Segunda-feira, 4 de agosto de 2008 - 15h53
Pesquisa avalia impacto em aldeia xavante após seis décadas de contato com o homem branco
O ano de 1946 registrou o primeiro contato pacífico dos índios xavantes com o homem branco, próximo ao rio Araguaia, na divisa entre os estados do Mato Grosso e Tocantins. Mais de meio século depois, quais as transformações ocorridas no dia a dia desses indígenas, originárias principalmente a partir da introdução da agricultura mecanizada? A pesquisa "Seis décadas de contato: transformações na subsistência xavante", realizada na Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (USP/ESALQ), no Programa de Pós Graduação em Ecologia Aplicada, por Rafael José Navas da Silva, mostra que a alimentação dos xavantes é o principal fator que revela uma interferência negativa por parte do homem branco.
O estudo teve orientação da professora Maria Elisa de Paula Eduardo Garavello, do departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da ESALQ, e fora desenvolvido na aldeia Wede´rã, localizada na Terra Indígena Pimentel Barbosa, no município de Canarana/MT, região da Serra do Roncador. Entre 2006 e 2008, foram feitas 4 visitas à aldeia e o pesquisador permaneceu um total de 60 dias entre os índios. A aproximação e permanência por vários dias na terra indígena foi fundamental para o desenvolvimento do trabalho, uma vez que a metodologia da observação participante proporcionou resultados qualitativos a partir de conversas, desenhos, entrevistas e a vivência na prática de rituais de cultura e ações de caça.
Pôde-se verificar que com o fim da mobilidade espacial nesta população e a introdução da mecanização para produção de alimentos, iniciada pela FUNAI nas décadas de 70 e 80 e mais recentemente, com um projeto de uma associação de grandes produtores rurais da região, o arroz passou a ser base da alimentação xavante, com substituição de produtos tradicionais. Com isso, o equilíbrio alimentar não é alcançado. O resultado é uma alta taxa de anemia, atingindo na aldeia pesquisada 56,3% em 2006. Como possível causa deste mal, a pesquisa ressalta que os cultivos ocorrem nas épocas chuvosas, não sendo possível armazenar outros produtos além do arroz ao longo do ano.
Entre os esforços para alteração deste quadro, podem ser citados os projetos da Associação Aliança dos Povos do Roncador e da ONG Nossa Tribo para valorização dos alimentos tradicionais, que incluem o plantio de roça coletiva, principalmente do milho e do feijão xavantes e ainda a retomada, com maior freqüência, da coleta de produtos nativos pelas mulheres. "Há a necessidade de um rigor maior na aprovação de projetos destinados à população indígena, pois aqueles que não consideram os valores sócio-culturais nas práticas de subsistência, acabam por interferir nas relações entre indivíduos e destes com a natureza, além de provocar problemas de saúde", destaca Rafael Navas.
Terra Indígena Pimentel Barbosa
A Terra Indígena Pimentel Barbosa encontra-se no Estado do Mato Grosso, próxima ao rio das Mortes, cerca de 110km de Canarana e 212 km de Nova Xavantina, onde se localiza a sede da Associação dos Xavante de Pimentel Barbosa. Sua área total é de aproximadamente 330 mil hectares, dos quais 22 mil foram degradados pela ocupação ilegal de fazendeiros até 1980. A população total das cinco aldeias presentes ali é de aproximadamente 1700 pessoas. A aldeia Wede´rã tem cerca de 60 índios, apenas 3 falam português e 4 são do período anterior ao contato com o homem branco.
Fonte: Caio Albuquerque
caiora@esalq.usp.br
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