Quinta-feira, 18 de dezembro de 2008 - 07h13
Sardinhas de água doce, branquinhas, bicos-de-pato e peixes-cachorros morreram aos milhões na semana passada na Cachoeira de Santo Antônio onde estão sendo realizadas as obras para a construção da usina hidrelétrica de mesmo nome que fica no Rio Madeira e que pertence ao consórcio Madeira Energia. O Ibama notificou a empresa oficialmente pedindo explicações sobre o ocorrido e enviou técnicos para elaborar um laudo do incidente.
O consórcio Madeira Energia, que é formado por Odebrecht, Andrade Gutierrez, Furnas, Cemig e um fundos de investimentos em participações do Santander, informou que ao todo morreram seis toneladas de peixe e que o fato ocorreu em função de uma inversão térmica brusca que alterou as condições da água nos lagos formados pelas ensecadeiras que estão sendo construídas no rio para a instalação da usina. O oxigênio da água ficou prejudicado e os peixes morreram. Outras cinco toneladas foram resgatadas com vida, mas suas condições estão sendo avaliadas por biólogos para decidir se eles têm condições de voltar ao rio.
O gerente ambiental do Madeira Energia, Ricardo Márcio, disse que ao construir as ensecadeiras, uma espécie de dique que serve para o secar o rio onde as obras serão construídas, são formados lagos. Constantemente é preciso resgatar os peixes que caem nestes lagos e eles são devolvidos ao curso normal do rio. Há dois meses a empresa iniciou o processo de resgate e ao todo 70 toneladas foram retiradas dos lagos e deste total, 59 toneladas já voltaram a viver no rio. E todo esse processo é feito com um licenciamento ambiental específico para a retirada dos peixes, segundo Márcio.
O problema ocorrido no último dia 11 foi causado pelo calor que fez em Porto Velho e que foi seguido de chuvas fortes e espaçadas durante a noite, segundo explica Márcio. Já no dia 12 os peixes foram encontrados mortos. Em outro ponto do Rio Madeira, na Cachoeira de Teotônio, 14 quilômetros acima da Cachoeira de Santo Antônio, também foi constatada a mortandade de peixes. Apesar de a cachoeira de Teotônio ficar na área em que o reservatório da usina será formado, não há obras que afetem a região de Teotônio.
O Ministério Público Federal de Rondônia está acompanhando o caso e espera receber o laudo técnico do Ibama para analisar se cabe tomar alguma providência. O Ibama, por meio de sua assessoria de imprensa, informou apenas que enviou técnicos para avaliar a situação.
Fonte: Valor Econômico/Josette Goulart, de São Paulo
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