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Meio Ambiente

Empresários bolivianos buscam tecnologias da Embrapa para melhorar exportações



Como tornar a agropecuária e o setor industrial mais competitivos e sustentáveis nas áreas de fronteira da Bolívia? Em busca de respostas para esta pergunta empresários bolivianos, membros da Câmara de Exportadores do Norte da Bolívia e da Associação Nacional de Beneficiadores de Amêndoas, com sede na cidade de Riberalta, visitaram a Embrapa Acre. A visita faz parte das ações iniciais de negociação de um acordo de cooperação técnica, envolvendo a transferência de tecnologias que possam diversificar a produção e melhorar a qualidade dos produtos de exportação da região.

Dentre as tecnologias que mais despertaram o interesse da comitiva boliviana estão o Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora) e os métodos de manejo de castanhais nativos e de controle da aflatoxina. Também chamaram a atenção do grupo de empresários, as pesquisas relacionadas ao manejo sustentável de produtos não madeireiros como andiroba e copaíba.

Importante pólo industrial do Departamento de Beni, Riberalta está localizada no coração da Amazônia boliviana. Com aproximadamente 110 habitantes, tem na extração da castanha e madeira a base da sua economia. Estas atividades integram a carteira comercial da Câmara de Exportadores, órgão que reúne cerca de 30 empresas que atuam em diversos segmentos do agronegócio e da indústria da região.

Principal produto de exportação de Riberalta, a castanha é explorada por 16 indústrias que realizam a coleta e beneficiamento do produto e geram em torno de 40 mil empregos. Em média, são exportadas anualmente 19.200 toneladas de castanha sem casca para 25 países da Europa, Ásia e Estados Unidos. No caso da madeira, a produção é toda vendida em forma de pranchas, principalmente para os Estados Unidos. A parceria com a Embrapa Acre visa fortalecer estas atividades, elevar o padrão de exportação da região e encontrar alternativas para agregar valor à produção.

Novos mercados

A proximidade geográfica do Acre com Bolívia e Peru, aliada à diversidade de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa no Estado, tem inspirado diversas instituições governamentais e da iniciativa privada destes países na busca por tecnologias da empresa. Embora Riberalta esteja a apenas 90 quilômetros do Estado de Rondônia, Oscar Chávez Durán, diretor geral da Câmara de Exportadores, explica que os objetivos da parceria pretendida estão mais relacionados às pesquisas desenvolvidas no Acre.

“Nosso desejo é melhorar o aproveitamento dos recursos florestais de forma sustentável. Além da similaridade de clima e solo, temos maior afinidade econômica e ambiental com o Acre e, portanto, maior interesse pelos conhecimentos gerados pela Embrapa Acre”, afirma.

Promover a troca de experiências por meio da realização de pesquisas conjuntas que possam aumentar a produção, criar novos produtos, melhorar a competitividade e garantir o desenvolvimento sustentável da região, também faz parte dos objetivos do acordo em discussão. Conforme Durán, o intercâmbio pode representar a conquistar novos mercados, inclusive o brasileiro, muito almejado pelo empresariado boliviano.

Para o empresário Harold Claure é necessário nivelar a balança comercial entre Bolívia e Brasil. Ele acredita que a cooperação científica pode proporcionar melhorias também nas relações comerciais entre os dois países. “Compartilhamos o mesmo ecossistema e a sustentabilidade ambiental é uma preocupação comum aos países fronteiriços, em virtude da necessidade de preservação do bioma amazônico. Isto facilita a integração em seus diversos aspectos”, ressalta.

Benefícios mútuos

Nos últimos anos a Embrapa vem ampliando a sua atuação internacional, como forma de atender à crescente demanda tecnológica e vencer os desafios da pesquisa científica em diversas partes do mundo. Na América do Sul, o trabalho da empresa vem se efetivando com a criação recente de um escritório na Venezuela. Segundo o pesquisador Elias Miranda, articulador internacional da Embrapa Acre, por serem referência em pesquisas na Amazônia, os centros ecorregionais têm o papel de contribuir para o fortalecimento da integração com os países vizinhos.

Na opinião de Miranda, a estrutura de pesquisa da Embrapa Acre oferece as condições necessárias para um trabalho efetivo na busca de soluções tecnológicas para os sistemas produtivos da tríplice fronteira. Além de contribuir para o desenvolvimento de países mais pobres, a integração é uma forma de fortalecer as ações de pesquisa da Embrapa na Amazônia Ocidental.

Lúcia Wadt, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da unidade, acredita que a formalização de um convênio com empresas bolivianas pode facilitar o intercâmbio entre os dois países e render benefícios mútuos. Do ponto de vista empresarial, o maior benefício está na transferência de tecnologias já disponíveis ou geradas futuramente. Para a Embrapa, representa uma oportunidade de compartilhar conhecimentos tecnológicos e desenvolver novas pesquisas com a garantia de validação dos resultados.

A pesquisadora reconhece a importância de promover a integração com países vizinhos e ressalta a necessidade de melhorar o processo interno de autorização de viagens ao exterior, quando se tratar de zona fronteiriça, visando facilitar o deslocamento das equipes de pesquisa. “Por ser fortemente conceituada junto às instituições do Peru e Bolívia, a Embrapa Acre tem sido frequentemente demandada, inclusive com solicitações de visitas às áreas de produtores da fronteira. Entretanto, nem sempre é possível atender a estas demandas, em virtude da falta de mobilidade. É preciso estabelecer critérios diferenciados para estas situações específicas”, afirma.

Fonte: Diva Gonçalves/Embrapa Acre

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