Segunda-feira, 16 de dezembro de 2019 - 13h02
A perereca Phyllomedusa camba, de coloração verde vibrante e peculiar por ter “polegares” opositores, está sendo estudada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) devido à sua classificação de perigo crítico de extinção. Parte da segunda etapa da pesquisa que envolve especialistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a iniciativa desta vez foi realizada na semana passada e contou com apoio de estudantes do Ifro (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) de Colorado do Oeste em incursões na mata para encontrar espécies de anfíbios anuros no Cone Sul.
O projeto “Anfíbios do Sul de Rondônia” objetiva catalogar as espécies da região, disseminar a conscientização em prol do Meio Ambiente e também promover descobertas científicas importantes. Espécimes coletados aqui serão analisados no Rio de Janeiro e incluídos em registros nacionais de espécies, muitas encontradas pela primeira vez em Vilhena, no Cone Sul e até em Rondônia.
Thiago Baldine, assessor da Semma, explica que o estudo pode revelar até mesmo novas espécies para a Ciência e ajudará no controle de doenças. “Os anuros comem em média mil insetos por dia. Isso contribui para reduzir a população de insetos transmissores de doenças. Além disso, como eles são muitos sensíveis à mudanças de temperatura, umidade e pluviometria, os anfíbios são bioindicadores da preservação ambiental, ou seja, por meio da presença, ou ausência, desses animais conseguimos medir a degradação, ou não, de um determinado local”, explica Thiago.
RÃ COM “POLEGARES” OPOSITORES - Um dos destaques desta segunda etapa do projeto foi a captura da rã Phyllomedusa camba, considerada criticamente ameaçada de extinção pela IUCN Red List (Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). “Este é um animal exótico, que possui dedos de ‘polegar’ opositores aos outros, o que a permite caminhar, em vez de apenas pular como as demais. Além disso, essa característica favorece a rã agarrar melhor nas folhas e galhos pelas quais se desloca, o que fez ela e outras espécies semelhantes ganharem o nome coloquial de ‘Perereca-macaco’”, explica Marcela Almeida, secretária municipal de Meio Ambiente de Vilhena.
Outro tema investigado pelo grupo é a comparação desses animais de floresta nativa com os que vivem no sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), utilizado por alguns produtores rurais do Cone Sul. Os pesquisadores trabalham com a hipótese de que nesse sistema de cultivo e cria de animais é possível conseguir boa rentabilidade sem agredir as espécies silvestres.
O coordenador de licenciatura em Ciências Biológicas do Ifro de Colorado, Diego Soares Carvalho, ressalta a importância do estudo. “A inserção dos nossos alunos neste projeto contribuiu muito para sua formação e iniciação em pesquisas científicas. Essa parceria entre os três órgãos é fundamental, pois nossa região é carente de iniciativas científicas. Parabenizo a Semma pela iniciativa, nosso Estado só tem a ganhar”, conta.
“Acho muito importante esse projeto, pois traz experiência e nos capacita para atender a demanda do nosso campus”, diz a estudante Letícia Cardoso, participante dos estudos nesta semana.
“É importante pois abre grandes oportunidades para os estudantes de Biologia. Estudar os anfíbios da região é fundamental, pois muitas espécies aqui não são conhecidas ou não foram registradas ainda no Cone Sul. Como vivemos em uma zona ecótona, de transição da Floresta Amazônica e do Cerrado, há a possibilidade de encontrarmos espécies novas que já vão estar em perigo de extinção”, avalia Gabriele Bersch, estudante que acompanhou a expedição.
A pesquisa se estenderá a todas as cidades do Cone Sul, e já foi iniciada em Vilhena e em Colorado. Sem custo para a Prefeitura de Vilhena, a ação foi submetida ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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