Quarta-feira, 25 de junho de 2008 - 14h32
As denúncias de direcionamento na licitação para concessão de uso de 96 mil hectares da Floresta Nacional (Flona) Jamari, favorecendo "empresas alienígenas" controlada pelo capital estrangeiro, estão confirmadas, segundo seu autor, o deputado federal Ernandes Amorim (PTB), após julgamento das propostas, feitas pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), essa semana, e que classificou apenas a empresa Amata S/A.
Ocorre que, segundo Amorim, a Amata S/A, uma empresa voltada para a gestão de ativos florestais, tem como sócio-diretor, Roberto Waack, um paulista de 46 anos, que ocupa a vice-presidência do conselho Forest Stewardship Council (FSC), uma ONG, com sede na Alemanha, que estabelece padrões de exploração de madeira, e congrega outras 800 organizações não governamentais, universidades e empresas privadas, em sua maioria situada na Europa e Estados Unidos.
"Eu alertei desde o início que esse processo foi feito de forma unilateral em gabinete refrigerado de Brasília, em abril passado, e que ele estava eivado de erros com a finalidade clara de passar por cima da lei para atender os interesses do capital internacional. Agora temos a prova. Um atestado de que a internacionalização da Amazônia está, infelizmente, sendo feita por burocratas do próprio governo brasileiro. Imaginem a festa: em Rondônia eles iniciam com 96 mil hectares, mas o próprio Ministério do Meio Ambiente afirma ter 210,7 milhões de hectares de florestas públicas no país", afirma Amorim.
Na próxima semana, ele vai a Brasília conversar com o alto comando do Exército, a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ministros da Justiça e Defesa e, principalmente, à Justiça Federal onde tramita uma ação popular para sustar a licitação e iniciar novo processo com envolvimento da comunidade, conforme preconiza a lei de gestão de florestas para que atentem a esse direcionamento "escrachado" e que atenta contra a soberania nacional e a comunidade em Rondônia.
Amorim deve se encontrar também com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que tem-se manifestado contrário ao processo feito pelo SFB, órgão do Ministério do Meio Ambiente, por ter ferido a Constituição, pois esse tipo de concessão de florestas públicas, entende o senador, só o Congresso Nacional pode fazê-lo.
"Vejam que absurdo. O Congresso Nacional não foi ouvido nessa questão; os envolvidos, ou seja, as pessoas que vivem em torno da área da Flona, em Cujubim e Itapuã, também não. Digo, pois participei das audiências feitas por eles, feitas para enganar trabalhadores alegando que trariam empregos e renda para região. Tudo mentira. Queremos novo processo com envolvimento de toda comunidade e que a exploração seja fracionada para mais empresas participarem e não entregarem de mão beijada a ONG estrangeira que sabe-se lá o que vai fazer lá dentro durante mais de 40 anos. Isso é uma afronta que a Justiça, o povo brasileiro e as autoridades não podemos permitir", afirma o parlamentar.
Fonte: Yodon Guedes
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