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Minc: 'RJ será primeiro estado a eliminar os lixões'


 

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Akemi Nitahara
Agência Brasil

Rio de Janeiro – Os lixões deverão vir a ser parte de um triste passado do estado, a partir de 2014. Com base na Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída há três anos, o Rio de Janeiro atua para cumprir as metas estabelecidas pela Lei 12.305 e pôr fim aos lixões restantes. Ao mesmo tempo, serão construídos aterros sanitários com metas ambientalmente corretas. O secretário do Ambiente, Carlos Minc, disse que a negociação de consórcios com os municípios foi fundamental para a questão sair do papel. Para viabilizar a construção e manutenção dos aterros sanitários em pequenos municípios foram criados “consórcios” que viabilizaram a queda no custo unitário da tonelada de lixo”, disse Carlos Minc.

“Nós desenvolvemos a ideia de que tinha que ter um consórcio, no qual você aumenta a escala e reduz o custo unitário da tonelada de lixo”, disse o secretário. Dessa forma, a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) apoiou a construção de nove aterros intermunicipais, sete deles já prontos, que atenderão, juntos, a cerca de 60 cidades.

Uma delas é São Fidélis, no norte fluminense. Nela será construído o aterro que receberá os resíduos sólidos de oito cidades do norte e noroeste do estado. O secretário municipal do Ambiente de São Fidélis, Leandro Peixoto, disse à Agência Brasil que essa é uma questão prioritária.

O aterro sanitário é a condição menos agressiva ao solo de deposição de resíduo e o local que foi designado está em uma parte do território de São Fidélis. “Observando o território, a condição logística é a mais adequada já que está em um ponto central entre vários municípios”, destacou Peixoto.

Outra medida que contribuiu para o fim dos lixões no Rio de Janeiro, de acordo com Minc, foi o licenciamento de aterros privados, como o de Itaboraí e o de São Gonçalo, que substituem o lixão de Itaóca. O lixão ficava em cima do manguezal de Guapimirim.

Minc ressaltou que todos os lixões em volta da Baía de Guanabara já foram remediados. “Nós tiramos um Maracanã de chorume - líquido escuro que contém alta carga poluidora proveniente de matérias orgânicas em decomposição -, por semana, da Baía de Guanabara, o que já acabou sendo uma boa contribuição para a limpeza e despoluição”. Ele acrescentou que, só no lixão de Gramacho, mais de 8 milhões de pessoas despejavam lixo.

O superintendente de Políticas de Saneamento da SEA, Victor Zveibil, lembrou que o Programa Lixão Zero já fechou 24 locais inadequados. Iniciada há alguns anos, a primeira etapa do plano tratou do mapeamento, por região, dos lixões.

Ronaldo Hipólito, gerente de Projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, confirmou que estados como o Rio de Janeiro e São Paulo têm trabalhado “fortemente” para acabar com os lixões. “Se você pegar o mapa dos lixões no Brasil, feito em 2008, verá que a maior parte deles está no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e a maioria dos aterros sanitários no Sul e Sudeste, que estão bem perto de acabar com todos os lixões. O Rio de Janeiro tinha o maior problema, que já foi resolvido, que era [o lixão de] Gramacho.”

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), no Sudeste são 814 municípios com aterros sanitários, 643 com aterros controlados e 211 cidades que têm apenas lixões. Com isso, 72,2% dos resíduos da região são levados para aterros sanitários, 17,3% para aterros controlados e 10,5% para lixões.

No estado do Rio, segundo a Abrelpe, foram coletados, em 2012, cerca de 1,3 quilo de lixo por habitante ao dia. Desse total de 20.450 toneladas diárias, 68,1% vão para aterros sanitários, 21,9% para aterros controlados e 10% para lixões. De acordo com a SEA, se há três anos 90% do lixo tinham como destino os lixões e 10% para os aterros, atualmente a proporção se inverteu, com 93% sendo encaminhados para aterros sanitários e 8% para lixões. A expectativa é que até o fim do ano serão 95% do lixo despejados em aterros sanitários.

Atualmente, 34 dos 92 municípios ainda utilizam lixões, mas, até o fim do ano, o número deve cair para dez. Até o fim de 2014, um total de 27 aterros sanitários atenderão a todos os municípios fluminenses.

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Os dados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) mostram que na capital são coletados, por dia, cerca de 5 mil toneladas de lixo domiciliar e 3 mil toneladas nas ruas. O resíduo sólido da cidade é levado ao Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica, um aterro sanitário inaugurado em 2011. Os resíduos da construção civil vão para o CTR de Gericinó, um aterro controlado que deve ser fechado até o fim do ano.

De acordo com o engenheiro Mauro Wanderley Lima, da Diretoria Técnica e de Logística da Comlurb, até o fim do ano, não haverá mais lixões tradicionais na capital. “Com certeza, no final de 2013 esta página será virada na história do Rio”.

Nos lixões, o resíduo é simplesmente depositado em um local sem nenhum tratamento. Dessa forma, o chorume gerado com a decomposição contamina o lençol freático e há emissão descontrolada de metano, um dos gases que mais contribuem para o efeito estufa. O aterro controlado é uma remediação do lixão, com o recobrimento do resíduo antigo com terra e grama e captação de gás metano nessa área. Também é feita selagem do solo em novas áreas de deposição do lixo e bombeamento do chorume. Já nos aterros sanitários, o terreno é preparado com manta de PVC e argila, para impedir que o solo absorva o chorume, que é bombeado e transformado em água de reuso. O gás metano é captado e pode ser queimado ou transformado em biogás.

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