Sábado, 22 de março de 2008 - 11h35
ÁGUA: Desperdício diário é suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas
Luana Lourenço
Agência Brasil
Brasília - Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a 2.500 piscinas olímpicas (em média 2,5 milhões de litros de água). E a culpa neste caso, não é do consumidor. A perda de cerca de seis bilhões de litros o suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas acontece entre a retirada dos mananciais e a chegada às torneiras.
Os números fazem parte de um relatório do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento básico e do volume de desperdício de águas no país. De acordo uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately, as perdas são causadas por vazamento nas redes de abastecimento, sub-medição nos hidrômetros e fraudes.
PORTO VELHO CAMPEÃ EM DESPERDÍCIO
A maioria das capitais 15 das 27 perdem mais da metade da água produzida, de acordo com o relatório. Porto Velho, capital de Rondônia, é a campeã em desperdício, com 78,8% de perda. As cidades de Rio Branco, de Manaus e de Belém também têm índices superiores a 70%. O desperdício nessas capitais seria suficiente para abastecer quase cinco milhões de habitantes.
De acordo com a superintendente de Produção de Água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Tânia Baylão, a redução de desperdício passa por garantia de investimentos nas redes e atendimento rápido de notificações de vazamentos.
Combater a perda tem que ser uma diretriz básica, temos inclusive uma linha de financiamento prioritária para isso. O Distrito Federal é a unidade da federação com o menor registro de perda na distribuição, com 27,3%.
Além da perda na distribuição, o relatório também apresenta um mapa do consumo doméstico de água e mostra que a média nacional, de 150 litros per capita, está 40 litros acima do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, o consumo ultrapassa 220 litros por dia.
Infelizmente, o brasileiro acha que como temos bastante água no Brasil, não é preciso economizar. Pelo contrário, temos regiões em que se você dividir o volume de água pela população, podemos considerá-las como áreas de déficit hídrico, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, explicou o chefe das assessorias da Agência Nacional de Águas (ANA), Antônio Félix Domingues.
A representante do ISA Marussia Whately aponta a conta de água conjunta em condomínios residenciais como uma das causas do alto consumo em regiões urbanas. O usuário acaba não tendo o mesmo cuidado com o aumento do consumo de água assim como tem com a conta de luz, compara. Ela defende que pequenas transformações em hábitos diários podem gerar grandes mudança e acredita que a conscientização é uma das ferramentas para diminuir o desperdício.
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