Quarta-feira, 12 de setembro de 2007 - 20h35
Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil
Brasília - A estiagem prolongada, a vegetação seca e a baixa umidade relativa do ar fazem com que 2007 seja considerado o "ano do fogo", de acordo com o coordenador do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Elmo Monteiro. Segundo ele, neste ano já foi registrado um número 30% maior de queimadas em áreas florestais que no mesmo período do ano passado.
"Em 2006 tivemos algumas chuvas no período de estiagem, o que não tivemos este ano, e isso tem prejudicado bastante o controle do incêndio no país", explica.
Em agosto, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) registraram 16.592 focos de incêndio em todo o país. O número é mais que o dobro do constatado no mesmo período do ano passado (8,2 mil focos). Os estados que mais registraram focos foram Pará (5.020), Mato Grosso (4.665) e Rondônia (1.663).
Monteiro apontou a utilização de fogo fora de época, especialmente por pequenos agricultores, como outro fator que preocupa as equipes que trabalham no combate a incêndios florestais: "Isso tem nos preocupado muito porque, por mais que você tenha um trabalho de prevenção, com as questões climáticas associadas à atuação dessas pessoas realmente fica muito difícil para nós controlar essas unidades".
Ele disse que o Prevfogo faz, anualmente, convocação nas comunidades que residem no entorno das unidades de conservação para selecionar e treinar brigadistas, que depois são contratados para prevenção e combate ao fogo. "As unidades são dotadas de equipamentos de combate, veículos, quando necessários, aeronaves, caminhões-pipa, equipamentos individuais", disse. Segundo Monteiro, o contingente soma 950 brigadistas, e a meta é chegar ao final do ano com 1.288.
"Com o nível dos incêndios que estão ocorrendo este ano, os brigadistas do Prevfogo não são suficientes, então temos que recorrer ao apoio de outras instituições, como militares do Corpo de Bombeiros, Exército, voluntários, além de outras instancias, como a Polícia Federal. Quando foge a esse controle trabalhamos em parceria com instituições estaduais e municipais", acrescentou.
Segundo ele, a vegetação do cerrado é a mais atingida pelos incêndios. A maior área florestal queimada até agora neste ano foi registrada no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Lá, pelos dados do Inpe, o fogo consumiu 40,7 mil hectares, o que representa quase 60% da área total do parque. O incêndio foi debelado no último fim de semana, mas degradou o equivalente a meia Goiânia (ou 40 mil campos de futebol).
No Parque Nacional de Brasília, também conhecido como Água Mineral, o estrago também foi grande: 11 mil hectares atingidos pelo fogo. Também foram registrados incêndios no Parque Nacional do Itatiaia, no Rio de Janeiro, no Parque Nacional da Serra do Cipó e no Grande Sertão Veredas, ambos em Minas Gerais, mas os focos já estão controlados.
No momento, os brigadistas tentam conter o fogo no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, que já atingiu 3 mil hectares. Também há incêndios em fase inicial no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e na Floresta Nacional de Carajás, no Pará.
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