Domingo, 13 de maio de 2012 - 09h08
Quatro anos após a Operação Arco de Fogo, comandada pelo Ibama para coibir a comercialização ilegal de madeira em municípios da Amazônia Legal, produtores de Machadinho do Oeste, a 350 quilômetros de Porto Velho (RO), estão conseguindo superar as dificuldades encontradas no campo e aumentar a produção de leite. Os resultados positivos são provenientes da adoção de uma tecnologia da Embrapa difundida através do “Projeto Arco Verde”: a recuperação e renovação de pastagens degradadas.
Desde que implantou a tecnologia, em novembro de 2011, o produtor Marcelo Soares aumentou a média diária de produção de leite de 5 litros por vaca, em uma área de 40 hectares onde mantinha todo o rebanho, para 9 litros numa área de apenas 3 hectares, onde são mantidas as vacas em produção. Ele entende que não é necessário derrubar mais árvores para ter maior quantidade de terra e aumentar a renda, e que é possível produzir mais leite com um manejo rotativo da pastagem. “Assim não estou degradando a terra e nem acabando com a água e o meio ambiente. Com apenas 40 dias soltei o gado para comer o capim e foi uma alegria muito grande”, declara.
O irmão dele, que também tem uma pequena propriedade no Assentamento Maria Mendes (onde não há energia elétrica), Erisandro Soares, aumentou a média diária de produção de leite de 4,5 litros por vaca, numa área de 30 hectares para todo o rebanho, para 7 litros também em 3 hectares, onde ficam apenas as vacas em produção. Assim, a produtividade do rebanho aumentou mais de 30% e a ocupação da área foi reduzida em mais de cinco vezes. “Cada ano vou fazer um pouquinho, reflorestar várias partes do meu sítio e recuperar essas áreas”, afirma.
Ele explica que os 3 hectares são divididos em 24 piquetes. As 20 vacas leiteiras pastejam cada dia em um piquete diferente, o que garante quantidade e qualidade de alimento para os animais. “Antes era trabalhoso movimentar essas vacas em 30 hectares e agora está muito mais fácil”, conta Erisandro.
O pesquisador da Embrapa Rondônia, Claudio Townsend, explica que a finalidade da recuperação e da renovação das áreas de pastagens degradadas é reconvertê-las ao processo produtivo, evitando a agricultura itinerante na qual o produtor, ao invés de incorporar tecnologias ao sistema de produção, abre novas áreas de floresta para formar novas pastagens. “Além disso, o projeto inclui um pacote tecnológico com inseminação artificial e controle zootécnico e sanitário do rebanho. A melhoria da condição de renda do produtor pode evitar a saída dele do campo e o êxodo rural”, acrescenta.
Segundo o pesquisador, antes de implantar a tecnologia faz-se o diagnóstico da área para ver o grau de degradação e, assim, determinar a estratégia de ação a ser adotada. Nesta etapa, a análise química e física do solo é fundamental para que sejam definidos os níveis de correção e adubação, bem como o preparo do solo. “Nessas duas propriedades vem sendo utilizado o capim Mombaça [Panicum maximum cv. Mombaça], que é uma das gramíneas forrageiras indicadas pela Embrapa para a recuperação e renovação de pastagens, por ser produtiva e possuir alto valor nutricional, desde que bem manejada”, explica Townsend.
Parcerias
O Arco Verde conta com a parceria da Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater) e da Secretaria de Agricultura de Machadinho do Oeste, sendo que a última desenvolve um programa de melhoramento genético junto a mais de 300 produtores rurais. “Vamos até as propriedades onde checamos a sanidade animal do rebanho e realizamos a inseminação em tempo fixo. Neste quinto ano de programa, já foram inseminadas mais de 13 mil vacas leiteiras e cerca de 4,5 mil cabeças de gado de corte”, diz o técnico da Secretaria, Eanes da Paz.
O engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Samuel Fernandes, destaca que o sucesso do Arco Verde em Machadinho do Oeste deve-se em grande parte à parceria com a Secretaria de Agricultura. “Deu certo porque a equipe técnica abraçou o projeto, divulgou e desenvolveu as tecnologias em todas as regiões do município. Dois anos atrás, a maioria das pastagens estava degradada. Hoje, a realidade é outra. Há três anos, os produtores estavam indo embora das propriedades, mas agora está ocorrendo o contrário porque as famílias estão indo para o campo”, finaliza.
Projeto
O “Projeto Arco Verde”, liderado pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), foi iniciado em 2011. Além da Embrapa Rondônia também fazem parte da rede a Embrapa Amazônia Ocidental (AM), Embrapa Roraima, Embrapa Meio-Norte (PI), Embrapa Cocais (MA) e Embrapa Agrossilvipastoril (MT). O trabalho é uma continuação às ações do Mutirão Arco Verde Terra Legal, lançado em 2009 pelo Governo Federal, em 43 municípios prioritários da Amazônia Legal, com a finalidade de contribuir com a transição de um modelo de produção predatória para um novo modelo de produção sustentável.
Fonte: Kadijah Suleiman / Embrapa Rondônia
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