Sexta-feira, 5 de abril de 2019 - 10h18
Uma empresa que trabalha com locação
de equipamentos para a construção civil investiu em um projeto para conter a
poluição gerada pelos chamados “lixões” a céu aberto e incentivar a implantação
de aterros sanitários na Capital. Esse projeto gera biogás proveniente de
matérias orgânicas e que pode ser útil para cozinhar alimentos, além de adubo,
que pode ser utilizado em hortas comunitárias.
“O biogás é
um biocombustível proveniente de materiais orgânicos (biomassa) e, portanto, é
uma fonte alternativa de energia (energia renovável ou limpa), o qual substitui
o uso de combustíveis fósseis. Ele é produzido através da fermentação
anaeróbica (ausência de ar) de bactérias presentes na biomassa. É uma forma bem
antiga de captar gases limpos e que poderiam fazer parte do dia a dia de uma
população, pois tem o custo bem minimizado. A industrialização de gases fósseis
impediu que essa técnica fosse trabalhada comercialmente, mas o nosso projeto
não visa lucro comercial, e sim, dar uma freada no efeito estufa e na
degradação ambiental causada por lixões urbanos”, explica Henrique Holanda,
empresário idealizador do projeto.
“Lembre-se que as fontes de energias
renováveis são aquelas que se regeneram espontaneamente na natureza ou através
da intervenção humana, sendo consideradas energias limpas e que podem ser
usadas como gás de uso doméstico, para preparar alimentos atendendo comunidades
mais carentes ou não”, complementa Henrique.
Na atualidade, a bioenergia tem sido
pauta de muitos debates uma vez que não produz grande impacto ambiental sendo
boa alternativa para substituir as fontes de energia não-renováveis como o
petróleo e o carvão mineral.
O empresário, como também trabalha
com coleta de resíduos produzidos em sanitários ecológicos, teve a ideia de
transformar esse material em algo que pudesse diminuir o impacto ambiental. Ele
conta que resolveu estudar o assunto e já esteve em vários locais que utilizam
o chamado “ciclo orgânico”, para ajudar pessoas carentes e, por consequência,
diminuir o impacto ambiental no planeta. Foi aí que Henrique investiu parte do
capital lucrado na sua empresa em uma usina de beneficiamento de materiais
orgânicos, hoje localizada próximo ao bairro nacional. Lá, já é possível obter
o biogás e também adubo processado, que em sua maioria, é doado para as hortas
comunitárias que já estão em produção de alimentos orgânicos e geram renda para
famílias inteiras residentes no setor rural de Porto Velho.
“Existe a Lei nº 12.305/10, que
instituiu a política nacional de resíduos sólidos e prevê a prevenção e redução
na geração de resíduos. Essa lei cria metas importantes que irão contribuir com
a eliminação de lixões e todos os municípios precisam cumprir, instalando os
aterros sanitários”, conta Holanda. Ele se refere a não existência de um aterro
sanitário na Capital, o que gera o descumprimento da lei pelo poder executivo,
que já deveria ter elaborado planos de gerenciamento de resíduos sólidos.
“É uma lei federal que precisa ter a
responsabilidade compartilhada pelos âmbitos público e privado, mas que hoje
não existe cumprimento em Porto Velho, infelizmente”, completou.
Biogás e os Aterros
Sanitários
O biogás é produzido através da
decomposição do lixo orgânico, o qual libera o chorume, um líquido escuro e
viscoso, que por sua vez, produz o gás metano (CH4). São nos aterros
sanitários que o lixo orgânico é despejado, onde há uma preparação do solo para
que não ocorra contaminação.
Nesses locais há um mecanismo de
captação dos gases liberados pela fermentação e decomposição da matéria
orgânica. Assim, o biogás é produzido pela combustão que ocorre por meio
do uso de um equipamento chamado biodigestor anaeróbico.
Além do lixo orgânico outros
materiais são utilizados na produção do biogás: dejetos humanos, esterco, cana
de açúcar, palhas, plantas, madeira, resíduos agrícolas, bagaço (cana de
açúcar, a casca do arroz, da castanha, do coco), óleo de vegetais, dentre
outros.
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