Sexta-feira, 19 de julho de 2024 - 11h18
Mais de 50
analistas ambientais, brigadistas, instrutores e convidados participaram de uma
imersão na Floresta Nacional do Bom Futuro, em Porto Velho, durante o segundo
módulo do Curso de Restauração Ecológica, promovido pelo Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e parceiros. Este foi o primeiro
módulo presencial realizado pelo órgão e faz parte de uma série de estratégias
de estruturação da sua agenda de restauração ecológica, alinhada à meta do
Brasil de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030.
Na formação,
os participantes percorreram as principais etapas do processo de restauração em
uma Unidade de Conservação: diagnóstico e avaliação da área, definição de
técnicas de restauração mais adequadas e monitoramento do desenvolvimento das
áreas.
A Flona do
Bom Futuro é uma UC Federal de Uso Sustentável criada em 1988 com
280.000
hectares (ha) e que sofreu, ao longo dos anos, uma série de invasões e
formalização de acordos para desafetação, tendo seus limites reduzidos para
100.075,13 ha em 2010. Todo o processo histórico de invasão resultou no
desmatamento de diversos polígonos, que atualmente são ocupados por pastagens,
com ou sem regeneração natural, e outras áreas em processo de restauração
florestal.
Neste
cenário, os cursistas tiveram a oportunidade de visitarem diversas áreas
alteradas em diferentes estágios de degradação ambiental e outras em processo
de restauração ecológica por meio de diferentes técnicas, exercitando em grupos
todo o processo de avaliação quanto a tipo e nível de degradação, situação dos
solos, técnicas de recomposição mais apropriada e também monitoramento do
processo de restabelecimento da floresta. “Nós pudemos fazer aqui todas as
etapas, como se fosse pensar e realizar um projeto de restauração real.
Começamos pelo diagnóstico, avaliação da área, o estabelecimento das técnicas
de restauração baseadas nesse diagnóstico, e entender como se faz o
monitoramento dessa área”, explica Alexandre Sampaio, analista ambiental do
ICMBio e coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação em
Biodiversidade e Restauração Ecológica (CBC).
Sampaio
explica que o aumento da capacidade técnica dos servidores é uma das partes
mais importantes dessa estruturação que o ICMBio vem trabalhando para lidar com
a questão da restauração ecológica. “Essa formação não existia no ICMBio, a
gente está iniciando-a agora”. A formação foi iniciada no ano passado, com o
módulo teórico.
Ainda como
parte da formação, os cursistas visitaram a aldeia Bejarana na Terra Indígena
Karitiana, vizinha a Flona. Lá, a Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé) vem
realizando um trabalho de formação de coletores de sementes florestais e mais
de 90 famílias já compõem a Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (Reseba),
principal fornecedora das sementes para produção de mudas e semeadura direta
dos projetos de restauração executados pela Ecoporé na Região. Na própria
Flona, a Ecoporé tem utilizado a técnica de semeadura direta (popularmente
conhecida como Muvuca) e complementada com plantio de mudas para a restauração
em mais de 80 hectares, no âmbito do Projeto Paisagens Sustentáveis (ASL), que
tem como uma das agências executoras a Conservação Internacional -
CI-Brasil.
Na aldeia,
os participantes conheceram de perto como é feito o trabalho de formação e
também como cada comunidade constrói seu calendário de coleta, criado com base
nas dinâmicas, conhecimentos tradicionais e observações registradas em cada
território. Breno Karitiana, cacique da Aldeia Bejarana, falou da importância
do trabalho dos coletores de sementes e o fortalecimento da renda da
comunidade. “Desde 2021 a gente vem fazendo esse trabalho. Para nós é uma
experiência nova e uma troca de saberes. E é uma valorização do nosso trabalho
de coleta das sementes, que vão ser usadas para restaurar onde foi desmatado. A
gente fica muito feliz”, afirma a liderança.
Além do
apoio para a realização do curso, parte da equipe técnica da Ecoporé também
compôs o grupo de instrutores. “A gente acredita que a gente só vai conseguir
ter uma restauração em grande escala em várias regiões na Amazônia a partir do
momento que tivermos mais pessoas qualificadas para isso”, avalia Marcelo
Lucian Ferronato, coordenador do Programa Floresta e Agricultura da Ecoporé,
que tem entre as suas iniciativas a Escola da Restauração, apoiada pelo Serviço
Florestal dos Estados Unidos e que visa exatamente proporcionar essa
capacitação técnica para a cadeia da restauração ecológica na Amazônia.
Assessora
Técnica Sênior do Programa Brasil do Serviço Florestal dos Estados Unidos, uma
das organizações apoiadoras da formação, Kirsten Silvius falou da importância
da união de diferentes atores para a promoção de formações em restauração como
a realizada na Flona do Bom Futuro. “Isso não acontece sem o apoio de um grupo
como a Ecoporé, que tem a experiência de restauração, nem sem a participação
das pessoas que moram aqui, que conhecem bem essa área. A restauração precisa
do conhecimento técnico, mas também de entender a visão do pessoal do entorno,
desde o proprietário rural, fazendeiro, as pessoas da cidade, as questões
políticas também. É preciso entender todo esse contexto para fazermos uma
restauração durável”, comentou.
A Década da Restauração, estabelecida pela Organização das
Nações Unidas (ONU), objetiva prevenir, interromper e
reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos. Neste
contexto, o governo brasileiro anunciou a recuperação de 12 milhões de hectares
de vegetação até 2030. Em Rondônia, a Ecoporé é um dos atores deste movimento
mundial em prol da restauração, com iniciativas também em unidades de
conservação.
Para
Alexandre, as UCs são ambientes extremamente propícios para se realizar a
restauração e o analista ambiental precisa estar devidamente capacitado para
acompanhar esses projetos, a fim de que o resultado final seja o melhor
possível. “Todo investimento realizado dentro de uma área protegida, circundada
de floresta conservada, traz benefícios maximizados em termos de serviços
ecossistêmicos, em termos de conservação da biodiversidade. Então, começando
por aqui, a gente começa a dar exemplo, começa a, de fato, mostrar os
benefícios da restauração e amplificar o poder de conservação dessas áreas que
a gente já está investindo tanto”, reforça.
O curso é
uma iniciativa do ICMBio (CBC) em parceria com a FGV e articulação do Comitê
Técnico Assessor de Rondônia (CAT-RO), uma iniciativa colaborativa entre
diversas instituições para promover a restauração multifuncional nas Unidades
de Conservação (UCs) de Rondônia, composto por representantes do ICMBio,
Serviço Florestal Brasileiro, Serviço
Florestal dos Estados Unidos, Conservação Internacional, Ecoporé, Projeto
Paisagens Sustentáveis (ASL) e Universidade Federal de Rondônia.
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