Domingo, 7 de dezembro de 2008 - 11h08
Em debate no programa Observatório da Imprensa, jornalistas criticam cobertura da imprensa sobre a Amazônia.
LILIA DINIZ (*)
RIO — O Observatório da Imprensa exibido terça-feira (2/12) pela TV Brasil e pela TV Cultura debateu a cobertura dos meios de comunicação sobre a Amazônia. A maior floresta tropical úmida do mundo, onde está a maior rede de rios do planeta e o maior volume de água doce da Terra, é constantemente posta de lado pela mídia. A imprensa noticia problemas como o desmatamento, queimadas e grilagem, mas ignora a complexidade da região.
No editorial do programa, Dines disse que a trajetória do líder sindical e ambientalista Chico Mendes foi esquecida pela mídia e que esta não valorizou a luta do líder nem na passagem dos 20 anos do assassinato. "A mídia trata freqüentemente do desmatamento da Amazônia. Menciona as últimas estatísticas, discute o placar da destruição ambiental como se fosse uma grande partida de futebol, mas a sociedade brasileira ainda não foi convocada para continuar a campanha de Chico Mendes em favor do desenvolvimento sustentável da Amazônia", criticou. A sociedade transformou o líder sindical em passado e não gosta de mexer no passado mesmo quando este ameaça a sobrevivência da espécie humana.
Amazônia, perto e longe
Cobertura superficial
O programa também ouviu a opinião do supervisor geral do Repórter Eco, da TV Cultura, Washington Novaes, um dos pioneiros na cobertura de meio ambiente. O jornalista avaliou que não há estratégia nem dinheiro para se resolver os graves problemas da região. “O orçamento do Ministério do Meio Ambiente é ridículo”, criticou. Faltam dados em diversos setores, como o cadastro de terras. “É preciso dar mais atenção e exigir muito mais”, afirmou.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto, que edita quinzenalmente em Belém do Pará o "Jornal Pessoal" e tem diversos livros publicados sobre Amazônia, comentou que a imprensa usa o “método de choque”. Só se mobiliza quando há um grande problema. As discussões propostas pelos veículos de comunicação não são aprofundadas e muitas medidas adotadas pelos governantes não têm continuidade. Essa falta de seqüência “faz com que o Brasil continue falando muito e entendendo pouco de Amazônia”.
No debate ao vivo, Edilson Martins contou que conheceu Chico Mendes pouco antes de 1975, quando o seringueiro era presidente do sindicato dos trabalhadores de Xapuri, no Acre. Para o jornalista, o assassinato de Chico Mendes é um dos exemplos dramáticos de como, eventualmente, a imprensa “pisa na bola”. Edilson Martins relembrou que uns dez dias antes da morte do líder sindical ofereceu ao "Jornal do Brasil" uma entrevista com Chico Mendes. O depoimento não foi publicado.
A sociedade não conhece a Amazônia e um dos fatores que contribui para esse fato é a ausência de editorias específicas para o meio ambiente e de correspondentes baseados na região. A imprensa não tem conhecimento e por isso não divulga problemas graves, como a situação dos índios e dos garimpeiros, a prostituição e a pirataria de essências e de plantas medicinais. Para a Amazônia ser salva é preciso que jornalistas, principalmente os que vivem na região da floresta, levem a realidade para os brasileiros.
Transformar a abstração em realidade
“Essa Amazônia da qual nós estamos falando não existe. É por isso que o leitor não se interessa”, avaliou Guilherme Fiúza. Fiúza comentou que a morte de Chico Mendes teve destaque nos meios de comunicação não só pela importância política do líder sindical, mas também pelo lado humano. “A Amazônia precisa de gente, de cara. A Amazônia não é um fetiche, um pulmão, um jardim, uma abstração”, disse. Para Fiúza, a floresta não é “um placar de desmatamento”, é uma conjunção de pessoas e ambientes que precisa deixar de ser remota. Para torná-la mais real, a imprensa deve divulgar histórias reais de pessoas comuns, e não só números. Termos como "plano de manejo" e "reserva extrativista" não costumam despertar a atenção da sociedade.
Na opinião de Chico Araújo, infelizmente, a imprensa do Norte do país não é militante nas questões ambientais e não cobre os problemas locais. O jornalista citou um exemplo do problema: quando trabalhava para o Estado de S. Paulo, jornais de Manaus e outras cidades da Amazônia esperavam a Agência Estado distribuir o boletim informativo com notícias sobre a região para elaborar a manchete dos jornais.
Outra deficiência abordada por Chico Araújo foi a ausência do Estado na floresta. Para ele, é grave o fato de o governo não levar políticas públicas para a região. As poucas iniciativas existentes são dispersas. Outro fator que agrava a situação da imprensa local é o cerceamento da informação por parte dos governos estaduais. Muitos governos na Amazônia não têm interesse de que notícias desfavoráveis circulem pelo estado. Como alguns jornais regionais dependem da mídia governamental, seguem a pauta ditada pelo governo.
(*) Jornalista e produtora do programa Observatório da Imprensa.
Fonte: A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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