Domingo, 27 de julho de 2008 - 10h50
Livro do geógrafo Claudemir Mesquita conta a história de um rio que definha, e alerta as gerações para o caos da falta de água
Val Sales - Página 20
O livro "Lágrimas", escrito pelo geógrafo, Claudemir Mesquita, possui linguagem simples e poética, mas alerta para um grave problema que se acentua de forma progressiva. Ele alerta apara a falência progressiva do Rio Acre e a destruição de suas nascentes.
O assunto é tema de debates constantes das rodas dos ambientalistas, mas ainda não foi o suficiente para garantir a sobrevivência do manancial e a certeza de que os filhos e netos desta geração não terão que pagar preço de ouro pela água.
"O nome do livro (Lágrimas) é um termo que eu utilizei para fazer entender que o Rio Acre vem há muito tempo passando por um processo de falência múltipla de suas nascentes, de seus afluentes e agora do seu corpo inteiro", destaca o autor.
Segundo ele, a problemática é explicita a todos os que passam pela ponte e vêem que o rio está ficando mais magro a cada ano. "Estou registrando esse fato que passava despercebido porque o volume de água não era pequeno. O mais preocupante é que os problemas ambientais vêm crescendo na mesma proporção em que crescem as cidades e as erosões", acrescenta.
Claudemir lembra que o assoreamento é grande, o que faz com que o rio diminua. Pra ele, essa equação não vai fechar porque enquanto os problemas aumentam o rio míngua. "Tento colocar no livro que se não olharmos para o rio da forma em que garanta a perenidade de seu espaço, não podemos pensar ou sonhar um futuro que seja promissor para a nova geração", enfatiza.
70% das nascentes estão sendo desviadas de seus cursos
O geógrafo Claudemir Mesquita percorre todos os dias as áreas onde estão localizadas as nascentes dos rios e igarapés que cortam a capital. Ele afirma que parte da causa da diminuição dos mananciais está nos desvios feitos em suas fontes.
"Setenta por cento das nascentes nos municípios de Rio Branco, Xapuri, Brasiléia e Assis Brasil estão atendendo a outras finalidades, isto é, à atividade produtiva. O produtor rural está fazendo barragens e retendo a água para atender à sua atividade e não mais garantir a perenidade do rio", denuncia.
De acordo com o geógrafo, esse fato não pode perdurar porque a água é um bem de todos. "Se a gente não tomar uma atitude hoje, e os gestores não pensarem em políticas públicas para provocar uma mudança de comportamento na convivência com o rio, no futuro não haverá água para a cidade sobreviver", alerta.
O rio abandonado na história
"Os ribeirinhos, donos de uma insígnia tradicional das populações da Amazônia, poderão um dia se tornar história de pescadores em águas de um rio que no passado era abundante. Admitimos então que a cada ano se tornará mais difícil armar ou fixar os pilares da independência social, econômica, cultural e ambiental". O diz o texto do livro.
E segue: Poucos são os homens que ainda lhe dão o valor devido e poucos foram os historiadores que passaram para seus filhos e netos a delicadeza da história de glória ou de agonias que viveram sobre suas suaves águas, aviando alimento e cultura às populações ribeirinhas, ano a fio sob e à temperatura escaldante do clima amazônico.
Nesse contexto também estão inseridos as rodas de conversas, causos, relatos e histórias contadas na beira do barranco. Em apenas 30 anos de ocupação na cidade de Rio Branco já foram destruídos 86 quilômetros de rios e igarapés. Se o processo permanecer em ritmo acelerado, possivelmente em cem anos metade da drenagem dos afluentes do Rio Acre poderá ser extinta.
Pensamentos do autor
Minhas letras não têm curvas e nem retas tão precisas quanto o teu desenho escultural. Mas o meu sentimento ergue o mistério do tempo para intuir o que corre e germina nas entre linhas da tua vida. Sei que por séculos buscas o reconhecimento na esteira do rodapé do direito e das resoluções das Leis ambientais.
Oh! Manancial de água doce e macia resista o sono da nossa ignorância e transforme o tempo para o seu tempo. Perdoa aqueles que olham para teu leito exalando mau cheiro e não se manifestam em tua defesa. Não permita que nossos sonhos se transformem em desespero, mas em esperança, pelo bem que desejamos te fazer.
Fincarei minha ancora de literatura, versos e prosas nos degraus e barrancos do teu reino em busca da semente fértil que mora no coração de cada homem a fim de protegê-lo. Se um dia teu inestimável valor for compartilhado com o povo, não vamos mais chorar porque a única borboleta alçou, vou! Vamos sim, se encantar com a cachoeira da fraternidade, seduzidos pelo colorido das borboletas.
Segues e vai enfrente. As pedras do caminho? Em todo rio há pedras. Da poluição? Não há rio que escape. Que nada te detenha. Nem mesmo o tédio da solidão sem fim.
Fonte: Jornal Página 20 - Rio Branco - Acre
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