensei: se a madeira é tão boa, as cascas, que é onde estão as principais essências de nossas plantas, é que vão dar uma essência boa mesmo”, recorda Poklen.
Mas, da idéia à prática, o processo já consome mais de três anos, período em que ele se aliou a um bioquímico que o orienta nos processos de extração com apoio da Unidade Técnica de Alimentos (Utal) da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do laboratório de toxicologia da Universidade de São Paulo (USP) de Araraquara, a única que faz esse tipo de teste na América Latina.
“Tive muito trabalho e mesmo assim cometi erros que causaram a perda de alguns extratos, mas depois peguei o jeito. Praticamente não há informações de como fazer a legalização desse tipo de trabalho, por isso encontrei muitas portas fechadas”, conta. Mas, com ajuda de amigos e o contato com o Ministério da Agricultura, as coisas começaram a andar.
Cuidados compensados - Tanto esforço e dedicação estão sendo compensados. “Agora já estou com as patentes dos extratos de bálsamo, catuaba e copaíba. Nos próximos dias, saem os da imburana [cerejeira], jatobá, ipê, quina-quina e jurubeba”, conta.
Neste momento já está entrando com o pedido de patente dos extratos de açaí, buriti, pacoba, guaraná, araçá-boi, castanha, marolo, andiroba, lima, cereja, maçã, café, gengibre e hortelã.
Tudo é feito em nome da empresa de extratos naturais Kynã. No rótulo, uma ararinha colorida e uma foto do rio Acre serpenteado pela floresta dão identidade ainda mais amazônica ao produto que entrará no mercado ainda neste ano.
Articulando-se para instalar a futura fábrica em Senador Guiomard, o patenteador dos extratos da floresta espera ser beneficiado com os incentivos da Comissão Política de Incentivo às Atividades Industriais no Estado do Acre (Copiai) para financiar a construção e instalação dos equipamentos, que hoje ainda são totalmente artesanais.
Apesar disso, a proposta inicial de trabalhar com bebidas já evoluiu porque ele descobriu que pode transformar suas essências em pó, com o qual as pessoas podem aromatizar tanto bebidas quanto alimentos ou dar o uso que bem quiser.
Valorização da cultura - Ele faz questão de lembrar que não é o descobridor desses aromas e sabores já consagrados pela cultura cabocla de índios, seringueiros e colonos, os verdadeiros doutores da floresta que, por necessidade, descobriram nestas plantas não apenas o prazer, mas o socorro na cura de muitas doenças, inclusive soluções para a impotência sexual.
“Colonos, seringueiros e índios acumularam um grande conhecimento que nunca foi devidamente valorizado. Com meu trabalho espero estar valorizando e preservando o que é nosso antes que outras pessoas façam isso”, diz Poklen.
Outro fato lamentado por Poklen é o fato de que nenhum dos alambiques que produzem cachaça artesanalmente no Acre e em Rondônia está legalizado. Isso o obriga a importar de Minas Gerais o álcool que usa no preparo de suas essências.
Produtos de mercado - Já estão devidamente registrados e até com modelo de rótulo pronto três extratos de cachaça branca formados pela combinação com copaíba e bálsamo. Poklen conta que, um dia destes, acrescentou a essência a uma garrafa e experimentou a bebida com amigos. No dia seguinte, não teve ressaca e o hálito estava limpo. “Foi então que descobri sua propriedade anti-ressaca, contra o mau hálito e o cheiro forte no suor. Foi uma surpresa”, conta.
Poklen esclarece que, embora a cultura tradicional tenha consagrado as propriedades medicinais da maioria destas plantas, sua comercialização como medicamento só pode ser autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) num processo caro e demorado. Por isso, quem quiser conhecer as propriedades medicinais destas plantas, frutos e flores pode fazê-lo acessando o site www.plantamed.com.br, através do qual terá informações sobre o que a ciência já confirmou delas.
Juracy Xangai
Fonte: Agência Sebrae
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