Sexta-feira, 21 de março de 2014 - 18h24
Além de recuperarem áreas de preservação permanente de suas propriedades,
os agricultores também recebem apoio para plantar espécies de valor econômico
Na semana em que se comemoram duas importantes datas - o Dia Mundial da Floresta (21/03) e o Dia Mundial da Água (22/03), o Centro de Estudos Rioterra também comemora uma importante meta alcançada para preservação ambiental: as ações do projeto Semeando Sustentabilidade patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental promoveram a recuperação de mais de 100 hectares de áreas de mata ciliar e reserva legal em aproximadamente 50 propriedades rurais dos municípios de Cujubim e Itapuã do Oeste.
Utilizando o método de Sistemas Agroflorestais (SAFs), as ações do projeto estão ajudando a mudar a paisagem no entorno da Floresta Nacional do Jamari e o resultado desse trabalho vai muito além do que os olhos podem ver. Ao utilizar práticas que combinam espécies florestais com frutíferas, o projeto está promovendo a recuperação de áreas degradadas, a preservação de florestas, reservas legais e nascentes de rios, e alavancando o desenvolvimento econômico e geração de renda para os produtores rurais da região.
“Há muitos outros benefícios. Os produtores que aderem ao CAR – Cadastramento Ambiental Rural, e recuperam áreas de floresta em suas propriedades caminham para a regularização de suas terras de forma gratuita, descobrem formas de desenvolvimento econômico e social e ainda conquistam o direito de pleitear créditos e financiamentos junto a entidades financeiras e aos órgãos governamentais”, acrescenta Alexis Bastos, coordenador de projetos do CES Rioterra.
Entre os beneficiados pelas ações do CES Rioterra está o agricultor Sílvio Barbosa que é proprietário do Sítio de sete hectares Jardim do Edem, na Linha 107,5 no Município de Cujubim. Além do apoio para recuperar áreas degradadas de sua propriedade, ele recebeu orientação dos técnicos agrícolas da instituição para tocar sua roça. “Quando comecei a cultivar minha roça eu não sabia quase nada. E por falta de informação eu quase perdi uma safra inteira de tomate. Mas um dia um técnico da Rioterra passou na minha propriedade e me ensinou como acabar com o fungo que estava destruindo minha plantação. Ainda consegui colher uns 50% do que plantai. Paguei as contas e me sobrou R$ 1.500 de lucro. Também recuperei uma área de pasto que estava degradada da minha propriedade e tenho aprendido muito em cursos que participo promovidos pela instituição”, detalha Sívio.
O agricultor Sílvio Barbosa do município de Cujubim é um dos beneficiados com as ações do projeto
Como o trabalho é feito
As ações do Semeando Sustentabilidade começam com a promoção de reuniões com os agricultores onde os técnicos da Rioterra explicam como o projeto funciona e os benefícios promovidos para a preservação e regularização ambiental de suas propriedades e para o fortalecimento econômico da comunidade.
Os agricultores que se interessam são cadastrados no Banco de Áreas e suas propriedades são georeferenciadas e avaliadas pelas equipes dos setores de Geotecnologia e RAD (Recuperação de Áreas Degradadas). “Criamos mapas com as informações da propriedade. Esses dados auxiliam os técnicos do RAD na escolha das espécies adequadas ao plantio, locais prioritários como nascentes de rios e áreas de erosão, entre outros aspectos”, explica Fabiana Gomes, presidente do CES Rioterra e responsável pelo setor de Geotecnologia.
Escolhidas as áreas onde as ações serão implementadas, é hora de desenvolver e executar um plano de ação em parceria com o produtor rural. “Para a escolha da área que será trabalhada e quais espécies serão plantadas é preciso considerar o valor de mercado das espécies disponibilizadas, a aptidão do produtor e seus recursos para trabalhar com a terra. Isso feito, o CES Rioterra entra com a doação de mudas e materiais para cercar a área escolhida, limpar, preparar o solo e plantar”, detalha Adriano Ramos, responsável pelo RAD.
As espécies de valor econômico demoram de seis meses a alguns anos até a colheita. O maracujá, por exemplo, pode ser colhido em, no máximo, nove meses, já o guaraná leva uns três anos para se desenvolver totalmente. Implantados os SAFs entra em ação a equipe da ATER – setor de Assistência Técnica e Extensão Rural do CES Rioterra. “Técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos acompanham o desenvolvimento da produção. Orientam o agricultor sobre como cuidar de sua propriedade, irrigar corretamente, controlar pragas e ter uma colheita satisfatória. Temos essa missão: ajudar o produtor rural a alavancar sua produção de forma sustentável, ter condições de gerar renda e assim oferecer mais qualidade de vida para sua família”, completa Ueliton Pinheiro, responsável pela ATER.
O QUE É O SAF
Sistema Agroflorestal é uma forma de uso da terra que combina em uma mesma área o cultivo de espécies frutíferas/madeireiras com cultivos agrícolas/animais, para melhorar a produção rural de forma sustentável podendo ser adaptado às necessidades e aos objetivos produtivos do proprietário.
As vantagens de se adotar esse sistema são vários. Entre eles: melhor proteção do solo contra os efeitos erosivos da chuva e minimização da erosão, lixiviação e compactação; mais eficiência no uso de fatores de produção, aumentando a qualidade, a diversificação dos produtos e a segurança alimentar; conservação do meio ambiente em razão das vantagens decorrentes da intensificação e do uso mais permanente da terra, diminuindo a necessidade de derrubada e queima de novas áreas; e o aumento de oportunidades de fixação dos mais jovens no campo.
Fonte: Malu Calixto / AI CES Rioterra
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