Sábado, 1 de dezembro de 2007 - 10h04
Se algum dia turistas cansados das opções tradicionais decidissem escolher um pacote que envolvesse ao mesmo tempo safári, emoção, originalidade e ciência, eles certamente veriam com bons olhos as perspectivas da Expedição Rios Voadores.
Iniciado em 2004, quando venceu o Prêmio Ambiental von Martius na categoria Natureza, o projeto socioambiental “Brasil das Águas” tem conseguido manter presas as atenções dos mais bem-informados ambientalistas também na temporada 2007–2008, com o desenvolvimento de sua terceira fase, que é justamente a expedição Rios Voadores.
O objetivo da expedição é ambicioso: visa aprofundar estudos sobre o transporte de vapor d’água da bacia amazônica para outras regiões brasileiras. Os chamados “rios voadores” são correntes de ar que carregam umidade do Norte ao Sul do Brasil, responsáveis por grande parte das chuvas nas regiões Sul e Sudeste. Segundo Gérard Moss, idealizador do “Brasil das Águas”, da Safari Air Empreendimentos, o trabalho de coleta de vapor d’água será iniciado na primavera de 2007 por meio de vôos de reconhecimento e coleta de amostras de vapor d’água, água de chuva e de rios.
Patrocinado pela Petrobras por meio do programa Petrobras Ambiental desde 2003, o Brasil das Águas está em busca de novos parceiros interessados em contribuir para o financiamento dessa nova etapa, que em 2007 e 2008 é de R$ 4,4 milhões, a Petrobras sendo responsável por 80% do total. “O Prêmio von Martius nos ajudou a fortalecer nossa posição com a Petrobras para a formatação e viabilidade da segunda fase do projeto – de análise da qualidade da água de sete rios brasileiros e, agora, da terceira etapa, com a utilização de recursos tecnológicos modernos para pesquisa e divulgação”, diz Moss.
Além do engenheiro mecânico Moss, que também é piloto, com cerca de 5 mil horas de vôo, e percorre os rios brasileiros acompanhado de sua esposa Margi, responsável por registrar dados relacionados à coleta de água e fotografar as regiões pesquisadas, o responsável científico é o professor Enéas Salati, que demonstrou há quase 30 anos que cerca de 44% do fluxo de vapor d’água da Amazônia condicionam o clima de outras regiões, principalmente da América do Sul.
Trata-se, portanto, de um turismo científico da mais alta importância, pois sempre que um cidadão sulino olhar para os céus e contemplar as nuvens, verá nelas uma generosa contribuição da Amazônia para seu bem-estar.
Fonte: Revista Momento - Edição 47
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