Sábado, 29 de março de 2008 - 07h14
As pastagens cultivadas tiveram uma grande expansão no Brasil durante as décadas de 70 e 80, principalmente com o lançamento de espécies de gramíneas do gênero Brachiaria. Em Rondônia, esse gênero é predominante nas pastagens e estas, por sua vez, são a base da pecuária bovina, tanto de corte quanto de leite. Como na maioria das vezes essas pastagens são formadas após a derrubada da floresta, em solos de baixa fertilidade natural e não são manejadas adequadamente, é comum que essas áreas apresentem-se degradadas alguns anos após o seu estabelecimento.
Atualmente, a degradação de pastagens é um dos maiores problemas enfrentados pela pecuária brasileira. Estima-se que na Amazônia e no Brasil Central, metade das pastagens cultivadas esteja degradada ou em processo de degradação. Nessa situação, observa-se a redução da capacidade de suporte da pastagem com conseqüente decréscimo da produtividade do rebanho.
Uma das estratégias para solucionar este problema tem sido a promoção do acúmulo de biomassa no solo, a fim de promover o suprimento adequado de nitrogênio para as pastagens, o que pode solucionar o problema de limitação de fósforo uma vez que este fica acumulado na fitomassa para posterior reciclagem. A incorporação de nutriente ao sistema solo-pastagem por meio da biomassa das árvores é maior no caso de leguminosas arbóreas devido à capacidade das mesmas de fixar o nitrogênio do ar atmosférico.
A integração de árvores, pastagem e animais pode promover o uso sustentável da terra, ao aliar a capacidade do componente arbóreo de proteger o solo e melhorar a sua fertilidade à capacidade das pastagens e das gramíneas de facilitar o controle de erosão do solo e o acúmulo de matéria orgânica. A presença de árvores nas pastagens, normalmente, gera impactos ambientais favoráveis principalmente por criar condições climáticas adequadas aos animais. Os bovinos, principalmente os de aptidão leiteira, são muito sensíveis às altas temperaturas a ponto de terem seus desempenhos produtivos prejudicados em condições de clima adverso. As altas temperaturas e a intensa insolação provocam redução no tempo de pastejo durante o dia e, conseqüentemente, prejudicam o consumo e o desempenho individual dos animais. O principal objetivo da arborização de pastagens cultivadas é o manejo adequado dos recursos que podem ser potencializados pelas árvores, de modo a se obter benefícios para sistemas pecuários baseados em pastagens.
Apesar dos inegáveis benefícios das árvores ao ecossistema pastoril, a presença de árvores em pastagens cultivadas na região amazônica ainda é pouco observada. Isto pode estar relacionado com a falta de divulgação sobre esses benefícios e, também, com fato de alguns técnicos e produtores considerarem que as árvores podem se torna invasoras ou podem produzir frutos tóxicos ou até reduzir a área útil da pastagem, entre outros motivos. Diante desta problemática, a Embrapa Rondônia, em parceria com a Embrapa Acre, está desenvolvendo um projeto para identificação de espécies arbóreas nativas que apresentem potencial para arborização de pastos no estado de Rondônia, a expectativa é a caracterização de espécies nativas para futuras recomendações de plantio em áreas de pastagens cultivadas.
AUTORIA
Ana Karina Dias Salman
Pesquisadora da Embrapa Rondônia
Márcia Valéria Brito Cavalcante
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