Quarta-feira, 23 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Ibama reprova estudo ambiental da pavimentação de rodovia na Amazônia



Luana Lourenço
Agência Brasil
  

Brasília - O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para pleitear o licenciamento da restauração e pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto velho, "não reúne as mínimas condições" que permitam avaliar a viabilidade ambiental da obra.

A conclusão é de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apresentada em parecer divulgado hoje (8).

O documento de 177 páginas lista falhas na elaboração dos estudos, questiona as metodologias utilizadas para medir alguns dos impactos ambientais e sociais da obra e critica até a falta de revisão do EIA encaminhado pelo Dnit ao Ibama.

"Considerando as graves falhas no diagnóstico dos meios físico e biótico, bem como necessidade de complementações do meio socioeconômico, o EIA não reúne as mínimas condições e informações que permitam avaliar a viabilidade ambiental do empreendimento. Ao se considerar a avaliação de impactos e as correspondentes medidas mitigadoras propostas, o quadro piora", aponta o parecer.

Segundo o Ibama, algumas das medidas compensatórias sugeridas pelo Dnit são simplesmente "inexequíveis ou extrapolam as atribuições do empreendedor".

Procurado pela Agência Brasil, o Dnit informou que os técnicos do órgão já estão trabalhando na elaboração de um pedido de revisão e resposta aos questionamentos complementares formulados pela equipe técnica do Ibama. O órgão defendeu a legitimidade do EIA, formulado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pela Coordenação de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O licenciamento da rodovia federal tem sido causa de polêmicas públicas entre os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e dos Transportes, Alfredo Nascimento. Minc, que chegou a suspender o processo de licenciamento da rodovia, diz que a licença só vai sair se o Dnit cumprir as medidas compensatórias. Já Nascimento acusa a área ambiental de travar a obra, uma das principais rodovias previstas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Amazônia.

De acordo com o relatório do Ibama, "todos os impactos ao meio físico foram subdimensionados" e o provável aumento do desmatamento na região "foi quase descartado". Os técnicos apontaram falhas em relação aos impactos sobre a flora e a fauna e  enumeraram as consequências socioeconômicas da obra.

Em vistoria realizada na região do empreendimento, no fim de maio, e detalhada no parecer, os técnicos do Ibama dizem ter verificado aumento das áreas de desmatamento, presença de atividade de madeireiras "como pátios lotados de toras – demonstrando o avanço da exploração da área, mesmo antes da pavimentação" – e aumento das ocupações no entorno da rodovia.

No parecer, os técnicos também registraram que os custos ambientais da pavimentação da rodovia podem ser tão altos, que o empreendimento só será viável financeiramente se houver a adoção de políticas como o "combate ao desmatamento, aumento da fiscalização ambiental, contenção do avanço de atividades predatórias da floresta, criação e implementação de Unidades de Conservação, solução de conflitos etc".

Além do pedido de complementação de informações, os técnicos fizeram uma série de recomendações e exigências para que o Ibama possa avaliar a viabilidade ambiental da BR-319, entre elas a elaboração de um novo diagnóstico sobre os impactos no meio físico, na fauna e flora da região e a proposição de medidas para reduzir as consequências negativas da implementação da rodovia.
 

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 23 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Presidente da FIERO participa da estreia do programa “Fala Indústria” promovido pela CNI

Presidente da FIERO participa da estreia do programa “Fala Indústria” promovido pela CNI

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé, participou nesta terça-feira, 15, da estreia do programa Fala

Rio Madeira está a mais de 1,5 metro da sua normalidade para o ano

Rio Madeira está a mais de 1,5 metro da sua normalidade para o ano

Neste sábado (12), o rio Madeira registrou a cota de 16,76 metros, se mantendo estável nas últimas 24 horas. De acordo com o Boletim de Monitorament

Abril Verde 2025: MPT-RO/AC abrirá campanha com mostra visual sobre mudanças climáticas e riscos no trabalho

Abril Verde 2025: MPT-RO/AC abrirá campanha com mostra visual sobre mudanças climáticas e riscos no trabalho

O Ministério Público do Trabalho em Rondônia e Acre (MPT-RO/AC) abrirá oficialmente a campanha “Abril Verde 2025” com a inauguração da mostra visual

Com 16,71 metros, rio Madeira se mantém estável, mas perto da cota de inundação

Com 16,71 metros, rio Madeira se mantém estável, mas perto da cota de inundação

O rio Madeira registrou, na manhã desta segunda-feira (7), o nível de 16,71 metros, indicando estabilidade em seu volume de água durante o final de se

Gente de Opinião Quarta-feira, 23 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)