Quarta-feira, 19 de novembro de 2008 - 10h29
Amazônia esconde a verdade na execução de obras públicas
CARLOS GILBERTO ALVES (*)
Agência Amazônia
SÃO PAULO, SP – De tempos em tempos aplicam-se pesquisas para apurar a satisfação de vida na América Latina e Caribe. Rendem algumas manchetes para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e um bom dinheiro para o Instituto Gallup.
Segue-se o clássico seminário para discutir a matéria, que premia com diárias os participantes de outras localidades. E, na etapa final, a pesquisa acaba tendo o destino das anteriores. É sepultada nas bibliotecas do BID, do Ministério do Planejamento, do BNDES, do IPEA, entre outros, para gáudio das traças.
E por que isso ocorre de tempos em tempos? Você matou a charada. Os brasileiros em geral – e os jornalistas em particular– ignoram essa ferramenta chamada avaliação. Inclusive o BID, patrocinador da festejada pesquisa. Para se obter um empréstimo lá, mais importante é o acesso político à direção do banco, do que o embasamento técnico. (NR. O autor se refere à nota de Montezuma Cruz, sobre o assunto.
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Goulart editou lei incontestável /ARQ.NACIONAL |
Art. 79 – Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na legislação, caberá o controle estabelecido no inciso III do artigo 75.
Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em termos de unidades de medida, previamente estabelecidas para cada atividade.
Vejamos o que diz o tal inciso III do Artigo 75:
Art. 75 – O controle da execução orçamentária compreenderá:
...
III. O cumprimento do programa de trabalho, expresso em termos monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.
Quanto se fez?
De nada me adianta dizer que o Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil (Polonoroeste), no ano y, gastou x em estradas, e, no ano y+1, gastou (x-n). Aparentemente, no ano y houve mais atenção à infra-estrutura da região do que no ano seguinte. É mera aparência. Pode ter ocorrido exatamente o contrário.
Explico-me: se a lei fosse cumprida, o Governo teria de divulgar, também, quantos quilômetros de estrada construiu ou consertou com os recursos orçamentários. Assim, um gestor desonesto, poderia no ano y abrir menos quilômetros do que o gestor honesto que o seguiu e que, com os tais (x-n) abriu mais quilômetros de estradas.
E isso é válido para tudo. Desta forma, ano a ano, teríamos respostas para as interrogações que, antes tarde do que nunca, você coloca na web. E respostas para a eficácia dos gastos com cada centavo do dinheiro que o Estado nos extorque e nos empobrece.
Que ao menos, saibamos pedir conta do Leviatã. O custo dele está sob meus olhos: velhinhos aposentados, encolhidos sob uma platibanda, com cartazes de propaganda. Os homens-sanduíche de São Paulo. Pagaram o INSS a vida inteira e agora ganham benefícios miseráveis. Por quê? Porque a Previdência do funcionalismo público devorou o trabalho deles. É por isso que temos um Estado que não quer prestar contas. Alguém está ganhando. E, creia-me, bem mais do que podem ganhar 513 deputados e 81 senadores.
(*) O autor é editor na Rádio Jovem Pan, trabalhou para os Diários Associados e foi chefe da sucursal da Empresa Brasileira de Notícias em Porto Velho (RO).
Fonte: A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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