Segunda-feira, 24 de dezembro de 2007 - 18h18
Combate à atividade ilegal divide a comunidade do Alto Rio Guamá
Duscelino Bessa, indigenista com 23 anos de carreira, comprou uma briga feia ao assumir a Administração Regional da Funai em Belém: contrariando interesses de políticos, madeireiros e até de alguns índios, jogou todas as suas fichas numa operação de impacto para tentar acabar com a exploração ilegal de madeira na Reserva Indígena Alto Rio Guamá, um 'câncer' diagnosticado pelas autoridades e que tem cura, mas que até agora não foi combatido com os 'medicamentos' adequados.
A operação - à qual Juscelino Bessa condicionou sua permanência no cargo - foi efetivada nas últimas duas semanas, culminando com a apreensão de várias máquinas e equipamentos e a prisão de madeireiros e trabalhadores a eles ligados.
Técnicos dos órgãos que participaram da operação, custeada com recursos da Funai - Exército, as polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar, Ibama e o órgão indigenista - só não esperavam ter índios como adversários. Para evitar um conflito armado e mortes, a operação não avançou até a parte da reserva localizada no Gurupi, na fronteira com o Maranhão.
No entendimento de Juscelino Bessa, a ação foi a primeira de uma série de medidas que ele pretende adotar para colocar a Funai nos trilhos e acabar com o lado 'Geni' do órgão - ser alvo de pedradas de todos os lados sem que tenha culpa na maioria dos casos.
Na entrevista abaixo, concedida com exclusividade a O LIBERAL, o administrador da Funai abre o jogo e permite que caia o manto que encobre verdades e mentidas relacionadas aos índios e à desocupação da Reserva Alto Rio Guamá.
O senhor sabia que os índios estavam envolvidos na venda de madeira?
Algumas denúncias foram feitas, mas em casos isolados, mas nada que tivesse o aval de toda a comunidade.
E o Ministério Público, sabia?
Pergunte a eles.
Parte da operação foi impedida por causa de alguns índios supostamente envolvidos na venda ilegal de madeira. Que medidas a Funai pretende adotar?
Vamos conversar com eles e mostrar que isso é ilegal e que eles estão passíveis de punições como qualquer outro infrator.
A Reserva Alto Rio Guamá abrange 279 mil hectares para abrigar aproximadamente 1.500 tembés, numa média de 186 hectares para cada índio. Não é muita terra para pouco índio?
Não. Como toda a população brasileira, a indígena também cresce. Como é diferente culturalmente dos outros segmentos sociais, os índios precisam de terra para plantar, caçar e desenvolver outras atividades. Índio não é colono.
Como os tembés pretendem utilizar essa quantidade de terra?
O primeiro passo já foi dado. Uma parte da reserva desocupada já está habitada pelos índios, que fundaram novas aldeias e já ajudam a tocar um projeto de reflorestamento. Vamos ver se eles adotam a mesma medida no restante da área que for desocupada. Além de plantar na área já devastada, a intenção dos índios é preservar a parte da reserva que não foi depredada. Se a devastação não for freada, como eles vão caçar no futuro?
Como a Funai pode comprovar que a demarcação da Reserva Alto Rio Guamá não invadiu parte do município de Nova Esperança do Piriá?
A reserva foi demarcada em 1987, enquanto o município de Nova Esperança do Piriá foi fundado em 1991. Além disso, a Reserva Alto Rio Guamá só está registrada nos cartórios de Ourém, Viseu e Paragominas. Isso prova que a demarcação foi feita anteriormente à criação desses municípios.
Qual o percentual da reserva invadida, em hectares?
Aproximadamente 50%, num total estimado de 140 mil hectares.
Quantas famílias invasoras já foram indenizadas e retiradas?
Das 1.109 famílias invasoras, 887 foram indenizadas e já deixaram a reserva. A Funai gastou pouco mais de R$ 3 milhões.
Qual a previsão para que toda a reserva seja desocupada?
Até o final de 2008, se tudo correr como esperamos. É preciso deixar claro que a Funai depende do Incra, o responsável pelos assentamentos, que tem nos ajudado muito, e dos outros órgãos que podem nos ajudar direta ou indiretamente.
O que a Funai pretende fazer para que a Reserva Alto Rio Guamá não seja mais invadida?
É preciso fazer um trabalho de vigilância e fiscalização com a participação de servidores (da Funai) e índios.
A Funai não teme por conflito armado entre índios e invasores?
Não. Os colonos que ainda estão dentro da reserva sabem que o processo é irreversível, mas é normal que acalentem sonhos com promessas de políticos, que pretendem se aproveitar da situação.
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