Terça-feira, 26 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Arco Verde: Recuperação e renovação de pastagens


Quatro anos após a Operação Arco de Fogo, comandada pelo Ibama para coibir a comercialização ilegal de madeira em municípios da Amazônia Legal, produtores de Machadinho do Oeste, a 350 quilômetros de Porto Velho (RO), estão conseguindo superar as dificuldades encontradas no campo e aumentar a produção de leite. Os resultados positivos são provenientes da adoção de uma tecnologia da Embrapa difundida através do “Projeto Arco Verde”: a recuperação e renovação de pastagens degradadas. Arco Verde: Recuperação e renovação de pastagens - Gente de Opinião

Desde que implantou a tecnologia, em novembro de 2011, o produtor Marcelo Soares aumentou a média diária de produção de leite de 5 litros por vaca, em uma área de 40 hectares onde mantinha todo o rebanho, para 9 litros numa área de apenas 3 hectares, onde são mantidas as vacas em produção. Ele entende que não é necessário derrubar mais árvores para ter maior quantidade de terra e aumentar a renda, e que é possível produzir mais leite com um manejo rotativo da pastagem. “Assim não estou degradando a terra e nem acabando com a água e o meio ambiente. Com apenas 40 dias soltei o gado para comer o capim e foi uma alegria muito grande”, declara.

O irmão dele, que também tem uma pequena propriedade no Assentamento Maria Mendes (onde não há energia elétrica), Erisandro Soares, aumentou a média diária de produção de leite de 4,5 litros por vaca, numa área de 30 hectares para todo o rebanho, para 7 litros também em 3 hectares, onde ficam apenas as vacas em produção. Assim, a produtividade do rebanho aumentou mais de 30% e a ocupação da área foi reduzida em mais de cinco vezes. “Cada ano vou fazer um pouquinho, reflorestar várias partes do meu sítio e recuperar essas áreas”, afirma.

Ele explica que os 3 hectares são divididos em 24 piquetes. As 20 vacas leiteiras pastejam cada dia em um piquete diferente, o que garante quantidade e qualidade de alimento para os animais. “Antes era trabalhoso movimentar essas vacas em 30 hectares e agora está muito mais fácil”, conta Erisandro.

O pesquisador da Embrapa Rondônia, Claudio Townsend, explica que a finalidade da recuperação e da renovação das áreas de pastagens degradadas é reconvertê-las ao processo produtivo, evitando a agricultura itinerante na qual o produtor, ao invés de incorporar tecnologias ao sistema de produção, abre novas áreas de floresta para formar novas pastagens. “Além disso, o projeto inclui um pacote tecnológico com inseminação artificial e controle zootécnico e sanitário do rebanho. A melhoria da condição de renda do produtor pode evitar a saída dele do campo e o êxodo rural”, acrescenta.

Segundo o pesquisador, antes de implantar a tecnologia faz-se o diagnóstico da área para ver o grau de degradação e, assim, determinar a estratégia de ação a ser adotada. Nesta etapa, a análise química e física do solo é fundamental para que sejam definidos os níveis de correção e adubação, bem como o preparo do solo. “Nessas duas propriedades vem sendo utilizado o capim Mombaça [Panicum maximum cv. Mombaça], que é uma das gramíneas forrageiras indicadas pela Embrapa para a recuperação e renovação de pastagens, por ser produtiva e possuir alto valor nutricional, desde que bem manejada”, explica Townsend.

Parcerias

O Arco Verde conta com a parceria da Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater) e da Secretaria de Agricultura de Machadinho do Oeste, sendo que a última desenvolve um programa de melhoramento genético junto a mais de 300 produtores rurais. “Vamos até as propriedades onde checamos a sanidade animal do rebanho e realizamos a inseminação em tempo fixo. Neste quinto ano de programa, já foram inseminadas mais de 13 mil vacas leiteiras e cerca de 4,5 mil cabeças de gado de corte”, diz o técnico da Secretaria, Eanes da Paz.

O engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Samuel Fernandes, destaca que o sucesso do Arco Verde em Machadinho do Oeste deve-se em grande parte à parceria com a Secretaria de Agricultura. “Deu certo porque a equipe técnica abraçou o projeto, divulgou e desenvolveu as tecnologias em todas as regiões do município. Dois anos atrás, a maioria das pastagens estava degradada. Hoje, a realidade é outra. Há três anos, os produtores estavam indo embora das propriedades, mas agora está ocorrendo o contrário porque as famílias estão indo para o campo”, finaliza.

Projeto

O “Projeto Arco Verde”, liderado pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), foi iniciado em 2011. Além da Embrapa Rondônia também fazem parte da rede a Embrapa Amazônia Ocidental (AM), Embrapa Roraima, Embrapa Meio-Norte (PI), Embrapa Cocais (MA) e Embrapa Agrossilvipastoril (MT). O trabalho é uma continuação às ações do Mutirão Arco Verde Terra Legal, lançado em 2009 pelo Governo Federal, em 43 municípios prioritários da Amazônia Legal, com a finalidade de contribuir com a transição de um modelo de produção predatória para um novo modelo de produção sustentável.

Fonte: Kadijah Suleiman /  Embrapa Rondônia

Gente de OpiniãoTerça-feira, 26 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Rondônia é líder em controle de desmatamento na Amazônia Legal, destaca Ministério do Meio Ambiente

Rondônia é líder em controle de desmatamento na Amazônia Legal, destaca Ministério do Meio Ambiente

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Governo Federal, publicou nesta semana levantamento que mostra os índices de desmatamento em to

Operação “Silentium et Pax” do Batalhão de Polícia Ambiental reprime poluição sonora em Porto Velho

Operação “Silentium et Pax” do Batalhão de Polícia Ambiental reprime poluição sonora em Porto Velho

Em uma ação estratégica para garantir o sossego e a qualidade de vida da população, o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) deu andamento à Operação “

Cremero implanta práticas internas entre colaboradores para incentivar a sustentabilidade

Cremero implanta práticas internas entre colaboradores para incentivar a sustentabilidade

Como órgão público, é dever garantir que as atividades e decisões impactem positivamente a sociedade e o meio ambiente. Esta é uma das premissas que

Porto de Porto Velho faz reconhecimento de pontos críticos no Rio Madeira

Porto de Porto Velho faz reconhecimento de pontos críticos no Rio Madeira

Com o objetivo de fazer o reconhecimento visual de pontos críticos do Rio Madeira, a diretoria do da Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Ro

Gente de Opinião Terça-feira, 26 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)