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Meio Ambiente

Economia verde não é solução para crise ambiental


Alana Gandra
Agência Brasil

Rio de Janeiro - O grupo articulador do Comitê Facilitador da Sociedade dos Povos para a Rio+20 criticou a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de ter assumido a economia verde como a grande solução para a crise ambiental atual.

O Comitê Facilitador está preparando a programação de atividades da Cúpula dos Povos, evento que ocorrerá paralelamente à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho, no Rio de Janeiro.

“A gente espera que, até a realização da Rio+20, os representantes dos países consigam mudar a proposta do rascunho zero (draft zero), que coloca toda a saída no mercado”, disse à Agência Brasil o diretor da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin. A entidade participa do grupo de articulação do comitê.

“A gente quer mostrar que existem verdadeiras soluções que vão atacar diretamente as causas. Por exemplo, mudar a matriz energética dos combustíveis fósseis para energias renováveis, como eólica (dos ventos), solar”.

A Cúpula dos Povos vai lutar pela justiça social e ambiental. Ivo Lesbaupin disse que uma das ideias que vêm sendo discutidas nos últimos anos é que existe na prática uma injustiça ambiental. “Os verdadeiros depredadores da natureza são, sobretudo, os países desenvolvidos, por meio de atividades econômicas que desenvolvem, como a exploração do petróleo ao máximo”.

O diretor lembrou, entretanto, que as consequências dessa destruição da natureza não recaem sobre aqueles que efetuam essas atividades, mas sim sobre as populações mais pobres e os países menos desenvolvidos.

Na Cúpula dos Povos, as organizações não governamentais vão defender a justiça ambiental tanto em nível das relações entre países, como entre regiões e grupos sociais. “Esses que mais depredaram deveriam contribuir mais para o enfrentamento da questão”. Segundo ele, isso não tem ocorrido, muitas vezes, em função da pressão exercida pelas grandes empresas multinacionais em todo o mundo, como as grandes empresas petrolíferas e da área da agricultura.

No setor agrícola, a luta das ONGs é para defender a agricultura orgânica e a agroecológica, “para impedir o avanço de transgênicos”. O diretor destacou que, na Europa, esse tipo de alimento é proibido na maioria dos países, mas as multinacionais pressionam para que eles cedam e deem permissão para o plantio. Ivo Lesbaupin avaliou que os transgênicos são altamente prejudiciais porque tornam a terra estéril depois de alguns anos.

Na área dos transportes, ele acredita que, se os governos nos três níveis (federal, estadual e municipal) investissem em transportes alternativos, em especial transporte sobre trilhos, como trens, metrô e bondes, deixariam de utilizar combustível fóssil. O transporte sobre trilhos é mais seguro, reduz o uso dos carros e diminui a poluição atmosférica, destacou. “Deveria ser um investimento pesado. Mas, no Brasil é o inverso”, disse o diretor da Abong, acrescentando que, no país, “a prioridade é para o transporte rodoviário”.

Lesbaupin observou que, com a ascensão da nova classe média, o governo tem que criar condições para que as pessoas não precisem usar carros para ir ao trabalho e pouco a pouco percebam que o uso de transportes coletivos pode ser melhor para o seu dia a dia. “Pouco a pouco, você vai criando condições para não haver mais esse tipo de poluição”.

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