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Meio Ambiente

Experiências para conservação


 Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Integrar diferentes abordagens de uma comunidade de pesquisa das áreas de ciências sociais e naturais dedicada às interações entre população e meio ambiente é a proposta do livro Amazônia: Natureza e Sociedade em Transformação, coletânea de 11 textos de diversos autores que discutem tais interações na maior floresta tropical do planeta.

O lançamento será nesta terça-feira (24/3), a partir das 18h30, na Livraria da Vila, na capital paulista. Trata-se do segundo livro da coleção “Ciências Ambientais” da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) – o primeiro, Dimensões Humanas da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, de Wanderley Messias da Costa, Bertha Becker e Diógenes Salas Alves, ganhou o prêmio Jabuti em 2008.

“O livro navega por temas de diferentes domínios disciplinares, sempre com o foco na natureza e na sociedade em transformação, do ponto de vista de profissionais como economistas, demógrafos, biólogos, geógrafos, antropólogos e ambientalistas, que mostram suas experiências de pesquisa e as implicações destas para o futuro da Amazônia”, disse um dos organizadores da obra, Mateus Batistella, pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, à Agência FAPESP.

A comunidade científica interdisciplinar que assina a obra, explica Batistella, que também é professor do Programa de Doutorado em Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reúne experiências no âmbito do Experimento de Grande Escala de Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), programa concebido em 1997 para o estudo integrado sobre a região, por meio de sete componentes temáticos de pesquisa.

A obra discorre sobre o sétimo componente, nomeado “Dimensões físicas e humanas do uso e cobertura das terras na Amazônia: Uma síntese multiescalar”.

“Para integrar pesquisadores do Brasil e do exterior em torno desse tema fizemos dois workshops em 2006 e 2007, um em Belém e outro em Manaus, quando nasceu a idéia do livro. A obra apresenta, por exemplo, a evolução da comunidade científica nacional em torno do LBA, em temas como as modificações no uso da terra, ordenamento do território e acesso a recursos naturais”, disse Batistella.

O organizador destaca que o livro, apesar de ser muito abrangente, não pretende ser conclusivo. “Pelo contrário, a idéia é abrir o debate acadêmico em um momento de transformações importantes na Amazônia, devido a fenômenos recentes relacionados ao rápido processo de urbanização da floresta, que possui um conjunto grande de serviços ambientais capazes de promover até mesmo a regulação do clima no país”, destacou.

O livro está dividido em três partes principais. A primeira aborda a questão das “Dimensões Humanas” no LBA a partir de experiências como o uso e a cobertura da terra e a relação entre ciência e sociedade para o enfrentamento dos problemas ambientais relacionados com a Amazônia.

A segunda parte discute trajetórias, cenários e modelos para a Amazônia a partir de diferentes enfoques metodológicos, mostrando como vários pesquisadores do LBA têm procurado relacionar as interações humanas e ambientais na região.

A terceira parte do livro, por sua vez, trata do crescente interesse dos pesquisadores nos aspectos institucionais como fator de compreensão dessas interações, ao passo que a ciência e a tecnologia se voltam cada vez mais para os novos desafios da Amazônia.


Homem no ambiente

Batistella é responsável pela tradução para o português de outro livro, Ecossistemas Florestais: Interação Homem-Ambiente, que também será lançado nesta terça-feira (24/3), em São Paulo. A obra reúne os resultados de outro projeto de pesquisa multidisciplinar e de longa duração, desenvolvido em mais de dez países pelo Centro para o Estudo de Instituições, População e Mudanças Ambientais (Cipec, na sigla em inglês).

O projeto, coordenado pelo antropólogo Emilio Moran, professor do Centro Antropológico para Treinamento e Pesquisa em Mudanças Ambientais Globais da Universidade de Indiana, e pela cientista política Elinor Ostrom, diretora-fundadora do Centro para o Estudo da Diversidade Institucional da Universidade do Estado do Arizona – ambas nos Estados Unidos –, aponta mudanças no uso e na cobertura da terra em regiões de florestas como vetores das alterações ambientais globais.

“O livro traz uma síntese do trabalho de dezenas de pesquisadores vinculados ao Cipec, em que a questão básica em pauta é a razão pela qual as florestas estão diminuindo em alguns países, enquanto em outros elas estão até se regenerando, mesmo com a presença de alta densidade humana”, disse Batistella. A edição foi realizada em conjunto pela Editora Senac e pela Edusp.

Para responder a essa questão, o livro oferece diferentes enfoques e abrange desde questões mais técnicas, com estudos sobre processamento de imagens e mapeamento de uso da terra, até institucionais e econômicas.

“Não há uma resposta única que explique as interações entre o homem e o meio ambiente nas áreas que eram ou ainda são cobertas por floresta, mas temos uma somatória de razões multidimensionais”, disse.

Segundo Batistella, os estudos apresentados na publicação – cuja edição original norte-americana foi apoiada pela National Science Foundation (NSF) – “buscaram não apenas tratar das dimensões visíveis do problema, mas também olhar para um conjunto relativamente amplo de domínios disciplinares”, incluindo, além da Amazônia, trabalhos realizados em florestas da América Central, dos Estados Unidos e em países da Ásia e da África.

Além de ter acesso a fundamentos conceituais sobre análises de interações homem-ambiente em ecossistemas florestais, assim como a aspectos metodológicos e aplicações por meio de estudos comparativos em várias regiões do mundo, os leitores do livro irão encontrar subsídios para entender melhor os diferentes tipos de alteração que as áreas de florestas podem sofrer ao longo dos anos.

“Essas duas obras vêm a calhar em um momento muito importante no Brasil na área da gestão ambiental – principalmente no que diz respeito ao poder Legislativo, que atualmente trava um debate importante sobre a mudança do Código Florestal Brasileiro. Por trazer conhecimentos atuais sobre o tema, os dois livros poderão orientar políticas públicas ou, ao menos, promover o debate que dará origem a elas”, apontou Batistella.

Os livros serão lançados a partir das 18h30, na Livraria da Vila, em São Paulo, com palestra dos autores.

Mais informações: www.edusp.com.br

 

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