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Meio Ambiente

KANINDÉ PREPARA PROGRAMAÇÃO PARA COMEMORAR 18 ANOS


 KANINDÉ PREPARA PROGRAMAÇÃO PARA COMEMORAR 18 ANOS  - Gente de Opinião
A arara vermelha é o símbolo da organização etnoambiental criada há 18 anos para defender os interesses dos índios Uru-eu-wau-wau na defesa do seu território. Para biólogos a arara Kanindé tem a plumagem azul com amarelo, mas para os indígenas a Kanindé é a arara vermelha. Escolhida como símbolo da entidade não só a arara, mas o ativismo de seus membros tem sido fator de sucesso nesses 18 anos. Muitas pessoas passaram pela Kanindé. Outras foram e voltaram, algumas nunca saíram. Um exemplo é Ivaneide Bandeira, que junto com o líder Almir Suruí é conhecido no mundo inteiro pela defesa dos direitos dos povos indígenas em harmonia com o meio ambiente. A hoje coordenadora de projetos da Kanindé vem atuando junto com a Associação Metareilá do povo indígena Paiter Suruí para fortalecer e implementar o projeto Carbono Suruí que vem sendo desenvolvido há mais de 10 anos. Outro fator de sucesso na linha de trabalho da Kanindé são os Diagnósticos de terras indígenas e planos de gestão.

Dois trabalhos estão em andamento: o diagnóstico da Terra Indígena Jiahui e da Terra indígena Zoró. Ambos os trabalhos são dirigidos por Israel Vale begin_of_the_skype_highlighting end_of_the_skype_highlighting, atual coordenador geral da Kanindé. Para que as pessoas conheçam esses e outros trabalhos desenvolvidos pela organização a Kanindé preparou uma programação especial para comemorar seus 18 anos. A programação começa no dia 16 e vai até o dia 22 e conta com exposição fotográfica, mostra de vídeos, palestras. Toda a população está convidada a conferir o trabalho da entidade através de vídeos e fotografias.

Na programação de encerramento no Teatro Banzeiros, dia 22, serão apresentados os principais projetos da Kanindé, além de uma palestra sobre etnodesenvolvimento com Almir Suruí, o líder geral do povo Paiter Suruí recém eleito no parlamento da etnia que começou a ser criado nos últimos dias 11 e 12 de novembro em Cacoal. Almir irá falar sobre o projeto Carbono Suruí em andamento há mais de 10 anos. Complementam a programação o Lançamento do livro Metodologia do diagnóstico participativo criado pela Kanindé e desenvolvido junto a várias etnias. Para encerrar indígenas irão fazer uma apresentação cultural. Fonte: www.kaninde.org.br
 

Quem é a Kanindé

A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, sem fins lucrativos, fundada em 15 de novembro de1992, por um grupo de pessoas que trabalhavam com o povo indígena Uru-eu-wau-wau e na defesa do meio ambiente, em Rondônia.

Entre as principais atividades desenvolvidas, desde a sua criação, destacam-se as ações de vigilância e fiscalização da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau e do Parque Nacional de Pacaás Novos, a assessoria às organizações indígenas, laudo de impacto ambiental, diagnóstico etnoambiental participativo em terras indígenas, avaliação ecológica rápida, etnozoneamento, plano de gestão de terras indígenas, educação ambiental, desenvolvimento de projetos de carbono, elaboração de projetos e acompanhamento de políticas públicas.

Seu corpo técnico e associados são formados de profissionais de diversas áreas: biologia, agronomia, engenharia florestal, história, geografia, cartografia, antropologia, saúde, informática, jornalismo, marketing, fotografia, indigenismo, mateiros, guias, voluntários e estudantes que colaboram com nosso trabalho.

As principais características de seus associados são: o respeito ao meio ambiente e aos direitos dos povos indígenas, o profissionalismo, a alegria, a justiça, o gosto pela aventura, a pesquisa, o conhecimento da floresta e a luta por uma qualidade de vida melhor.

Desenvolvemos diversas atividades de estudos e pesquisas, diagnósticos e planos de gestão em terras indígenas, fortalecimento de organizações indígenas, vigilância e fiscalização, apoio à produção, capacitação de indígenas e não indígenas em legislação, uso de GPS, manejo da floresta, acompanhamento de políticas públicas, entre outros.


Nosso trabalho

Diagnóstico Etnoambiental em Terras Indígenas & Plano de Gestão

O Diagnóstico Etnoambiental Participativo promove o diálogo entre as ciências sociais, as exatas, biológicas e a ciência indígena. A partir desse processo, todos os esforços estão voltados para a gestão etnoambiental do território indígena. Foram desenvolvidas as seguintes áreas temáticas nas terras indígenas pesquisadas:

Levantamentos sócio-culturais
• Etno-história;
• Socioeconomia de entorno;
• Turismo.

Levantamentos biológicos
• Herpetofauna;
• Ictiofauna;
• Avifauna;
• Mastofauna;
• Vegetação;

Levantamentos do meio físico
• Clima;
• Geomorfologia;
• Hidrografia;
• Solos
• Geologia;

Diagnósticos e Planos de Gestão
Foram realizados os diagnósticos e Plano de Gestão nas seguintes Terras Indígenas:

• Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau
- RO - 2002
• Diagnóstico Agro-ambiental Participativo Paiter na Terra Indígena Sete de Setembro - RO - 2001
• Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Igarapé Lourdes e Plano de Gestão – RO - 2004
• Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Nove de Janeiro e Terra Indígena Ipixuna e Plano de Gestão – AM – 2005/2006
• Levantamento Socioeconômico da Terra Indígena Pirahã – AM - 2006
• Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Nove de Janeiro

 

Planos de Manejo

Realizou os seguintes Planos de Manejo:

• Plano de Manejo do Parque Nacional Serra da Cutia e a Avaliação Ecológica Rápida da Reserva Biológica do Traçadal;
• Planos de Manejo Florestal de Uso Múltiplo das Terras Indígenas Uru-eu-wau-wau e Igarapé Lourdes.

 

Apoio a produção indígena

• Apoia a agricultura na Terra Indígena Uru-eu-wau-wau;
• Desenvolveu o manejo da copaíba na Terra Indígena Igarapé Lourdes,;
• Desenvolve o apoio ao artesanato nas Terras Indígenas Rio Guaporé e Sagarana;
• Desenvolve junto com a Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí o projeto de Reflorestamento da Terra Indígena Sete de Setembro.

Levantamento da área de ocupação dos povos indígenas em isolamento voluntário (índios isolados)
Desenvolve projeto de levantamento da área de ocupação de índios isolados nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.

Fortalecimento das organizações indígenas
Realiza a capacitação e a formação de indígenas em gestão e administração de projetos, informática, noções básicas de cartografia e GPS, legislação ambiental e indígena, elaboração de projetos e captação de recursos, levantamentos bióticos e abióticos, valorização cultural, multimídia, valores culturais, agentes ambientais indígenas, saúde, educação ambiental, entre outros.

São apoiadas diretamente as seguintes organizações indígenas:

• Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí;
• Conselho do Povo Indígena Cinta Larga;
• Associação do Povo Indígena Parintintin do Amazonas – OPIPAM;
• Associação do Povo Indígena Jiahui – JUI;
• Associação de Mulheres Indígenas do Médio Purus – AMIMP;
• Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre/AM
• Organização dos Povos Indígenas Torá, Tenharim, Apurinã, Mura, Parintintin e Pirahã – OPPITTAMP;
• Associação Indígena do Rio Guaporé;
• Associação do Povo Indígena Uru-eu-wau-wau/ Jupaú
• Associação do Povo Indígena Amondawa.


Projeto de Carbono Suruí

O Projeto Carbono Suruí é desenvolvido pela Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí em parceria com a Kanindé, ACT Brasil, Funbio e Forest Trends. O projeto visa apoiar os esforços de reflorestamento, mas também a proteção da área maior de floresta nativa intacta sob administração Suruí, e apoiar os seus esforços como um povo, para preservar a sua cultura e desenvolver meios de subsistência alternativos.


Projeto de Ecoturismo em Terra Indígena

Os estudos de ecoturismo em terras indígenas vêm sendo desenvolvidos pela Kanindé a pedido das comunidades indígenas desde 2005, fazendo parte dos levantamentos e planejamentos que compõem seus respectivos planos de gestão territorial. Os estudos voltados para o ecoturismo iniciaram em 2005 nas Terras Indígenas Nove de Janeiro e Ipixuna, e em 2010 vem sendo executado nas TIs Diahui, Zoró e Surui.

Como desdobramentos desses estudos e oficinas posteriores a Kanindé em parceria com CSF - Conservação Estratégica, a Organização do povo Indígena Parintintin do Amazonas – OPIPAM e Associação Metareilá do Povo Indígena Surui, estão desenvolvendo desde 2009 o Projeto de Ecoturismo Indígena, como ação de implementação dos Planos de Gestão das respectivas terras indígenas.

Os trabalhos são realizados através de oficinas participativas nas aldeias, tendo como resultado esperado a elaboração do Plano de Ecoturismo para as duas Terras Indígenas, contendo sistematizadamente Plano de Atrações, Estudo de Mercado, Plano de Infra-estrutura e Estudo de Viabilidade Econômica.

A somatória desses esforços representa certamente uma alternativa solida e bem estruturada para o desenvolvimento de alternativas complementares de geração de renda e valorização da cultura, contribuindo ao mesmo tempo para que essas comunidades sejam autônomas nas tomadas de decisões e estejam salvaguardadas da má fé de empresas de turismo que vêm explorando tal atividade em outras terras indígenas.


Programa de Estágio

O Programa visa capacitar estudantes de nível fundamental, médio e universitários para atuarem em trabalhos relacionados à conservação do meio ambiente, administração de organização não governamental indígena e não indígena e atividades de Gestão de Terras Indígenas e Unidades de Conservação.

O Programa de Estágio foi criado em 2003 e desde então vem formando indígenas e não indígenas do ensino fundamental, médio e superior em diversas áreas. A Kanindé atualmente trabalha com associações de Rondônia, Mato Grosso, Amazonas e Pará.


Programa Cultura Digital

É um programa coordenado por uma equipe de implementa-dores sociais, utilizando ferramentas de tecnologia da informação e da comunicação, para promover a inclusão digital em todos os públicos beneficiados pelos projetos da Kanindé. A base de trabalho do programa é composta por uma cesta de serviços em software livre, que complementa a conectividade via satélite de outros projetos de cultura digital desenvolvidos pela Kanindé ou de outras organizações parceiras e aliadas.

A Kanindé entende que a tecnologia oferecida pelo Programa de Cultura Digital deve ser tomada como um meio e não como uma finalidade em si. A tecnologia é um instrumento para operar o crescimento cultural e a formação de cada cidadão, aliada também a um sentido coletivo de apropriação dessa tecnologia. Como consequência direta, o programa visa contribuir para o alcance de um maior desenvolvimento local das comunidades beneficiadas pelos projetos da Kanindé.


Projetos sendo implementados:

Ponto de Cultura Hurukunê-wao: disponibilizar aos povos indígenas do município de Guajará-Mirim acesso às tecnologias digitais em software livre, através de uma infra-estrutura voltada à capacitação e produção em multimídia, priorizando a difusão da cadeia produtiva do artesanato e a criação de instrumentos de gestão territorial.

Ponto de Cultura Maloca Digital: criação de um centro cultural denominado Maloca Digital, protagonizado por jovens indígenas da etnia Surui, visando a democratização da produção em multimídia e reapropriação tecnológica para fins sociais, através da criação de um laboratório de MetaReciclagem, sendo tudo em base de software livre.

Estúdio Multimídia da Kanindé: instalação de um laboratório de produção de multimídia no Centro de Formação da Kanindé para capacitação dos indígenas dos Corredores Etnoambientais Tupi Mondé e Kawaghiwa e capacitação continuada dos técnicos da Kanindé em cultura digital.


Loja Hurukunê-Wao

O projeto “Pérola do Mamoré” veio resgatar a dança, a música e o artesanato da Associação da Terra Indígena Rio Guaporé na Aldeia Ricardo Franco e da Associação Indígena Sagarana na Aldeia Sagarana, incentivando a valorização da produção cultural e a manutenção de práticas tradicionais, estímulo, registro e promoção das formas de transmissão do conhecimento e saber, entre os mestres idosos e os mais novos. O projeto é uma parceria da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e o ARPA/FUNBIO – projeto comunitário entorno do Parque Nacional Serra da Cutia (PNSC).

Dentre os muitos pontos alcançados no projeto, está a abertura da loja física para a comercialização dos artesanatos produzidos, num espaço turístico de grande movimentação na cidade de Guajará-Mirim, Rondônia, na fronteira com a Bolívia.


Kanindé e a luta contra as hidrelétricas na Amazônia

A Kanindé atua desde 2007 na luta contra projetos de hidrelétricas na Amazônia. As hidrelétricas afetam principalmente os povos indígenas e os impactos sociais e ambientais que produzem jamais serão mitigados. A história tem mostrado que produzir energia no interior da floresta é uma forma de apropriação e privatização dos rios com a expulsão dos povos indígenas e das populações tradicionais.

Nessa luta para preservação das terras indígenas e dos ecossistemas, a Kanindé articulou reuniões para subsidiar ações jurídicas e representações para o Ministério Público. Atuou diretamente na elaboração das Ações Civis Públicas ajuizadas. Foram elaboradas análises dos documentos do processo de licenciamento ambiental das hidrelétricas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, que resultaram em requerimentos e moções protocoladas no Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) em 2008.

Em maio de 2008, a Kanindé apresentou em audiência ao Tribunal Latinoamericano da Água (TLA), em Antigua, na Guatemala, denúncia contra a União Federal, em virtude da ameaça de danos irreparáveis à integridade física e territorial de indígenas e grupos indígenas isolados, representado pelos dois grandes empreendimentos hidrelétricos projetados para o rio Madeira.

Em sentença favorável à denúncia da Kanindé, o TLA censurou o Governo do Brasil por sua intenção de construir o projeto do Madeira. Esse projeto causará impactos sociais e ambientais que implicarão na destruição de magnitude imprevisível e colocará em risco as populações nas áreas afetadas. Censurou também o governo por ignorar os direitos indígenas ao não aplicar a Convenção 169 da OIT e desrespeitar a Constituição Federal do Brasil.

No final de 2009 a Kanindé foi à Corte Internacional de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, denunciar o governo brasileiro por violações dos Direitos Humanos contra os indígenas e grupos de isolados afetados pelas usinas do rio Madeira.

Em 2010, a Kanindé, em parceria com um grupo de organizações da sociedade civil do Brasil, França e Estados Unidos participou na estratégia e ajudou na elaboração de textos e vídeo da campanha contra a empresa GDF Suez, líder do consórcio responsável pela usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, na Amazônia Brasileira.

Junto com as parceiras, a Kanindé apontou os impactos e riscos socioambientais decorrentes da construção da hidrelétrica de Jirau. Como resultado da campanha a GDF Suez ficou em segundo lugar para receber o prêmio “Public Eye Award” de 2010, em Davos. Esse prêmio é concedido anualmente às empresas que mais desrespeitaram o meio ambiente no mundo.

A luta da Kanindé contra o planejamento das mega-usinas do rio Madeira serve hoje como referência e experiência para os movimentos sociais, povos indígenas e populações tradicionais que estão enfrentando outros projetos previstos para a Amazônia como Belo Monte, no rio Xingu, as usinas do rio Tapajós e as usinas do rio Teles Pires.

Todas as atuações da Kanindé fornecendo informações para fortalecer a resistência contra as mega-obras planejadas para a Amazônia resultaram em artigos, entrevistas, capítulos de livros que deixaram uma mensagem importante: os movimentos sociais, os povos indígenas e as populações tradicionais dispõem de instrumentos jurídicos e técnicos para discutir e interferir na tomada de decisões que norteiam o desenvolvimento da Amazônia.

Gestão Integrada da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau e Parque Nacional de Pacaás Novos

O Plano de Proteção Integrada - PPI tem como objetivo subsidiar as ações de Proteção da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau/Parque Nacional de Pacaás Novos, buscando coordenar as atividades a serem realizadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Fundação Nacional do Índio - FUNAI, Organizações Não Governamentais - ONGs e organizações indígenas na região destas áreas protegidas, mantendo o preceito básico da Constituição Federal de garantia dos direitos originários à terra demarcada e protegida para os povos indígenas que nela habitam e do direito difuso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O PPI faz parte das ações do Projeto “Gestão Integrada da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau e Parque Nacional de Pacaás Novos no bloco de Conservação Itenez-Mamoré, Rondônia, Brasil”, que é executado pela Kanindé – Associação de Defesa Etnoambiental em parceria com a Fundação Nacional do Índio- FUNAI, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Associação do Povo Indígena Uru-eu-wau-wau/Jupaú e Associação do Povo Indígena Amondawa – APIA, com o apoio do WWF-Brasil, com objetivo de desenvolver um Plano de Proteção Integrada para o Parque Nacional de Pacaás Novos e Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, que contribua para o fortalecimento da gestão e proteção integrada e da cooperação entre os órgãos federais responsáveis, as populações indígenas e os parceiros não-governamentais.

Para a elaboração do PPI, foi realizado levan-tamento de informações secundárias em 2009 com vários parceiros, onde foi formado o Grupo de Trabalho para elaboração do PPI. Nele estão previstas várias atividades, dentre elas operações de vigilância e fiscalização daquelas Areas Protegidas. As atividades foram planejadas para o período de 2010 a 2015, devendo ser reavaliadas a cada ano, em oficina preparada para este fim, com a presença de todos os envolvidos e alguns convidados que possam contribuir na tomada de decisões.

Etnozoneamento da porção paraense das Terras Indígenas Trombetas Mapuera, Nhamundá Mapuera e áreas ocupadas por povos indígenas na Floresta Estadual do Trombetas

As terras indígenas do Pará possuem alta relevância estratégica para o ordenamento territorial e para conservação e uso sustentável da sociobiodiversidade do Estado, pois ocupam quase 25% do território paraense. As Terras Indígenas são componentes fundamentais de conservação da biodiversidade, tanto pela variedade ou singularidade dos ecossistemas e riqueza de espécies que abrigam ou pela configuração territorial estratégica que ocupam em relação às diversas categorias de Unidades de Conservação (UC’s) – formando cinturões territoriais de efetiva proteção contra o desmatamento e grilagem de terras – quanto pela situação de relativa preservação de seus recursos naturais, tendo sido apontadas como territórios que são mais efetivos à conservação do que as próprias Unidades de Conservação de Uso Integral, onde não é permitido habitação humana.

Tendo em vista todos estes fatores a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará (SEMA), através de sua Diretoria de Áreas Protegidas/Coordenadoria de Ecossistemas/Gerência de Proteção do Meio socioeconômico e Cultural, elaborou o projeto “Conservação da Biodiversidade em Terras Indígenas do Pará” (CONBIO- Indígena) com vista a promover ações que fortaleçam a capacidade dos povos indígenas do Pará de promover a conservação da biodiversidade em seus territórios e com intuito de atender suas demandas relacionadas à promoção da melhoria de suas qualidades de vida.

Em junho de 2009 a SEMA realizou, com apoio da Cooperação Técnica Alemã (GTZ) e TNC- Brasil a “1a Oficina de Trabalho para o Etnomapeamento e Etnozoneamento das Terras indígenas do Pará: ferramentas de Gestão Ambiental”, onde foi definido que a primeira área de atuação do projeto CONBIO-indígena seriam as Terras Indígenas Trombetas-Mapuera, Nhamundá-Mapuera e áreas indígenas localizadas na FLOTA Trombetas (Kaxuyana, Kahyana, Tunayana e Tikyana), situadas numa área prioritária para conservação da biodiversidade.

Na ocasião da 1ª Oficina de Trabalho, a Associação de defesa Etnoambiental Kanindé, assim como a ACT-Brasil e GTZ, puderam apresentar os resultados dos trabalhos de etnomapeamento e etnozonamento realizados por suas equipes técnicas em diferentes terras indígenas da Amazônia. Dessa forma foi firmado convênio entre a Kanindé e seus parceiros e a SEMA de forma a integralizar os esforços e experiências para execução do trabalho de etnozoneamento da porção paraense das Terras Indigenas Trombetas Mapuera, Nhamundá Mapuera e áreas ocupadas por povos indígenas na Floresta Estadual do Trombetas em Oriximiná e Faro no Pará, totalizando mais de 4 milhões de hectares zoneados participativamente, com vista a viabilizar ações de ordenamento territorial e ambiental integrada das áreas protegidas da Calha Norte do Pará.


Prêmios

Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, categoria Ciência e Tecnologia, edição 2007
A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé vem desenvolvendo desde 2000 a metodologia de Diagnóstico Etnoambiental Participativo, Etnozoneamento e Planos de Gestão em Terras indígenas que já foi aplicada em cinco territórios indígenas distribuídos em Rondônia e sul do Amazonas, gerando excelentes resultados como descoberta de espécies novas para a ciência, fortalecimento das organizações indígenas e melhoria da qualidade de vida e autonomia das comunidades envolvidas. Essa metodologia ganhou o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, edição 2007, na categoria Ciência e Tecnologia, como destaque em Metodologia de Gestão de Territórios Indígenas.

Prêmios conquistados pelas organizações indígenas apoiadas pela Kanindé

• Associação do Povo Indígena Uru-eu-wau-wau: Prêmio Ângelo Creta com o projeto Plano de Manejo Florestal de Uso Múltiplo – Copaíba, 2006;

• Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí: Prêmio Ângelo Creta com o Projeto de Valorização Cultural do Povo Paiter, 2007;

• Associação do Povo Indígena Amondawa: Prêmio Culturas Indígenas do Ministério da Cultura, 2008;

• Organização do Povo Indígena Parintintin: Prêmio Culturas Indígenas do Ministério
da Cultura, 2008.


 

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