Sexta-feira, 22 de maio de 2009 - 17h07
Médicos veterinários da Embrapa Rondônia realizaram na última semana a segunda bateria de exames para certificar uma propriedade de Porto Velho como livre de brucelose e tuberculose bovina. O processo foi acompanhado por um profissional da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron) e a propriedade pode ser a primeira no Estado a conquistar a certificação. Para isso, é necessário que todos os animais do rebanho sejam examinados três vezes, em diferentes etapas, num período máximo de 240 dias, com resultados negativos para as duas doenças.
O controle de brucelose e de tuberculose em bovinos tem importância especial porque as doenças podem ser transmitidas aos seres humanos. De acordo com levantamento feito pela Idaron em 2004, 34,6% das propriedades inspecionadas apresentavam ao menos um animal contaminado com a brucelose. Causadas por bactérias, as doenças podem ser contraídas pelo contato direto com o animal ou pelo consumo de carne e leite contaminados.
O trabalho desenvolvido na propriedade experimental da Embrapa Rondônia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é inédito em Rondônia. Não existe nenhuma propriedade certificada como livre de tuberculose e brucelose no Estado. Basta o resultado da terceira bateria de exames para comprovar a sanidade dos 51 animais do rebanho.
Supervisor do Laboratório de Sanidade Animal da Embrapa Rondônia, o médico veterinário Francelino Goulart da Silva Netto explica que a tuberculinização é a técnica utilizada por alcançar alta especificidade no diagnóstico de tuberculose em bovinos. As tuberculinas são extratos obtidos de cultivos de filtrados microbianos, previamente esterilizados e aplicados no animal. O local da injeção é observado após 72 horas. Caso haja reação alérgica, o animal está com tuberculose. No caso da brucelose, o diagnóstico é realizado em laboratório, a partir de amostras de sangue do animal.
Zoonoses
Tanto a tuberculose quanto a brucelose são zoonoses, ou seja, doenças de animais transmissíveis aos seres humanos. O bacilo da tuberculose bovina (Mycobacterium bovis) é diferente do que acomete os humanos (Mycobacterium tuberculosis), mas a pessoa contaminada com ambas as bactérias manifesta a doença, com os mesmos sintomas. O contágio acontece, na maioria das vezes, pelas vias respiratórias. O criador inspira as bactérias expelidas no ar pelo animal doente. O leite e a carne crua também são fontes de contaminação.
A brucelose, por sua vez, é transmitida pelos restos placentários, pelo feto e pelos líquidos eliminados após o aborto, que irão contaminar a pastagem. O leite ingerido in natura é outra fonte de contaminação. Nos ser humano, a enfermidade pode causar aborto nas mulheres gestantes, dores de cabeça, febres, suores noturnos, calafrios, dores nas articulações e perda de apetite. Em casos mais graves, pode causar orquite e levar à esterilidade.
De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Combate e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, Fabiano Benitez Vendrame, os animais diagnosticados com as doenças precisam ser sacrificados, para evitar o contágio do resto do rebanho. Os frigoríficos seguem procedimentos para que a carne dos animais doentes possam ser consumidas de maneira segura. A pasteurização ou a fervura do leite também eliminam o risco de contágio.
Fonte: Embrapa Rondônia
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