Sábado, 3 de maio de 2008 - 17h11
Comandante da PM diz que indígenas têm armas de fogo; prefeitura teme que bloqueio provoque desabastecimento
Os índios da etnia apurinã que há dois dias bloqueiam a BR-317 perto de Boca do Acre, no Amazonas, estão mantendo como reféns cerca de cem motoristas, nas proximidades do quilômetro 70 da rodovia.
Os índios impedem a passagem de veículos e pedestres pela rodovia, que liga Boca do Acre a Rio Branco, no Acre. Eles protestam contra a situação precária da estrada e exigem que toda a reserva indígena seja atendida pelo programa do governo federal Luz para Todos.
A Polícia Militar tem a informação de que os indígenas estão usando armas de fogo. Eles também furaram os pneus dos veículos, impedindo a saída de motoristas da área da reserva.
O comandante da PM em Boca do Acre, major Fernando Bó, classificou a atitude dos índios como cárcere privado, crime previsto pelo Código Penal.
— As pessoas estão detidas, mantidas cárcere privado e em péssimas condições. Eles estão dormindo nos carros e lá não há banheiros — disse.
Quem chegou ao local do ato, na última quarta-feira, foi impedido de seguir para Boca do Acre ou retornar a Rio Branco.
Segundo Fabiano Bó, por terem o apoio de pecuaristas da região, os índios estão bem alimentados e fornecem comida aos motoristas e pedestres.
Funai foi acionada para negociar com os índios A chefe de gabinete do prefeito de Boca do Acre é uma das pessoas mantidas na reserva.
Moradores de Boca do Acre conseguiram escapar pela mata e relataram a situação dos demais motoristas à PM. A Funai no Acre já foi acionada e deve começar a negociação hoje.
— As pessoas não tem nada a ver com o movimento dos índios — disse o comandante.
Segundo a prefeitura de Boca do Acre, o protesto provoca grandes prejuízos ao município, que diariamente recebe de Rio Branco alimentos, verduras e combustível. A prefeitura informou que, se o bloqueio não acabar em dois dias, os postos de gasolina vão ficar sem combustível e os mercados, sem alimentos.
A Polícia Rodoviária Federal do Acre informou que planeja ir ao local para apurar a denúncia de cárcere privado.
De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério dos Transportes, em Brasília, a administração da rodovia está sob a responsabilidade do Governo do Amazonas desde 2006, quando os dois órgãos firmaram um convênio. Em razão da falta de ações do governo estadual, que não fez obras na estrada, o convênio será rompido, e a BR317 passará, novamente, a ser administrada pelo ministério
Fonte: O Globo
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