Sábado, 2 de janeiro de 2010 - 18h02
Nos últimos anos, as aplicações de inseticidas para controle de pragas da soja alcançaram os patamares do que se usava na década de 70 (período anterior a adoção do Manejo Integrado de Pragas) e atingiram uma média de quatro a seis aplicações por safra. Para minimizar o problema, os pesquisadores da Embrapa Soja indicam a retomada da adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), como a única solução viável para a sustentabilidade do agronegócio da soja.
As vistorias na lavoura e o monitoramento da população de pragas são a base do MIP. “Evitar o uso de produtos de largo espectro de ação, como os piretróides, e fazer a rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação também estão entre as táticas que auxiliam no manejo de pragas”, explica o pesquisador Adeney de Freitas Bueno, da Embrapa Soja.
Na avaliação de Bueno, o aparecimento da ferrugem asiática e a liberação comercial da soja transgênica RR® marcaram um novo paradigma no manejo de agroquímicos na cultura da soja, porque as aplicações de fungicidas (controle de doença) e de herbicidas (controle de praga) passaram a ter um período de uso mais ou menos estabelecido.
“Infelizmente muitos agricultores tentando otimizar a aplicação de herbicidas na pós-emergência da soja e, posteriormente, de fungicidas no período reprodutivo acabam por adicionar os inseticidas em mistura de tanque, sem qualquer consideração com a real infestação de insetos-pragas nas lavouras. Ainda, muitas vezes, são usadas doses de inseticidas abaixo do registrado para uso na cultura”, relata o pesquisador da Embrapa Soja.
Segundo Bueno, não se deve aplicar preventivamente produtos químicos para controle de pragas da soja. Ele orienta para que se avalie se o custo do controle químico é maior do que o prejuízo causado pelo inseto, antes de se optar pela aplicação, o que é conhecido como nível de dano.
De acordo com os níveis de dano estabelecidos pela pesquisa, o percevejo, por exemplo, uma das principais pragas da soja, só deve ser combatido se houver dois ou mais percevejos por metro de fileira de soja, medida feita com a ajuda do pano de batida.
Para o caso das lagartas, outra importante praga da soja, o controle químico é indicado quando houver mais que 20 lagartas ou 30% de desfolha no período vegetativo ou 15% no reprodutivo. “Os produtores normalmente não esperam esse momento correto e usam inseticidas de maneira abusiva e precipitada. Esse uso “errado” de inseticida somente piora os problemas de pragas devido ao desequilíbrio ecológico causado”, diz Bueno.
Esse uso abusivo e errôneo dos inseticidas tem propiciado surtos de pragas anteriormente consideradas sem importância econômica, afirma Bueno. Entre elas estão: a lagarta falsa-medideira, Pseudoplusia includes, a mosca-branca, Bemisia tabaci, ácaros, lesmas, caracóis, piolho-de-cobra, o complexo de lagartas do gênero Spodoptera
Fonte: Embrapa Soja
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