Quinta-feira, 26 de junho de 2008 - 16h47
Algumas madeireiras de Rondônia e do Amazonas estão aplicando um novo golpe para legalizar cortes de árvores sem procedência. As empresas transferem créditos dos Documentos de Origem Florestal (DOF) para acobertar o estoque de madeira ilegal, sem origem, nos pátios.
Fiscais do Ibama descobriram a fraude nos estados do Amazonas e de Rondônia.
O município de Lábrea, no Amazonas, é um dos 36 que mais desmataram a floresta, mas a localidade também se destaca em outro crime ambiental.
Em uma área particular do município, um plano de manejo autoriza a extração e comercialização de árvores. Em apenas seis dias no mês de maio, em plena época das chuvas, a propriedade emitiu 54 Documentos de Origem Florestal para transportar mais de dois mil metros cúbicos de madeira em um trajeto de 700 quilômetros.
A quantidade surpreendeu os fiscais do Ibama e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas. Eles fizeram um levantamento e verificaram que foram emitidos um total de 179 documentos entre janeiro e junho para o transporte de quase 5,5 mil metros cúbicos de toras.
Fotos do começo de junho provam que, na época da emissão, não havia sequer uma estrada na propriedade por onde os caminhões com madeira pudessem passar. Tudo estava alagado.
Apenas na semana passada, o acesso local foi concluído, mas a floresta continua intacta. E muito longe de onde as toras teriam sido comercializadas, uma madeireira em Humaitá (AM).
Segundo fiscais do Ibama, o transporte nunca aconteceu. Os documentos foram usados para outra finalidade.
"O dono do projeto de manejo está vendendo créditos para alguém que tem madeira ilegal, para regularizar esta madeira", afirma Paulo Espínola, analista ambiental do Ibama.
No município de Humaitá, cerca de mil árvores teriam sido cortadas até o início de junho. A madeira cortada teria sido levada para Rondon, no Pará.
Rondônia
Fiscais do Ibama descobriram que o mesmo crime é praticado em Rondônia, apesar da proibição do transporte acima de 250 quilômetros de árvores de manejo até madeireiras.
"Achamos agora, recentemente, um transporte de madeira com documento de origem florestal de um município e nota fiscal de outro, com diferença de mais de 1000 quilômetros", diz Osvaldo Pittaluga, superintendente do Ibama em Rondônia.
Fonte: G1
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