Quarta-feira, 1 de março de 2023 - 18h03
Um compromisso de parceria em ciência, pesquisa, combate às
mudanças climáticas e de investimento dos Estados Unidos no Fundo Amazônia. Foi
esse o tom da entrevista coletiva concedida pelo enviado especial dos Estados
Unidos para o Clima, John Kerry, e, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do
Clima, Marina Silva, em Brasília, na tarde desta terça, 28/2.
Kerry reiterou a intenção de trabalhar
com o Congresso dos Estados Unidos para apoiar o Fundo Amazônia como um
componente da parceria bilateral e obter apoio da comunidade internacional para
a iniciativa brasileira. “Nós temos o compromisso de trabalhar com o Fundo
Amazônia, de trabalhar com outras entidades, de trabalhar bilateralmente nas
áreas de ciência, pesquisa, desenvolvimento, novos produtos e novas
possibilidades”, declarou Kerry.
A vinda de John Kerry ao Brasil é
desdobramento do encontro realizado em 10 de fevereiro, em Washington, entre o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden. A visita representa mais um passo no fortalecimento da agenda dos dois
países nas questões ambientais, tendo como um dos focos principais a proteção à
Floresta Amazônica.
A ministra do Meio Ambiente ressaltou que
o anúncio do apoio dos Estados Unidos ao Fundo Amazônia, além da importância
financeira, tem profundo significado político. “É o reconhecimento de um
instrumento de aporte de recursos feito genuinamente pelo Brasil, de pagamento
por emissão de CO² já realizado, que é inédito no mundo, e que os Estados
Unidos estão reconhecendo como sendo capaz de efetividade, transparência e
possibilidade de implementação rápida”, ressaltou Marina Silva.
Kerry destacou que o presidente Lula e o
presidente Joe Biden compartilham a mesma ideia sobre o papel crucial da
Floresta Amazônica no combate à mudança do clima no planeta. “Eles têm um
alinhamento forte de pensamento. Vamos trabalhar juntos, não de forma bilateral
apenas, mas globalmente, trazendo as pessoas à mesa”, disse.
“A realidade é que essa floresta é
essencial para a estabilidade do mundo e para que possamos atingir os objetivos
que foram estabelecidos há anos”, frisou John Kerry. “A Floresta Amazônica é
lendária. Todos no mundo sabem e conhecem sobre a Amazônia. A não ser que a
Floresta Amazônica seja protegida daqueles que a desmatam, nós não
conseguiremos manter a meta de aquecimento global”, prosseguiu Kerry.
O Acordo de Paris inclui um plano de ação
para limitar o aquecimento global. Entre os principais objetivos estão os
esforços para manter o aumento da temperatura média mundial em um limite de 1,5
°C. Estudos apontam que um aquecimento acima deste patamar resultará em
impactos climáticos cada vez mais prejudiciais para o planeta.
Principais
pontos
Durante a coletiva, o
secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João
Paulo Capobianco, leu um documento com detalhes dos principais pontos
discutidos.
Marina Silva e John Kerry reiteraram o
forte compromisso do Brasil e dos Estados Unidos em colaborar para combater a
crise climática, promover o desenvolvimento sustentável e fomentar uma
transição energética justa e inclusiva. Ambos se comprometeram a trabalhar com
parceiros interessados do setor público, privado, filantrópico e multilateral
para mobilizar o apoio significativo para a discussão dos temas do meio
ambiente e mudança do clima que serão debatidos durante encontro do G20, em
abril.
Os dois também acordaram em fortalecer e
aprimorar o Grupo de Trabalho de Alto Nível entre Brasil e Estados Unidos Sobre
Mudança do Clima, criado em 2015 e que estava paralisado. Essa ação visa a
retomada de suas atividades com a maior brevidade possível e em articulação com
os demais ministérios envolvidos.
Terão prioridade áreas como a prevenção e
combate ao desmatamento; mudança do uso da terra e degradação ambiental;
bioeconomia; fortalecimento das ações de adaptação; troca de informações, dados
e conhecimento acerca dos riscos, vulnerabilidades e oportunidades associadas à
mudança do clima.
Estão incluídas ainda a questão dos
oceanos e zona costeira e outras agendas que ainda serão objeto de articulação
com os demais ministérios, como a promoção das práticas de agricultura de baixo
carbono e dos mercados de carbono de alta integridade; e a transição energética
em áreas como energia elétrica, transporte e indústria verde.
Sobre a cooperação financeira bilateral,
os lados brasileiro e norte-americano reiteraram a intenção de mobilizar o
financiamento em larga escala para apoiar uma ação climática ambiciosa no
Brasil. Foram discutidos diversos mecanismos de cooperação financeira para o
enfrentamento à mudança do clima, incluindo medidas baseadas em mercados de
carbono e pagamentos baseados em resultados.
Desde a segunda-feira
(27.02), quando iniciou a agenda de encontros oficiais no Brasil, John Kerry
reuniu-se, além da ministra Marina Silva, com diversos representantes do
governo brasileiro, entre eles a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara;
a ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha; o
presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin
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